terça-feira, 16 de abril de 2019

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:: A Alma da Matéria :: - Marlene Rossi Severino Nobre -livrò espiritä

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A alma
da Matéria
Clonagem Humana, Fundamentos da Me-
dicina Espírita e outros temas.
3 a Edição
Marlene Nobre São Paulo, 2012
2
Copyright® FE Editora Jornalística Ltda.
Capa:
André Luis Fígaro Egido Conrado Gonçalves Santos
Composição Gráfica:
André Luis Fígaro Egido
Conrado Gonçalves Santos
Revisão: Eva Célia Barbosa
FE Editora Jornalística Ltda.
Av. Pedro Severino, 325
Jabaquara - São Paulo - SP - 04310-060
Tel.: (li) 5585-1977 - folhaespirita@uol.com.br
Orelha da capa frontal:
Este livro oferece roteiros que permitem avaliar a contribuição do Es-
piritismo à Saúde. São conferências realizadas em seis países da Europa
sobre os Fundamentos da Medicina Espírita e da Bioética, Perispírito, Pro-
cesso Reencarnatório e Clonagem Humana. Nele, destacam-se o ser inte-
gral: Espírito-matéria; a complexidade dos corpos sutis, os novos concei-
tos de saúde e doença, de anamnese e etiopatogenias; a integração de Es-
piritualidade ao tratamento, com ênfase no poder curativo da fé e do a-
mor.
Responde às graves questões da Clonagem Humana: é aceitável copi-
ar gente? Fabricar embriões humanos para despetalá-los em tecidos diver-
sos? Propõe a união definitiva entre Saúde e Espiritualidade, em cursos
regulares das universidades, conforme anseios do próprio ser humano.
3
Hernani Guimarães Andrade,
o amigo de múltiplas eras
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AGRADECIMENTOS
Este livro surgiu do apoio de muitos amigos; penso, com gratidão,
em todos eles, embora neste espaço exíguo só consiga nomear alguns.
Em minha passagem pela França, sou grata à Union Spirite Française et
Francophone, na pessoa do seu presidente, Roger Perez, de sua esposa,
Mireille, de Colette Bourgeois, e do vice-presidente, Charles Kempf, pela
acolhida fraterna, tanto em Lyon, quanto em Paris; a Claudia BonMartin,
presidente do Centre d'Études Spirites Allan Kardec, ao casal Priscila e
Ângelo Egido e a Monsieur Etienne Drapeaux, editor de La Revue de lAu-
delà, por tantas gentilezas, na minha estada em Paris.
Na Itália, agradeço aos esforços dos amigos, Regina Zanella e Mas-
simo Oliva Lissoni, pela acolhida e divulgação das palestras, tanto quanto a
Dorival Sortino, por seu empenho em lançar meu livro Nostra Vita Nell'
Aldilá, durante minha passagem por Milão e Pádua; e, do mesmo modo, ao
colega Stanis Previato, de Stanghella.
Na Suiça, agradeço a Teresinha Rey, amiga querida, desde 967, presi-
dente do primeiro centro espírita europeu, por sua acolhida carinhosa
em Genebra; ao apoio dos amigos Léo Gaudet Louis Philippe, do Canadá,
pelo transporte a Berna, e, nesta idade, à colega e amiga, Nelly Berch-
tõld, presidente do Centro Desenvolvimento Espiritual Estesia , e a Schei-
la, nossa gentil anfitriã. Em Winterthour, às inúmeras gentilezas de Suzana
Maia,  presidente da União das Sociedades Espíritas da Suiça, de Walda Stu-
eckelberger e de Ana Lúcia Hinder Louzada e de seu esposo Roberto.
Na Holanda, não esqueço a recepção generosa dos amigos Virgínia e Elias
do Nascimento, e de Maria de Moraes, presidente do Conselho Espírita Holan-
dês, bem como dos esforços da tradutora Joyce e o apoio constante de Elsa
Rossi.
Na Bélgica, nosso reconhecimento comovido ao casal Gisele - Jean- Paul
Évrard e a sua filhinha Céline.
Em Portugal, ao queridos colegas e amigos, Isabel e Francisco José Ribeiro,
pelo acolhimento generoso, bem como aos amigos das Casas Espíritas que
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visitei.
No Brasil, aos amigos, Conrado Gonçalves Santos, Marjorie Aun, Regina
Autran, André Luis Egido e José Pereira Valin Sobrinho., por tornarem possível
a feitura e edição deste livro, bem como a melhor apresentação das pales-
tras. A todos os companheiros do Grupo Espírita Cairbar Schutel, em especial
aos meus colaboradores e amigos da diretoria: Paulo Rossi Severino, Magali
Abujadi e Cecília Mello Mattos.
E ainda e sempre, aos meus filhos, Marcos e Marcelo, à minha nora Monica,
e ao amigo, Elzio Ferreira de Souza, pelos conselhos e incentivos indispensá-
veis.
