OURO DO MUNDO
“ Então disse Jesus a seus discípulos : em
verdade vos digo que um rico dificilmente
entrará no reino dos céus” .
— Mateus — Cap. 19, v. 23.
O Messias não disse que era impossível um rico
entrar no reino dos céus. Não iria o Mestre dizer uma
inverdade. As dificuldades são inúmeras, para os ricos
de todas as ordens. Nesse texto, escrito por Mateus,
não encontramos o Evangelho afirmando que o pobre te
ria entrada franca no reino de Deus. Se, dificilmente,
um rico entraria nos céus, as mesmas dificuldades en
contraria um pobre, por ser, tanto quanto o rico, espírito
devedor, sujeito às mesmas leis do Senhor.
Se a riqueza é uma provação, igualmente o é a po
breza, talvez pior. Tudo depende do modo pelo qual re
cebemos, quando no mundo, tanto a pobreza, quanto a
liqueza. São duas forças poderosas, que margeiam o espí
rito na terra e que poderão, ou não, ser bem usadas. Só
o espírito evoluído sabe aproveitar uma e outra, é difí
cil entrar no reino divino um rico avarento, que não sa
be fazer uso de sua fortuna.
Os valores materiais, principalmente nos nossos
tempos, nunca são inúteis pois, de qualquer forma, es
tão em função do bem. Milhares de famílias vivem dos
salários que os bancos pagam aos seus funcionários,
outro tanto das fábricas, e até mesmo o luxo propicia
serviço digno a muita gente.
O ouro é uma energia poderosa, correndo nas veias
da evolução e, sem ele, voltaríamos às cavernas. Sem
dúvida, poderá um operário ter melhor lugar no mundo
espiritual, mas acontece também o contrário; quem
conhece a lei da reencarnação, sabe de sobra, que um
pobre poderá ser mais usurário que um abastado, e tal
vez seja isso que o tenha colocado no lugar onde se
encontra. O espírito tem que percorrer todos os caminhos,
que constituem escolas, onde a alma vai aprendendo,
de degrau em degrau, até escalonar o ápice da perfei
ção.
Na falta de grandes empresas, surgidas pela força
do ouro, como disseminaríamos o Evangelho ? Hoje,
com as luzes do progresso, seria ridículo, se não Im
possível, copiar os livros a pena de pato. A inteligên
cia abriu clareiras novas, enriquecendo os meios de,
com a rapidez vertiginosa das máquinas, produzir-se mi
lhares e milhares de livros por minuto. Isso não se faz
sem o ouro, canalizado para as bênçãos do trabalho. O
mundo não teria condições de equilíbrio, se nele vives
sem ricos, e regrediría a humanidade às suas mais
atrasadas origens, se todos fossem pobres.
Ler o Evangelho superficialmente, é o mesmo que
comer um bom pedaço de bolo sem fome. perdendo o
seu verdadeiro sabor. Importa que o conheçamos em
espírito e em verdade, para o nosso próprio bem. A le
tra foi para ontem; hoje. é o espírito que vivifica. Po
bres e ricos devem ser irmãos na grande jornada, sem
um querer ser mais que o outro, já que todos são fi
lhos de Deus.
Às vezes, um rico em que o pobre destila o veneno
da maledicência, foi ontem seu pai, ou mãe, ou filho, ou
irmão; muitas vezes, o pobre que hoje o rico persegue
e despreza foi, em etapas passadas, alguém que muito o
amou.
Todos fazemos parte de uma grande corrente univer
sal, e cada elo precisa do outro. A fraternidade não é
um mito, constitui uma realidade, em todos os ângulos
da criação. Compreendemos, pois, as necessidades da
ajuda de uns para com os outros, pobres e ricos. Avan
cemos, de mãos dadas, em busca da verdadeira felici
dade, que, se não está no dinheiro, também não mora
na pobreza : é um estado de alma, que se chama evo
lução.
Na verdade, muitos espíritos descambaram para os
precipícios inferiores, por mau uso das possibilidades
bres não foram parar em zonas inferiores, depois do
desencarne, por se revoltar com a miséria temporária
em que se encontravam na terra ? As bem-aventuranças
foram ofertadas para os que sofrem, para os que cho
ram, para os humildes, porque esses já se encontram
às portas do arrependimento. Os ricos que entram nos
céus sem dificuldades são os ricos de virtudes; os po
bres que entram no reino de Deus, são os pobres de
ignorância.
Se Deus confiou aos pobres os serviços mais ru
des, enviou os ricos, em missão de ajudar, nas horas
difíceis. Se o Cristo entregou aos poderosos o campo
direcional dos bens terrenos, espera dos pobres a ajuda
compreensiva, sem a aqual nada será feito. Se não é
fácil, a um rico, entrar no reino de Deus, um pobre,
também, lutará com grandes dificuldades, mas a nenhum
será impossível.
"Então disse Jesus a seus discípulos : Em
verdade vos digo que um rico dificilmente
entrará no reino dos céus” .
Alguns Angulos dos Ensinos do Mestre (psicografia Joao Nunes Maia - espirito Miramez)
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