sábado, 25 de abril de 2020

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ANTE O DIVINO MESTRE. Espírito: IRMÃO X.

ANTE O DIVINO MESTRE.
Espírito: IRMÃO X.
Senhor Jesus!
Grandes reformadores da vida religiosa passaram no mundo antes de Ti.
Sacerdotes chineses e hindus, persas e egípcios, gregos e judeus referiram-se à
Lei, traçando diferentes caminhos às cogitações humanas.
Um dos maiores de todos, Moisés, viveu entre príncipes da ciência, fez-se
condutor de multidões, plasmou sagrados princípios de justiça e, após sofrer as
vicissitudes de sua época, expirou no monte Nebo, contemplando a gleba farta que
prometera ao seu povo.
Outro Senhor, o grande Siddharta, converteu-se em arrimo dos penitentes da
Terra, ensinando a compaixão, depois de renunciar, ele próprio, o Bem-aventurado, às
alegrias do seu palácio, para morrer, em seguida a sublimes testemunhos de
simplicidade e de amor, entre flores de Kucinagara...
Todos eles passaram, induzindo os homens à solidariedade e ao dever,
exaltando o coração e purificando a inteligência.
Profetas hebreus numerosos antecederam-Te os passos, esboçando o roteiro da
luz...
Alguns deles encontraram o escárnio e a flagelação em lutas enormes,
confinadas, porém, ao âmbito particular do povo a que serviam.
Nenhum, no entanto, acendeu tantos conflitos com o mandato de que se faziam
intérpretes, quando confrontados contigo, a quem se negou um lar para nascer.
Por onde passaste extremavam-se as paixões.
Contrapondo-se ao carinho que Te consagravam as almas simples de
Cafarnaum, recebeste o ódio gratuito dos espíritos calculistas de Jerusalém.
Em Tua estrada, aglutinaram-se a fraqueza e a ingratidão, a crueldade e a
secura, tecendo a rede de trevas na qual Te conduziram à cruz entre malfeitores.
Em oposição à tranqüilidade silenciosa que se estendeu sobre a morte dos
grandes enviados do Céu que Te precedera, de Teu túmulo aberto ergueu-se a
mensagem da eternidade, gritante e magnífica, pela qual os Teus seguidores
experimentaram a perseguição e o sacrifício, em trezentos anos de sangue e lágrimas
nos cárceres de martírio ou na humilhação dos espetáculos públicos...
É que não apenas ensinaste a bondade, praticando-a impecavelmente, mas
revelaste os segredos da morte.
Conversaste com as almas desencarnadas padecentes, através dos enfermos
que Te procuravam, transfiguraste as próprias energias no cimo do Tabor, dando
ensejo a que se materializassem, diante dos discípulos extáticos, Espíritos gloriosos de
Tua equipe celeste.
Reabriste os olhos cadaverizados do filho da viúva de Naim e trouxeste de novo
à existência o Espírito de Lázaro que se achava distanciado do corpo inerte,
encarecendo e exaltando a responsabilidade da criatura, que receberá sempre de
acordo com as próprias obras.
Agarrados à posse efêmera da estação terrestre, os homens não Te perdoaram
a Revelação inesquecível e Te condenaram à morte, buscando sufocar-Te a palavra,
olvidando que a Tua doutrina, marcada de amor e perdão, já se havida incorporado
para sempre aos ouvidos da Humanidade. E, retomando-lhes os convícios,
ressuscitando em Tua forma sublime, mais lhe aumentaram o espanto da consciência
entenebrecida.
Desde então, Senhor, acirrou-se a antinomia entre a luz e a treva...
Os Teus apóstolos exibiam fenômenos mediúnicos maravilhosos, arrebatando a
admiração e o respeito da turba que os cercava, mas bastou que no dia Pentecostes
transmitissem os ensinamentos dos desencarnados, em diversas línguas, para que
fossem categorizados por ébrios que o vinho fazia desvairar. Enquanto Paulo de Tarso,
inspirado, se detinha na Acrópole sobre os grandes temas do destino, conquistavam a
atenção dos atenienses ilustres, mas bastou que aludisse à ressurreição dos mortos,
para que fosse abandonado por todos eles à zombaria e à solidão.
E ainda hoje, Mestre, anotamos por toda a parte o terror da responsabilidade de
viver.
Quase todos os homens aceitam o apoio da religião, sempre que se lhes
lisonjeie a inferioridade e se lhes endossem os caprichos no culto externo, prestigiando
as autoridades de superfície que lhes desaconselhem pensar.
Acreditam comprar o Céu a preço de oferendas materiais ou de atitudes
estudadas na convenção e imaginam que esse ou aquele inimigo está reservado aos
tormentos do inferno. Entretanto, se alguém lhes recorda a realidade, mostrando a
morte como prosseguimento da vida, com a exação da Lei que confere a cada criatura
o salário correspondente aos próprios atos, azeda-se-lhes o fervor, passando a
abominar quantos lhes sacodem a mente entorpecida. E agora, como antigamente,
associam rebelião e vaidade para asfixiar o verbo revelador onde surja. Improvisam
tentações e pavores ao redor daqueles que se dedicam à verdade, e, se esses lhes não
caem nas armadilhas e se lhes não temem as ameaças, empreendem campanhas
lamentáveis, em que a difamação e o ridículo funcionam por golilhas atrozes nas
gargantas que desferem a palavra divina do Teu Evangelho Libertador.
Aos espíritas, Senhor, que Te exumam as lições do acervo de cinzas do tempo,
cabe  agora  o  privilégio  de  semelhantes  assaltos.  Porque  se  reportam  à
responsabilidade da criatura, no campo da vida eterna, e porque demonstram que a
sepultura é portal da imortalidade, são conduzidos ao pelourinho da execração,
caluniados e escarnecidos.
Como se lhes não possa interromper a existência, a fio de espada, emidecendo-
se-lhes a mensagem de luz, pisa-se-lhes o coração na praça pública com as varas da
mentira e do sarcasmo, para que o desânimo e o sofrimento lhes apressem o fim.
Mas sabemos que Tu, Senhor, és hoje, como ontem, o Herói do Túmulo Vazio...
Aqueles que Te colocaram suspenso na cruz, por Te negarem residência na
Terra, não sabiam que Te alçavam mais alto a visão para que lhes observasses os
movimentos na sombra.
Mestre Redivivo, que ainda agora enches de terrível assombro quantos
estimariam que não tivesses vivido entre os homens, fixa Teu complacente olhar sobre
nós e aparta-nos da treva de todos os que se acomodam com a saliva da injúria! E
revigora-nos a consolação e a esperança, porque sabemos, Senhor, que, como
outrora, ante os discípulos assustados, estarás com os Teus aprendizes fiéis, em todo
instante de angústia, exclamando, imperturbável:
-  “Tende bom ânimo! Eu estou aqui!”.
FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIÙNICA DO NATAL –
Psicografia: Francisco Cândido Xavie.
Digitado por: Lúcia Aydir – SP/08/2005.

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