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SUMARIO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO  l
PARADIGMA MÉDICO-ESPÍRTTA, PONTOS DE
INTERSECÇÃO ENTRE MEDICINA E ESPIRITISMO
Visão Integral: O Poder do Espírito
Matéria Mental e Co-criacão
Constituição do Ser Humano
Etiopatogenias x Lei de Ação e Reação
Anamnese
Terapias e Recursos Terapêuticos
Cura e Espiritualidade
Reencarnação, Lei Biológica Natural
Os Três Cérebros
Conclusão da Primeira Parte
Perspectivas da Saúde no Século XXI
Vacinas
Predisposições Mórbidas x Conduta
Projeto Genoma Humano
Câncer
Câncer na Visão Espiritual
Reconstruindo o Corpo
Tecnologia x Doenças Cardiovasculares
Retardando o Envelhecimento
Caminhos da Solidariedade
CAPÍTULO 2
PERISPÍRITO - Natureza, Constituição, Modificações
Normais e Patológicas, Papel nas Doenças, etc
Constituição do Ser Humano
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Natureza do Perispírito
Constituição
Corpo Vital ou Duplo Etérico
Vitalismo x Reducionismo
Constituição: Chacras ou Centros de Força
Perispírito e Evolução
Papel do Perispírito nas Doenças
Modificações Normais e Patológicas
Patologias do Perispírito
Perispírito e Mediunidade
Conclusão
CAPÍTULO  3
FUNDAMENTOS DA BIOÉTICA ESPÍRITA
O Conceito de Pessoa no Espiritismo
Paradigmas da Bioética
Modelos
O Valor da Pessoa Humana
Em Busca do Modelo Espírita
A Origem da Vida
Pessoa, Na Visão Espírita
CAPÍTULO  4
CLONAGEM NA VISÃO ESPÍRITA
O Processo Reencarnatório Clonagem Reprodutiva
e Terapêutica, Manipulações Genéticas
O Processo Reencarnatório
Clonagem Humana Reprodutiva
Clonagem Humana Terapêutica
Manipulações Genéticas
O Leite que é Medicamento
Conclusão
BIBLIOGRAFIA
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INTRODUÇÃO
Este livro contém quatro das sete palestras que realizei, no mês de outu-
bro de 2002, no périplo que fiz, por seis países europeus - Itália, França,
Suíça, Holanda, Bélgica e Portugal.
Selecionei-as e juntei-as de modo a oferecer ao leitor os fundamen-
tos do paradigma médico-espírita, ressaltando os princípios que lhe dão
suporte e que constituem orientação básica para se decidir quanto ao lícito e
ao não lícito na conduta bioética.
Como é natural, pelo impositivo da restrição do tempo, elas fo-
ram apresentadas como roteiros, a partir dos quais é possível apro-
fundar-se no pensamento e no compromisso médico-espírita. Com esta
mesma intenção, nós as publicamos, neste livro, apresentando-as em
seqüência: O Paradigma Médico-Espírita, Perispírito, Fundamentos da Bioética
Espírita e Clonagem, de modo a oferecer, aos interessados, essa visão pano-
râmica.
O estudo e a revisão desses conceitos básicos colocaram em evidência,
sobretudo, a alma da matéria.
Com o Espiritismo, está de volta o velho conceito de alma, tal como o herda-
mos dos gregos, especialmente, Platão e Aristóteles 1 , que evidenciavam, no
homem, a presença desse elemento divino, que lhe confere a característica de
um ser sagrado, tanto por sua origem, quanto por sua destinação. É a alma
que dá vida, que anima o corpo, e "nos eleva acima da terra", constituindo-se
em fundamento da própria dignidade humana.
O corpo vital é um dos envoltórios da alma, é o laço semimaterial,
formado de energia elementar primitiva, que permite ao Espírito coman-
dar a matéria, e tem inúmeros conceitos correspondentes, ao longo da his-
tória humana: chi, dos taoístas; manu, dos kaúnas, prana dos indús; élan
vital, de Henri Bergson; fluido vital, de Hahnemann; libido, de Freud e
Jung; bioenergia, de Reich; modelo organizador biológico, de Hernani
Guimarães Andrade; campos mórficos e ressonância mórfica, de Rupert
Sheldrake, além de outros.
O fato é que, ao longo do tempo, esses conceitos passaram por inúmeras
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reformulações e , hoje, o compreendemos como constituído de campos
imateriais estruturadores da forma, que animam desde átomos e par-
tículas a homens. Sem ele, fica muito difícil explicar fenômenos bioló-
gicos complexos e intrincados, tais como, a metamorfose da lagarta em
borboleta, a embriogênese, a origem da vida, a biodiversidade, a fisiopato-
logia de inúmeras doenças de causa desconhecida, etc.
Como veremos neste livro, a alma modela a matéria, através desse e dos
demais envoltórios sutis, que agem como campos informacionais estru-
turadores da forma, possuem tecitura eletromagnética e são constituí-
dos de elementos, ainda não detectados pela tecnologia existente, per-
tencentes a uma outra Escala de Mendeleiv e organizados em outros pa-
drões vibratórios, distintos dos que entram na constituição do corpo físi-
co.
Felizmente, hoje, graças os avanços da Teoria da Relatividade e
da Física Quântica, já é possível entrever essa outra realidade, a da
ordem implícita, idealizada por David Bohm, porque elas estão na
base de uma nova visão do mundo: a matéria cedeu lugar à energia, o
tempo revelou-se variável, o movimento descontínuo, a interconecti-
vidade não localizada, e a consciência capaz de influir nos eventos, sele-
cionando possibilidades.
Assim, ficou mais fácil compreender como a alma comanda a matéria,
embora o extenso caminho a percorrer no campo da pesquisa científica.
Acreditamos que não tarda o descobrimento de novas tecnologias
que impulsionarão, em muito, o progresso da Medicina e demais Ciên-
cias da Vida, de modo a confirmar, definitivamente, a existência dessa
outra realidade, que transcende a matéria física, e que lhe dá movi-
mento, sentido e organização.
Espero que este livro, mesmo alivanhado de forma tão despre-
tenciosa, contribua, de alguma forma, para esse debate, visando, sobre-
tudo, maior aproximação entre Ciência e Espiritualidade.
