PALAVRAS DE RAMATIS 03.
FISIOLOGIA DA ALMA.
A Alimentação Carnívora e o Vegetarianismo.
PERGUNTA:— Porventura os cuidadosos exames a que são submetidos os animais,
antes do corte, não afastam a possibilidade de contaminarem o homem com qualquer
enfermidade provável?
RAMATÍS RESPONDE: — Essa profilaxia de última hora não identifica os resíduos da
enfermidade que possa ter predominado no animal destinado ao corte e que, evidentemente, não
deixou vestígios identificáveis à vossa instrumentação de laboratório. Apesar dos extremos
cuidados de higiene e das medidas de prevenção nos matadouros, ainda desconheceis que a
maioria dos quadros patogênicos do vosso mundo se origina na constituição mórbida do porco!
O animal não raciocina, nem pode explicar-vos a contento as suas reais sensações dolorosas
conseqüentes de suas condições patogênicas. O veterinário criterioso enfrenta exaustivas
dificuldades para atestar a enfermidade do animal, enquanto que o ser humano pode relatar, com
riqueza até de detalhes, as suas perturbações, o que então auxilia o diagnóstico médico. Assim
mesmo, quantas vezes a medicina não descobre a natureza exata dos vossos males,
surpreendendo-se com a eclosão de enfermidade diferente e que se distanciava das cogitações
familiares! As vezes, um simples exame de urina, requerido para fins de somenos importância,
revela a diabete que o médico desconhecia no seu paciente; um hemograma solicitado sem
graves preocupações pode atestar a leucemia fatal! As enfermidades próprias da região
abdominal, embora explicadas com riqueza de detalhes pelos enfermos, muitas vezes deixam o
clínico vacilante quanto a situa uma colite, uma úlcera gastroduodenal ou um surto de ameba
histolítica! Uma vez que no ser humano é tão difícil visualizar com absoluta precisão a origem
dos seus males, requerendo-se múltiplos exames de laboratório para o diagnóstico final, muito
mais difícil será conhecer-se o morbo que, no animal, não se pode focaliza na sintomatologia
comum. Quantas vezes o suíno é abatido no momento exato em que se iniciou um surto
patogênico, cuja virulência ainda não pôde ser assinalada pelo veterinário mais competente,
salvo o caso de rigorosa autópsia e meticuloso exame de laboratório! Para isso evitar, a matança
de porcos exigiria, pelo menos, um veterinário para cada animal a ser sacrificado.
Os miasmas, bacilos, germes e coletividades microbianas famélicas, que se procriam no
caldo de cultura dos chiqueiros, penetram na vossa delicada organização humana, através das vís-
ceras do porco, e debilitam-vos as energias vitais. Torna-se difícil para o médico situar essa incursão
patogênica, inclusive a sua incubação e o período de desenvolvimento; por isso, mais tarde, há de
considerar a enfermidade como oriunda de outras fontes patológicas.
PERGUNTA:— Julgais, porventura, que a alimentação carnívora possa trazer prejuízos
físicos, de vez que a criatura já está condicionada, há milênios, a essa forma nutritiva? Qual a culpa
do homem em ser carnívoro, se desde a sua infância espiritual ele foi assim condicionado, de modo a
poder sobreviver no mundo físico?
RAMATÍS RESPONDE:— Repetimo-vos: nem todas as coisas que serviram para sustentar o homem,
nos primórdios da sua vida no plano físico, podem ser convenientes, no futuro, quando surgem então
novas condições morais ou psicológicas e a criatura humana pode cultuar concepções mais
avançadas. Antigamente, os ladrões tinham as suas mãos amputadas, e arrancava-se a língua aos per-
juros. Desde que vos apegais tanto ao tradicionalismo do passado, por que aos maledicentes
modernos não aplicais essas disposições punitivas, brutais e impiedosas? Os antigos trogloditas
comiam sem escrúpulo os retalhos de carne impregnados dos detritos do chão; no entanto,
atualmente, usais pratos, talheres, e lavais o alimento. Certamente, alegareis a existência, agora, de
um senso estético mais progressista, e que também tendes mais entendimento das questões de higiene
humana; mas não concordais, no entanto, em que esse senso estético avançado está a pedir, também,
a eliminação da carne de vossas mesas doentias!
