(Lucas,
capítulo 10º, versículos 25 a
37) Um dia, um pobre homem descia da cidade
de Jerusalém para uma outra cidade, Jericó, a trinta e três quilômetros daquela
capital, no vale do Rio Jordão. A estrada era cheia de curvas. Nela
havia muitos penhascos, em cujas grutas era comum se refugiarem os
salteadores de estradas, que naquele tempo eram muitos e perigosos. O pobre viajante foi assaltado pelos
ladrões. Os salteadores usaram de muita maldade, pois, além de roubarem tudo o
que o pobre homem trazia, ainda o espancaram com muita violência, deixando-o
quase morto no caminho. Logo depois do criminoso assalto, passou
por aquele mesmo lugar um sacerdote do Templo de Salomão. Esse sacerdote vinha
de Jerusalém, onde possivelmente terminara seus serviços religiosos, e se
dirigia também para Jericô. Viu o pobre viajante caido na estrada, ferido, meio
morto. Não se deteve, porém, para socorrê-lo. Não teve compaixão do pobre
ferido, abandonado no chão da estrada. Apesar dos seus conhecimentos da Lei de
Deus, era um homem de coração muito frio. Por isso, continuou sua viagem,
descendo a montanha, indiferente aos sofrimentos do infeliz... Instantes depois, passa também pelo
mesmo lugar um levita. Os levitas eram auxiliares do culto religioso do Templo.
Esse levita não procedeu melhor do que o sacerdote. Também conhecia a Lei de
Deus, mas, na sua alma não havia bondade e ele fez o mesmo que o padre, seu
chefe. Viu o ferido e passou de largo. Uma terceira pessoa passa pelo mesmo
lugar. Era um samaritano, que igualmente vinha de Jerusalém. Viu também o
infeliz ferido da estrada, mas, não procedeu com: o sacerdote e o levita. O bom
samaritano desceu do seu animal, aproximou-se do pobre judeu e se encheu de
grande compaixão, quando o contemplou de perto, com as vestes rasgadas e
sangrentas e o corpo ferido pelas pancadas que recebera.Imediatamente, o bondoso
samaritano retirou do seu saco de viagem duas pequenas vasilhas. Uma era de
vinho, com ele desinfetou as feridas do pobre homem; outra, de azeite, com que
lhe aliviou as dores. Atou-lhe os ferimentos e levantou o desconhecido,
colocando-o no seu animal. Em seguida, conduziu-o para uma estalagem próxima e
cuidou dele como carinhoso enfermeiro, durante toda a noite.Na manhã seguinte, tendo
de continuar sua viagem, chamou o dono do pequeno hotel, entregou-lhe dois
denários (*) e recomendou-lhe que cuidasse bem do pobre ferido:— Tem cuidado com o
pobre homem. Se gastares alguma coisa além deste dinheiro que te deixo, eu te
pagarei tudo quando voltar. * Jesus contou esta
parábola a um doutor da lei que Lhe havia perguntado:— Mestre, que devo fazer
para possuir a Vida Eterna?Jesus lhe respondeu que
era necessário amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todas as
forças e de todo o entendimento; e também amar ao próximo como a si mesmo.O doutor da lei, apesar
de sua sabedoria, perguntou ao Divino Mestre quem é o próximo. Então, Jesus lhe contou a Parábola do Bom
Samaritano. Terminada a história, o Senhor perguntou ao sábio judeu:— Qual dos três (o sacerdote, o levita ou o samaritano) te parece
que foi o próximo do pobre homem
que caiu em poder dos ladrões?— Foi o que usou de misericórdia para com ele —respondeu o doutor.— Vai e faze o mesmo — disse-lhe o Divino Mestre. * Entendeu, filhinho, a
Parábola do Bom Samaritano?O doutor da lei queria saber quem ele deveria considerar seu próximo,
a fim de amar esse mesmo próximo. Mas, Jesus lhe respondeu indiretamente
àpergunta, com outra questão: “Quem foi o próximo do homem ferido?” Jesus
indagou do doutor da lei quem soube ter amor no coração para o desconhecido
padecente da estrada. E o doutor, que era um judeu (os judeus odiavam os
samaritanos), confessou que foi o samaritano.“Vai
e faze o mesmo” — é a ordem eterna do Mestre. O nosso próximo, filhinho, é qualquer pessoa
que esteja em nosso caminho; é qualquer alma necessitada de auxílio; é aquele
que tem fome, que tem sede, que está desamparado, que está sofrendo na prisão
ou no leito de dor...
Que você, meu filho,
imite sempre o Bom Samaritano. Esteja sempre pronto para socorrer quem sofre,
como o bondoso samaritano fez, sem qualquer indagação ao necessitado.Que você faça o mesmo,
como Jesus pediu. Nunca pergunte, nunca procure saber coisa alguma daquele
que você pode e deve auxiliar. Não se interesse em saber se o pobre, se o
doente, se o orfãozinho necessitado é espírita ou católico, se é judeu ou protestante,
se é pessoa branca ou de cor. Não se interesse em saber quais as idéias que
ele professa ou a politica que ele acompanha. Não cultive no coraçãozinho os
odiosos preconceitos de raça, de religião ou de cor. Que você olhe apenas as
feridas de quem sofre, para pensá-las. Que você enxergue somente a dor do
próximo, para aliviá-la.Imite o Bom Samaritano,
filhinho. É Jesus quem pede ao seu coraçãozinho: “Vá e faça o mesmo”, sempre, em toda parte, com quem quer que
seja.Este é o caminho da Vida
Eterna, com Jesus. (*) O denário era uma moeda romana, em
curso na Palestina no tempo de Jesus.
14:20
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