NOTA EXPLICATIVA
1) Ver, especialmente, A República (IX, 589) e Aristóteles Ética a Nico-
10
maco (X7, 1177 a 16; b 28).
11
O PARADIGMA MÉDICO-ESPÍRITA,
PONTOS DE INTERSECÇÃO ENTRE
MEDICINA E ESPIRITISMO
Em 1859, Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, no preâmbulo
do seu livro O que E o Espiritismo? (Qu'est-ce que lê Spiritisme?) afir-
mou:
"Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos
Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal".
Mais tarde, em novembro de 1868, falando à Sociedade Espírita de Paris,
o Codificador apresentou um resumo da Religião Espírita, do qual destacamos
os seguintes tópicos:
"Crer num Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom; crer na
alma e em sua imortalidade; na pré-existência da alma como única justi-
ficativa do presente; na pluralidade das existências como meio de expia-
ção, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade
dos seres mais imperfeitos; na equitativa recompensa do bem e do mal,
conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da
justiça para todos, sem exceção, (...) ; no livre-arbítrio do homem, que lhe
deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das rela-
ções entre o mundo visível e o mundo invisível; na solidariedade que religa
todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarna-
dos; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida
do Espírito, que é eterno; aceitar corajosamente as provações, em vista do
futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade em pensamen-
tos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra; esforçar-se, cada
dia, para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de
sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão
e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais
irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém;
ver, enfim, nas descobertas da ciência a revelação das leis da natureza,
que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião
que se pode conciliar com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras
12
de adorar a Deus". 1 (1)
Este amplo descortínio de idéias, esta visão ecumênica alargada,
permeia toda a produção intelectual e moral de Allan Kardec, refletindo a
sua sintonia com os ensinamentos revelados pelos Espíritos Superiores e,
igualmente, a influência benéfica que recebeu de Pestalozzi, durante sua
formação educacional, em Yverdun, na Suíça, nas primeiras décadas do
século XIX.
O Codificador deixou-nos uma herança que não deve ser esquecida: o
respeito pela Ciência e o verdadeiro sentido da Religião, tal como houve-
ra aprendido com seu mestre Pestalozzi e sedimentado no contato com o
Além:
"O Espiritismo e a Ciência completam-se um ao outro; à Ciência
sem o Espiritismo, fica impossível explicar certos fenômenos só com as
leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, lhe faltaria apoio e contro-
le" (2).
Revelando a existência do Espírito, um dos elementos constitutivos
do Universo, e a interatividade constante e permanente entre a hu-
manidade encarnada e desencarnada, o Espiritismo "toca forçosamente
na maior parte das ciências" (3), descortinando uma nova visão da reali-
dade, que inclui a de um novo ser humano. E seus princípios têm-se reve-
lado em perfeita consonância com os novos paradigmas da Ciência, so-
bretudo, com os extraordinários avanços da física quântica.
Fritjof Capra, ilustre físico e humanista, ressalta, em seu livro, O
Ponto de Mutação, a necessidade de uma nova visão da realidade,
construída a partir de um modelo que se baseie "na consciência do es-
tado de inter-relação e interdependência essencial de todos os fenôme-
nos - físicos, biológicos, sociais e culturais". Segundo crê, "esta visão
transcende as atuais fronteiras disciplinares e conceituais e terá de ser
explorada no âmbito de novas instituições" (4).
A Medicina do futuro, proposta por Capra, requer muitas mu-
danças no paradigma vigente, uma vez que adotará a Assistência Holís-
tica à Saúde, considerando os processos mórbidos como essencialmente
1 As numerações ( ) se referem as referências que estão no fim do capítulo
13
mentais, a enfermidade como um desequilíbrio que ocorre freqüente-
mente por uma falta de integração que se pode manifestar em vários níveis
do organismo, a gerar sintomas de natureza física, psicológica e social.
Essa visão integral do ser humano começou, para a Medicina Oci-
dental, com Hipócrates, na Escola de Cos, que considerava a saúde como
um estado de equilíbrio entre influxos ambientais, modos de vida e vários
componentes da natureza humana, entre os quais os humores e as pai-
xões; entendendo-se o equilíbrio dos humores como harmonia química e
hormonal e as paixões como interdependência mente/corpo. Tinha em
conta também o poder curativo da natureza que correspondia às forças
curativas inerentes aos organismos vivos; o médico deveria ajudar es-
sas forças naturais, criando condições favoráveis ao processo de cura.
Nos dois últimos séculos, porém, a Medicina aprofundou seu distan-
ciamento dessa visão integral do homem, e só recentemente, a
partir da década de 70, observamos atentativa de resgate da Medi-
cina Espiritual, em algumas instituições isoladas.
O Espiritismo contribuiu para a retomada desses conceitos mais amplos.
Com ele, houve insistência no tema da sobrevivência da alma, na possibilidade
desta comunicar-se com o homem; deu-se a experimentação e a compro-
vação dos fenômenos mediúnicos, que evidenciaram a intervenção do A-
lém, levando não só uma plêiade de sábios a debruçar-se sobre os fenôme-
nos a fim de comprová-los, mas também induzindo os estudiosos a leva-
rem em conta a existência do ser espiritual no fenômeno humano, descar-
tando a hegemonia da matéria na explicação do comportamento do ser huma-
no. Como reconheceu Charles Richet, foi a insistência de Allan Kardec que
chamou a atenção dos sábios para os fenômenos paranormais. Mas o mesmo
Kardec ressaltou que muitos fenômenos poderiam ser produzidos pelo pró-
prio psiquismo do sensitivo, reconhecendo assim a possibilidade de sua in-
fluência sobre o próprio corpo físico.