Quando o homem ainda se estribava na ingestão de vísceras de animais, a fim de
sobreviver ao meio rude e agressivo da matéria, a sua alma também era compatível com a rudeza do
ambiente inóspito mas, atualmente, o espírito humano já alcançou noções morais tão elevadas, que
também lhe compete harmonizar-se a uma nutrição mais estética. Não se justifica que, após a sua
verticalização da forma hirsuta da idade da pedra, o homem prossiga nutrindo-se tão
sanguinariamente como a hiena, o lobo, a raposa ou as aves de rapina! Além de brutal e detestável
para aqueles que desejam se libertar dos planos inferiores, a carne é contínuo foco de infecção à
tessitura magnética e delicada do corpo etéreo-astral do homem.
PERGUNTA: — E que dizeis, então, daqueles que são avessos à ingestão da carne de
porco e que a consideram realmente doentio e repugnante, devido à forma nauseante de engorda dos
porcos nos chiqueiros?
RAMATÍS RESPONDE: — Embora essa aversão partícula pela carne de porco seja um passo a favor
da própria saúde astrofísica, nem por isso desaparecem outros nefastos processos nutritivos, que
preferem, e que lhes anulam a primeira disposição. Os mórbidos cuidados técnicos e as exigências
científicas continuam noutros setores onde se procura o bem exclusivo do homem e o máximo
sacrifício do animal. Aqui, mórbidos industriais criam milhões de gansos sob regime específico,
desenvolvendo-lhes o fígado de tal modo, que as aves se arrastam pelo solo em macabros
movimentos claudicantes, a fim de que a indústria do “patê de foie-gras” obtenha substância mais
rica para o enlatamento moderno; ali, peritos humildes batem apressadamente o sangue do boi, para
transformarem-no em tétricos chouriços de substância animal coagulada; acolá, não perdeis, sequer,
os órgãos excretores do animal, embora os saibais depósitos de venenos e detritos repugnantes;
raspados e submetidos à água fervente, os transformais em quitutes para a mesa festiva!
A panela terrícola absorve desde o miolo do animal até os sulcos carcomidos de suas
patas cansadas!
E, não satisfeitas da nutrição mórbida da semana, algumas criaturas escolhem o mais
belo domingo de céu azul e sol puro para, então, praticar a caça destruidora às aves inofensivas,
completando cruelmente a carnificina da semana! Os bandos de avezitas, de penas
ensangüentadas, vêm para seus lares onde, então, se transformam em novos pitéus epicurísticos,
a fim de que o caçador de aves obtenha alguns momentos lúbricos enquanto tritura a carne tenra
dos pássaros inofensivos. Quantas vezes a própria Natureza se vinga da ignomínia humana
contra os seus efeitos vivos! Súbito, o caçador tomba agonizante junto ao cano assassino de sua
própria arma, no acidente imprevisto, ou do disparo imprudente do companheiro desavisado!
Alhures, a serpe, a bactéria infecciosa ou o inseto venenoso termina tomando vingança contra a
caçada inglória!
Que importa, pois, que muitos sejam avessos à ingestão da carne do boi ou do suíno,
quando continuam requintando-se noutros repastos carnívoros e igualmente incoerentes para com
o sentimento espiritual que já devia predominar no homem!
PERGUNTA: — Que dizeis dos novos recursos preventivos, nos matadouros
modernos, em que se aplicam antibióticos para se evitar a deterioração prematura da carne? Essa
providência não termina extinguindo indo qualquer perigo na sua ingestão?