A visão espírita de saúde é holística: todos os processos mórbidos são es-
sencialmente mentais, comandados pelo Espírito e todos os fenômenos - físi-
cos, biológicos, sociais, culturais e espirituais - exercem influência sobre
ele, que os metaboliza e integra. Segundo esta visão "saúde é a perfeita
harmonia da alma" (5); constitui, portanto, uma aquisição lenta e gradativa
14
do Ser, à medida que progride em conhecimento e amor, com o concurso das
experiências hauridas nas vidas sucessivas.
Nesta palestra, vamos detalhar, inicialmente, os princípios espíritas, tanto
os revelados, no século XIX, na França, e enfeixados nos livros da Codifica-
ção, por Allan Kardec, quanto os complementos desta Revelação, canalizados
da Esfera extrafísica para a Terra, pelo médium Francisco Cândido Xavier, no
Brasil, no século XX. Com isso, esperamos esboçar a visão espírita do ho-
mem integral - o Ser biopsicosocioespiritual -; em seguida, procuraremos
analisar as Perspectivas da Saúde no século XXI, à luz desse Paradigma.
Neste exercício, buscamos amparo na reflexão de Santo Agostinho: "A Fé
procura o Intelecto encontra" (6). Embora a Ciência não tenha por norma
admitir ou consultar, diretamente, as veredas abertas pela fé, ela tem se apoia-
do nelas para avançar, uma vez que as teorias revolucionárias de muitos de
seus gênios, que mudaram o rumo da vida planetária, têm se originado nos
lampejos da inspiração, como bem o reconheceu Albert Einste.in, no prefácio
do livro de Max Planck, Aonde Vai a Ciência?":
"Assim, o labor supremo do físico é o descobrimento das leis ele-
mentares mais gerais, a partir das quais pode ser deduzida logica-
mente a imagem do mundo. Mas não existe um caminho lógico para
o descobrimento dessas leis elementares. Existe, unicamente, a via
da intuição, ajudada por um sentido para a ordem, que permanece por
detrás das aparências, e este Einfuehlung se desenvolve pela experi-
ência." (7)
Também Immanuel Kant, como lembrou Jeffrey Mishlove (8), sustenta
que é através da intuição que "nós construímos e mantemos os elementos
básicos do nosso mundo - nosso sentido de espaço e tempo, de identidade, de
veracidade das coisas, nosso sentido de beleza e bondade. A intuição, deriva-
da da estrutura verdadeira ou essência de nossas mentes, é vista em filosofia
como sendo prioritária a toda percepção e racionalidade".
Assim têm sido ao longo da história humana, embora vicejando de for-
ma oculta, os caminhos da fé, que se confundem com os da intuição, têm
determinado o desenvolvimento e a evolução de todos os seres. E assim tem
sido porque a intuição e esta via secreta, de limites indefmíveis e inabor-
dáveis, que liga o Criador à criatura, a "crisálida de consciência" à Sublime
15
Consciência do Universo.
Cremos que as revelações proporcionadas pelo Espiritismo constituem
picadas inovadoras, abertas pela fenomenologia espírita, por cima das
quais, a Ciência transitará, mais hoje, mais amanhã, construindo as ave-
nidas largas do progresso, com as quais se beneficiará toda a humanidade.
A Doutrina Espírita está nelas alicerçadas e se constituiu numa explica-
ção coerente dos fenômenos e da vida espiritual.
Temos convicção disso. Em nossos estudos e pesquisas, não perdemos
de vista, porém, a recomendação de Allan Kardec:
"O Espiritismo caminha com o progresso, e jamais será ultrapassado,
porque se novas descobertas comprovarem que ele está errado em um
determinado ponto, ele o modificará; se uma nova verdade se revelar,
ele a aceitará".
É com este espírito que exporemos, a seguir, um resumo dos conceitos
que constróem o Paradigma Médico-Espírita.
VISÃO INTEGRAL: O PODER DO ESPIRITO
A Organização Mundial de Saúde (OMS), no preâmbulo do seu Estatuto,
durante décadas, definiu saúde como "um estado de completo bem-estar
físico, mental e social". Este conceito, no entanto, nunca foi aplicado na
prática médica comum, porque a maioria dos médicos não o vivenciou,
durante a sua formação universitária. E muito menos o vivência, agora,
quando a OMS já admite que saúde não é só ausência de doença, mas
bem-estar biopsicosocioespiritual e ecológico. Este posicionamento de-
monstra o atraso com que se tem havido os que ensinam e aplicam a ci-
ência médica no que concerne ao reconhecimento do homem como ob-
jeto de suas preocupações. Se cientistas quânticos, como o professor
Amit Goswami, inclinam-se a considerar a consciência como criadora
do mundo material e a investigarem os fenômenos por ela provocados, se
a psicologia transpessoal aborda diretamente o espiritual sem poder des-
cartá-lo na compreensão do ser humano, é evidente que os médicos espí-
ritas, amparados pelas provas maciças que recolhem nas investigações
mediúnicas, não poderiam deixar de lado o Ser consciente que é preexis-
16
tente e sobrevive ao corpo. Em face disto, para nós, médicos espíritas, a
prática médica, embora tenha evoluído bastante, ainda é incompleta, por-
que não contempla o constituinte fundamental do ser humano - a alma.
O espírito encarnado ou alma concentra todo o poder de comando
sobre o organismo físico: "Do hidrogênio às mais complexas unidades
atômicas, é o poder do espírito eterno a alavanca diretora de prótons,
neutrons e elétrons, na estrada infinita da vida", ensinam os Instrutores
Espirituais. (10)
Da mente humana originam-se, portanto,"as forças equilibrantes e
restauradoras para os trilhões de células do organismo físico; mas, quando
perturbada, emite raios magnéticos de alto poder destrutivo..." (11).
Essas forças destrutivas atingem, primeiramente, o organismo do
próprio emissor, desequilibrando-o, e depois o ambiente como um todo.
Na prática, constatamos que "as grandes emoções podem curar o corpo ou
aniquilá-lo" (12), do mesmo modo que as preocupações excessivas com os
sintomas patológicos aumentam as enfermidades. Todos os sentimentos
negativos e os sintomas mentais depressivos influem, de forma desagre-
gadora, no funcionamento das células, causando distonias e reduzindo a
resistência orgânica.
Muito raramente, portanto, as moléstias não se encontram diretamente
relacionadas ao psiquismo como causa determinante ou concausa. Hoje,
como ontem, há fortes evidências, baseadas em pesquisas, em favor da
existência do Espírito. No último quartel do século XIX, cientistas ilustres,
como William Crookes, Alfred Russel Wallace, Oliver Lodge, realizaram,
com sucesso, investigações importantes que não lhes deixaram nenhuma
dúvida quanto à sobrevivência da alma. A partir do século XX, inúmeras
pesquisas foram conduzidas por investigadores que, de um modo geral,
desconhecem o Espiritismo, em diversas áreas, tais como: Experiência de
Quase Morte (Near Death Experience) (EQM-NDE), Visões no Leito de
Morte, Experiência Fora do Corpo, Transcomunicação Instrumental e
Reencarnação. Para maiores informações, recomendamos o livro do enge-
nheiro Hernani Guimarães Andrade, Morte, uma  Luz no Fim do Túnel.
Não há tempo para detalharmos essas pesquisas, mas é oportuno lembrar,
pelo menos, as que se referem à Experiência de Quase Morte, cujos registros
17
têm sido realizados por colegas médicos de diversos países, psicólogos e
outros investigadores e que evidenciam a presença de um ser imaterial,
presidindo o corpo humano.
Centenas de doentes que sobreviveram à morte, relataram aos investigado-
res as experiências que vivenciaram, no lapso de tempo em que foram con-
siderados clinicamente mortos. Esses casos podem ser acompanhados na
casuística do cardiologista Michael Sabom, dos psiquiatras Raymond Moody
Jr e Elizabeth Kübler-Ross, do pediatra Melvin Morse, e dos psicólogos
Kenneth Ring e Margot Grey, além de outros. (13)
Ainda recentemente, em dezembro de 2001, a conceituada revista lancei
publicou um artigo científico de autoria de uma equipe de médicos da Ho-
landa, chefiada pelo cardiologista Pim Van Lommel, sobre a investigação
de EQM (NDE), realizada em 344 pacientes que sofreram parada cardía-
ca e foram ressuscitados, com sucesso, em dez hospitais holandeses. Os
pacientes foram entrevistados, logo nos primeiros dias após terem tido a
experiência, e acompanhados, durante um período que variou de dois a oito
anos após os eventos, para a devida avaliação. Do total de sobreviventes
pesquisados, 41 pacientes (12%) descreveram uma experiência profunda,
com elementos que caracterizam uma EQM. A média de idade era de 62,2
anos (26 a 92), sendo que 73% eram homens. Os autores concluíram que,
quanto menor a idade do paciente, maior a freqüência de EQM; verifica-
ram, também, que a percentagem de ocorrência de EQM foi menor do que
em outros estudos, que revelaram a incidência de 30%, provavelmente
porque a média de idade, na investigação da Holanda, era muito elevada.
As pesquisas de EQM levam a muitos questionamentos: Consciência e
memória estariam, realmente, localizadas no cérebro, como querem os
reducionistas materialistas, ou estariam na alma e teriam, no encéfalo, o
seu reflexo, o seu instrumento de expressão, conforme pensam os espiritua-
listas? Como poderia o paciente experimentar uma clara consciência, fora
do corpo, no momento em que o cérebro é afetado por uma parada cardíaca
e o eletroencefalograma mostra-se plano?!
A explicação transcendental, espiritualista, sustenta que a EQM es-
taria ligada a um estado alterado de consciência , durante o qual a alma se
deslocaria do corpo, conservando, porém, a sua capacidade de percepção
18
não sensorial, a sua identidade, cognição e emoção independentemente do
corpo inconsciente. Aliás, essa é a explicação mais aceita por todos os
que passaram por esse tipo de experiência.
MATÉRIA MENTAL E CO-CRIAÇÃO
O pensamento é produto da alma e não secreção do cérebro, como crêem os
reducionistas materialistas. Um dos atributos do Espírito, o pensamento
nasce das profundezas da reflexão Dental, é constituído de partículas,
derivadas da matéria elementar primitiva ou plasma divino, expressan-
do-se também como ondas eletromagnéticas que atingem velocidades a-
cima de 300 mil km por segundo (ondas supraluminais)
Aprendemos, com os Espíritos Superiores, que o Universo é um todo
de forças dinâmicas, expressando o Pensamento do Criador e cada criatu-
ra é detentora de uma capacidade intrínseca - a co-criáção - , inerente à
faculdade de pensar, através da qual assimila a força emanante de Deus,
moldando-a, à sua vontade, e influenciando, dessa forma, a própria cria-
ção.