RAMATÍS RESPONDE: — Trata-se apenas de mais um requinte doentio do vosso mundo, e que
revela o deplorável estado de espírito em que se encontra a criatura humana. O homem não se
conforma com os efeitos daninhos que provêm de sua alimentação pervertida e procura, a todo
custo, fugir à sua tremenda responsabilidade espiritual. Mas não conseguirá ludibriar a lei
expiatória; em breve, novas condições enfermiças se farão visíveis entre os insaciáveis
carnívoros protegidos pela “profilaxia” dos antibióticos. Além do efeito deletério da carne, que
se intoxica cada vez mais com a própria emanação astral e mental do homem desregrado,
encontrar-vos-eis às voltas com o preciosismo técnico de novas enfermidades situadas no campo
das alergias inespecíficas, como produtos naturais das reações antibióticas nos próprios animais
preparados para o corte!
Espanta-nos a contradição humana, que principalmente, produz a enfermidade no
animal que pretende devorar e em seguida aplica-lhe a profilaxia do antibiótico!
PERGUNTA: — Podeis dar-nos um exemplo dessa contradição?
RAMATÍS RESPONDE: — Pois não? A vossa medicina considera que o homem gordo, obeso,
hipertenso, é um candidato à angina e à comoção cerebral; classifica-o como um tipo
hiperalbuminóide e portador de perigosa disfunção cárdio-hépato-renal. A terapêutica mais
aconselhada é um rigoroso regime de eliminação hidrossalina e dieta redutora de peso; ministra-
se ao homem alimentação livre de gorduras e predominantemente vegetal, e o médico alude ao
perigo da nefrite, ao grave distúrbio no metabolismo das gorduras e à indefectível esteatose
hepática. Cremos que, se os velhos pajés antropófagos conhecessem algo de medicina moderna e
pudessem compreender a natureza mórbida do obeso e sua provável disfunção orgânica, de modo
algum permitiriam que suas tribos devorassem os prisioneiros excessivamente gordos!
Compreenderiam que isso lhes poderia causar enfermidades inglórias, em vez de saúde,
vigor e coragem que buscavam na devora do prisioneiro em regime de ceva!Mas o homem do
século XX, embora reconheça a enfermidade das gorduras, devora os suínos obesos,
hipertrofiados na engorda albumínica, para conseguir a prodigalidade da banha e do toucinho:
primeiro os enferma em imundo chiqueiro, onde as larvas, os bacilos e microrganismos, próprios
dos charcos, fermentam as substâncias que alimentam os oxiúros, as lombrigas, as tênias, as
amebas colis ou histolíticas. O infeliz animal, submetido à nutrição putrefata das lavagens e dos
detritos, renova-se em suas próprias dejeções e exsuda a pior cota de odor nauseante, tomando-se
o transformador vivo de imundícies, para acumular a detestável gordura que deve servir às mesas
fúnebres. Exausto, obeso, letárgico e suarento, o porco tomba ao solo com as banhas fartas e fica
submerso na lama nauseante; é massa viva de uréia gelatinosa, que só pode ser erguida pelos
cordames, para a hora do sacrifício no matadouro. Que adianta, pois, o convencional beneplácito
de “sadio”, que cumpre ao veterinário, na autorização para o corte do animal, quando a própria
ciência humana já permitiu o máximo de condições patogênicas! De modo algum essa tétrica
“profilaxia” antibiótica livrar-vos-á da seqüência costumeira a que sois submetidos implacavelmente;
continuareis a ser devorados, do mesmo modo, pela cirrose, a colite, a úlcera, a tênia, o enfarte, a
nefrite ou o artritismo; cobrir-vos-eis, também, de eczemas, urticárias, pênfigo, chagas ou crostas
sebáceas; continuareis, indubitavelmente, sob o guante da icterícia, da gota, da enxaqueca e das
infecções desconhecidas; cada vez mais enriquecereis os quadros da patogenia médica, que vos
classificarão como “casos brilhantes” na esfera principal das síndromes alérgicas.