Nos fundamentos da Criação vibra o pensamento imensurável do
Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensurável da
criatura, a constituir-se no vasto oceano de força mental em que os po-
deres do Espírito se manifestam. (14)
O pensamento é, assim, o alicerce vivo de todas as realizações no
plano físico e extrafísico. A matéria que entra na sua constituição apre-
senta-se em nova escala estequiogenética, tendo por base elementos atômi-
cos mais complicados e sutis, aquém do hidrogênio e além do urânio (15),
transcendendo, portanto, à Escala de Mendeleiv, isto é, o sistema periódi-
co dos elementos químicos conhecidos no mundo, formando, igualmente,
o que poderíamos denominar prótons, neutrons, pósitrons, elétrons ou
fotônios mentais, à falta de outra nomenclatura, uma vez que desconhe-
cemos a natureza desse outro tipo de matéria.
Obedecem, porém, às mesmas leis da física quântica: o halo vital ou
aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pen-
samentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que corres-
19
pondem à lei dos "quanta de energia" e aos princípios da mecânica ondula-
tória, que lhes imprimem freqüência e cor peculiares. (16)
O pensamento expressa-se, assim, nos mais diversos tipos de onda: desde
as oscilações curtas, médias e longas, exteriorizadas pela mente humana, até
os raios super-ultra-curtos, próprios dos Espíritos puros. Forças vivas e
atuantes, eles têm velocidade superior à da luz e cada criatura funciona
como se fosse uma estação de televisão ambulante - na verdade, muito mais
avançada - podendo emiti-los e recebê-los.
Uma vez emitidos, os pensamentos voltam inevitavelmente ao próprio
emissor, de forma a envolver o ser humano em suas próprias ondas de
criações mentais, e, muitas vezes, podem estar acrescidos dos produtos
de outros seres, que com eles se harmonizam. (17)
Sendo as ondas supraluminais, de que modo seriam elas decodificadas
pelas células físicas? Respondendo a essa questão, os Espíritos Revelado-
res apontam a glândula pineal, como a glândula da vida mental; exercen-
do, entre outras importantes funções, a de traduzir e encaminhar à interpre-
tação as informações transportadas pelas ondas supraluminais. Aprende-
mos, assim, que estamos ligados em espírito com todos os encarnados ou
desencarnados que pensam como pensamos, tão mais estreitamente quão
mais estreita a distância entre nós e eles, isto é, quanto mais intimamente
estejamos conjugando a atmosfera mental uns dos outros, independente-
mente de fatores espaciais (18).
Essa independência do fator espacial remete-nos ao teorema de Bell, à
realidade "não local". Trabalhando em Genebra, no CERN, nos anos
1960, John Bell, físico britânico, mostrou que duas partículas perma-
necem um todo, mesmo após terem sido separadas a longas distâncias,
quando uma delas faz um movimento em uma determinada direção, a
outra, ao mesmo tempo, gira na mesma direção, em sincronização per-
feita.
Em 1982, Alain Aspect e colegas demonstraram, ''xpenmental-
mente, essa influência, de modo que, qualquer '  í} na, atual ou futura,
para ser consistente, terá que conter esse  ll Po de influência não local para
explicar a realidade.
Embora cientistas respeitáveis, como John Barrow (19), lembrem que não
20
há maneira de a informação ser transmitida entre as partículas com uma ve-
locidade superior à da luz e que o elemento não causai da realidade quântica
não pode ser aplicado ao caso da percepção extra-sensorial, cremos que as
evidências científicas do Mundo Espiritual, constatadas em pesquisas
realizadas por cientistas do porte de William Crookes, Alfred Russel Walla-
ce, Oliver Lodge, Aksakof, Ernesto Bozzano, além de outros, no âmbito da
Parapsicologia, são igualmente válidas e não deixam dúvidas de que essa
mesma lei pode ser aplicada a todas as dimensões ou escalas, que se desdo-
bram no espaço e no tempo, unindo os campos físico e extra-físico em uma só
rede ou totalidade integrada.
Roger Penrose, do Mathematical Institute de Oxford, Reino Unido, a-
firma que "nossos cérebros agem não-computacionalmente, quando nos
dedicamos a processos de pensamento consciente" (20), Para explicar sua
convicção, Penrose lembra que existem dois níveis distintos de fenômenos
físicos: de um lado, o nível quântico em pequena escala, em que partícu-
las, átomos, ou mesmo moléculas podem existir em estranhas superposições
quânticas, como nos foi demonstrado pelo teorema de Bell; de outro lado, o
nível clássico, como o de uma bolinha de golfe, por exemplo, onde não há
possibilidade de superposição.
Inicialmente descrito por Erwin Schrõdinger, esse fenômeno de en-
trelaçamento entre as partículas tem continuidade nos estudos de Penrose, que
o chama de estado entrelaçado. O fato é que existe uma importante lacuna
na compreensão da física - especialmente na fronteira entre os níveis quân-
tico e clássico, que, muito provavelmente, conforme lembra Penrose, será
preenchida com a união satisfatória entre a teoria quântica e a teoria geral
da relatividade de Einstein. Em sua hipótese, ele admite que as tubulinas -
proteínas que formam os microtúbulos _ presentes nos neurônios, ao longo
dos axônios e dendritos, são importantes porque favoreceriam o que chama
de não-computabilidade dos eventos conscientes. (21)
Como vemos, a Ciência não pára e ainda há um campo enorme a percor-
rer, em todas as áreas do conhecimento humano. Relembrando Newton, tudo
se passa como se estivéssemos catando conchinhas na praia, enquanto há
um imenso oceano a percorrer, a enorme extensão da nossa ignorância.
21
CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO
O Ser Humano é constituído de Alma, Corpo Físico e Corpos sutis; é,
portanto, muito mais complexo do que se consegue visualizar a olho de-
sarmado ou através da tecnologia médica existente.
Para detectar a matéria que entra na constituição de todos os envoltórios,
inclusive a do corpo orgânico, a Física terá que avançar muito mais em
suas pesquisas, tendo em vista que a Revelação Espiritual afirma que o
Universo é inteiramente banhado por Matéria Elementar ou Hálito Divino; o
elétron é também partícula dissociável e a matéria física, mesmo a mais pe-
sada e volumosa, é constituída de "luz coagulada".
Os Instrutores Espirituais afirmam ainda que enxergamos apenas uma oi-
tava parte do que acontece ao nosso redor, o que nos dá idéia do quanto a
Ciência terá que avançar para descobrir as múltiplas dimensões da vida e o
tipo de "matéria" que entra na constituição de cada uma delas, o que signi-
fica decifrar os múltiplos arranjos ou modos de "coagulação" da luz, que en-
tram na formação das partículas dessas diferentes dimensões (22).
Em 1975, os físicos norte-americanos, Bob Toben e Fred an Wolf, no li-
vro Space Time and Beyond, enunciaram um postulado muito semelhante
ao revelado: "a matéria não é nada mais do que luz capturada gravitacio-
nalmente" (23). Esperamos que a constatação e os desdobramentos dessa
verdade nos levem a mais amplas conquistas no campo espiritual.
Nada nos foi revelado quanto à constituição do Princípio Espiritual; sa-
bemos, porém, que ele conclui o primeiro estágio evolutivo, após passar,
ao longo da escala filogenética, pelo crisol de bilhões de anos de experi-
ências, animando desde seres unicelulares aos pluricelulares, até comple-
tar a construção do corpo humano e dos envoltórios sutis.
Na verdade, ele já passou por um número incontável de existên-
cias, desde os seres mais simples, quando era "crisálida de consciên-
cia", até conquistar a condição humana e continuará reencarnando até
atingir a condição de Espírito puro, que não mais precisa retornar, atra-
vés da reencarnação ao mundo material.
O ser humano é constituído, além do corpo físico, do Espírito e de um e-
lemento intermediário, a que Paulo de Tarso denominou de corpo espiritual
e, Allan Kardec, de perispírito. Uma leitura atenta da obra kardecista
22
traz à luz o fato de que o perispírito é ele próprio formado de varias ca-
madas, como aliás também assinala o Espírito André Luiz (24). De fato,
quanto ao perispírito (em sentido amplo) ou corpo espiritual, as revelações
confluem para um modelo composto de camadas, tipo "cebola". Neste seu
modelo de cebola, ele engloba vários corpos, como o vital (duplo etérico), o
astral, o mental e o causai.
O corpo causai, que integra o perispírito, é constituído da roupa imun-
da, tecida por nossas mãos nas experiências anteriores (25), quer dizer, nele
estão registrados todos os nossos pensamentos e ações de vidas passadas.
Para os hindus, ele seria o kâranakosha (corpo causai) ou anandamaykosha
(corpo de bem-aventurança), o corpo de luz, denominação esta mais a-
propriada a seu estágio de maior depuração (26).
O corpo mental é conceituado como "o envoltório sutil da mente" (27).
As referências feitas a esse corpo mental ainda são poucas, mas os Orien-
tadores Espirituais entreabrem um campo muito grande, ao recomenda-
rem que se considerem válidos os estudos já realizados por outras
escolas espiritualistas a respeito dele.
O corpo astral é constituído de uma estrutura eletromagnética,
formada de elétrons e fotons, iguais aos que integram o corpo físico,
porém, "em outras características vibratórias" (28). Ainda sobre ele,
resumimos as informações de Emmanuel, o Espírito Guia de Chico Xavi-
er, que constam do livro Roteiro (29):
1) É ainda um corpo organizado, molde fundamental da existênciapara o
homem; 2) Subsiste após a morte física, ocupando, no mundo espiritual, região
própria, dependendo do seu peso específico; 3) É formado por substâncias
químicas que obedecem a uma escala periódica de elementos, semelhante
à de Mendeleiv, mas em outra faixa vibratória; 4) Modifica-se sob o co-
mando do pensamento; 5) Encontra-se submetido às leis de gravidade, no
plano em que está.
O corpo vital ou duplo etérico é o mais grosseiro de todos e tende a de-
saparecer com a morte física. Sem a energia vital, não há como explicar a
complexidade da célula viva. Esse corpo é exteriorizável em parte, como
podemos verificar nos experimentos de materialização e na transmissão de
passes magnéticos. Ele é formado por emanações neuropsíquicas que per-
23
tencem ao campo fisiológico e, que, por isso mesmo, não consegue maior
afastamento da organização terrestre, destinando-se à desintegração, tanto
quanto ocorre ao instrumento carnal, por ocasião da morte renovadora"
(30).
Certamente, em face da sua natureza física, apesar de conservar-se,
em geral, invisível, não é possível o afastamento do duplo além de uma dis-
tância de dez metros sem que isto venha a determinar a morte do sensitivo.
As escolas vitalista e mecanicista co-existiram, durante muitos sécu-
los, e ainda estão presentes, no campo científico e filosófico; a primeira,
preconizando a existência de uma "substância" essencial ao funciona-
mento das células dos seres vivos; a segunda, reduzindo tudo às propri-
edades do quimismo celular.