PERGUNTA: — Uma vez que os animais e as aves são inconscientes e de fácil
proliferação, a sua morte, para nossa alimentação, deve ser considerada crime tão severo, quando se
trata de costume que já nasceu com o homem? Cremos que Deus foi quem estabeleceu a vida assim
como ela é, e o homem não deve ser culpado por apenas seguir as suas diretrizes tradicionais,
cumpria a Deus, na sua Augusta Inteligência, conduziras suas criaturas para outra forma de nutrição
independente da carne: não é verdade?
RAMATÍS RESPONDE: — A culpa começa exatamente onde também começa a consciência quando já
pode distinguir o justo do injusto e o certo do errado. Deus não condena suas criaturas, nem as pune
por seguirem diretrizes tradicionais e que lhes parecem mais certas; não existe, na realidade,
nenhuma instituição divina destinada a punir o homem, pois é a sua própria consciência que o acusa,
quando desperta e percebe os seus equívocos ante a Lei da Harmonia e da Beleza Cósmica. Já vos
dissemos que, quando o selvagem devora o seu irmão, para matar a fome e herdar-lhe as qualidades
guerreiras, trata-se de um espírito sem culpa e sem malícia perante a Suprema Lei do Alto. A sua
consciência não é capaz de extrair ilações morais ou verificar qual o caráter superior ou inferior da
alimentação vegetal ou carnívora. Mas o homem que sabe implorar piedade e clamar por Deus, em
suas dores; que distingue a desgraça da ventura; que aprecia o conforto da família e se comove diante
da ternura alheia; que derrama lágrimas compungidas diante da tragédia do próximo ou de novelas
melodramáticas; que possui sensibilidade psíquica para anotar a beleza da cor, da luz e da alegria;
que se horroriza com a guerra e censura o crime, teme a morte, a dor e a desgraça; que distingue o
criminoso do santo, o ignorante do sábio, o velho do moço, a saúde da enfermidade, o veneno do
bálsamo, a igreja do prostíbulo, o bem do mal, esse homem também há de compreender o equívoco
da matança dos pássaros e da multiplicação incessante dos matadouros, charqueadas, frigoríficos e
açougues sangrentos. E será um delinqüente perante a Lei de Deus se, depois dessa consciência
desperta, ainda persistir no erro que já é condenado no subjetivismo da alma e que desmente um
Ideal Superior!
Se o selvagem devora o naco de carne sangrenta do inimigo, o faz atendendo à fome e à
idéia de que Tupã quer os seus guerreiros plenos de energias e de heroísmos; mas o civilizado
que mata, retalha, coze e usa a sua esclarecida inteligência para melhorar o molho e acertar a
pimenta e a cebola sobre as vísceras do irmão menor, vive em contradição com a prescrição da
Lei Suprema. De modo algum pode ele alega a ignorância dessa lei, quando a galinha é torcida
em seu pescoço e o boi traumatizado no choque da nuca; quando o porco e o carneiro tombam
com a garganta dilacerada; quando a malvadez humana ferve os crustáceos vivos, embebeda o
peru para “amaciar a carne” ou então satura o suíno de sal para melhorar o chouriço feito de
sangue coagulado.
Quantas vezes, enquanto o cabrito doméstico lambe as mãos do seu senhor, a quem se
afinizara inocentemente, recebe o infeliz animal a facada traiçoeira nas entranhas, apenas porque
é véspera do Natal de Jesus! A vaca se lamenta e lambe o local onde matam o seu bezerro; o
cordeiro chora na ocasião de morrer!
Só não matais o rato, o cão, o cavalo ou o papagaio, para as vossas mesas festivas,
porque a carne desses seres não se acomoda ao vosso paladar afidalgado; em conseqüência, não é
a ventura do animal o que vos importa, mas apenas a ingestão prazenteira que ele vos pode
oferecer nas mesas lúgubres.
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