Embora a maioria dos cientistas esteja convicta de que a vida se restrin-
ge a um mero jogo de forças físico-químicas, esse paradigma não explica
a extraordinária complexidade da filogênese e da ontogênese, nem inúme-
ros outros fenômenos de ordem mental e psíquica da vida humana. Com o
devido respeito às teorias vigentes, ousamos dizer que o vitalismo permane-
cerá como um dos fundamentos do ser vivo. Reestruturado em novas bases,
vai se tornar, para a biologia, uma idéia recorrente, assim como o éter o
é para a física; e ousamos dizer mais, ele vai se implantar, definitiva-
mente, devido à extrema dificuldade de se explicar a complexidade
do ser vivo, sem os campos informacionais imateriais, que fazem parte
intrínseca dele.
A ciência estabelecida não aceita o vitalismo, mas há cientistas que o
defendem, não mais na concepção antiga, mas tendo por base os campos
informacionais imateriais modeladores da matéria viva, entre eles, Harold de
Saxton-Bürr, Hernani Guimarães Andrade e Rupert Sheldrake, fundamen-
tados em protocolos de pesquisa bem elaborados e nos excelentes resultados
práticos obtidos, que estão à disposição dos interessados na produção desses
autores (31).
Todos esses corpos espirituais possuem numerosos Centros de Força ou
Chacras, dos quais destacamos o Coronário, Cerebral, Laríngeo, Cardíaco, Es-
plênico, Gástrico, Genésico, todos eles com funções específicas dentro da
economia orgânica. Chamamos a atenção para o fato de que, na enumera-
24
ção dos sete centros maiores, os autores costumam diferenciar o básico
(ou fundamental) do genésico, omitindo o esplênico, e até reunirem os centros
cerebral e coronário em um só. Isso não significa que eles existam ou deixem de
existir, à vontade dos autores ou das escolas espiritualistas, mas, sim, que se
inclinam a enumerar aqueles que mais importam para o desenvolvimento espi-
ritual que descrevem, ou a reunirem em seus estudos centros psíquicos vizinhos
e que se influenciam diretamente.
À medida que cresce espiritualmente, o Espírito depura a sua "veste nup-
cial", a sua túnica de apresentação, representada por seus vários envoltórios,
adequada ao plano em que estagia.
EHOPATOGENIAS X LEI DE AÇÃO E REAÇÃO
Nos envoltórios sutis, reside a verdadeira causa das doenças. Somos herdei-
ros de nossas ações pretéritas, tanto boas quanto más. O Carma ou "conta
do destino criada por nós mesmos" está impresso no corpo causai (32).
Esses registros fluem para os demais corpos e terminam determinando o
equilíbrio ou o desequilíbrio dos campos vitais e físicos.
Nem todos os desequilíbrios físicos, porém, são originários de contas cár-
micas (passadas); embora reflitam o estado espiritual do indivíduo, são gerados
pela sua conduta atual. Os vícios da mente, conhecidos como egoísmo, or-
gulho, vaidade, tirania, Preguiça, etc., se constituem em causas de múltiplas
doenças, Porque se constituem no móvel de nossas ações (33).
Quando forem descobertas as tecnologias que nos possibilitarão o
exame aprofundado do perispírito, a Medicina mudará radicalmente, porque
trabalharemos muito mais de forma preventiva, evitando-se, assim, as in-
tervenções cirúrgicas alargadas, invasivas, realizadas ainda hoje, muito
embora os grandes progressos já alcançados, nas últimas décadas.
Os médicos terão oportunidade de conhecer, com detalhes, a fisiologia
transdimensional, compreendendo melhor o modo como se embricam os
vários envoltórios, nas chamadas sinergias, para melhor auxiliar na manu-
tenção da higidez mento-física de seus pacientes.
Vamos dar alguns exemplos práticos, correlacionando doenças con-
gênitas ou da primeira infância com a desarmonia dos corpos sutis, se-
25
guindo informações de André Luiz, médico e pesquisador, desencarna-
do na década de 1930, no Rio de Janeiro (34).
Se a pessoa suicidou-se, na vida anterior, por envenenamento, ao to-
mar um novo corpo físico, poderá ser portador de afecções valvulares,
hemopatias diversas, como a leucemia, por exemplo, ou outras doenças
similares.
Se incendiou o próprio corpo, na existência posterior, poderá apresentar
dermatoses mais ou menos extensas, de difícil cura ou tratamento, como o
Pênfigo Foliáceo e a Ictiose.
Se empregou, no suicídio, água ou gás, poderá renascer com proble-
mas nas vias respiratórias, tais como Enfisema e Cistos pulmonares.
Se a causa foi o enforcamento, a conseqüência posterior poderá ser a
Paralisia Cerebral Infantil ou Neoplasias diversas.
Se estilhaçou o próprio crânio, sofrerá os reflexos, depois, apresentando
doenças como: Hidrocefalia, Síndrome de Down, Deficiência Mental, En-
cefalite, Epilepsia.
Se eliminou o corpo precipitando-se de grandes alturas, poderá ter
depois, males como Osteíte Difusa, Distrofia Muscular Progressiva,
etc.
Praticamente todas as moléstias têm suas raízes no perispírito.
Ainda que esteja aparentemente saudável, uma pessoa pode trazer, em seus
Centros de Força ou Chacras, disfunções latentes, adquiridas nesta ou em
outras vidas, que, mais cedo ou mais tarde, surgirão à tona no corpo físi-
co, sob a forma de doenças mais ou menos graves, conforme a extensão da
lesão e a posição mental do devedor.
O Prof. lan Stevenson, da Universidade de Virgínia, EUA, apresenta nos
dois volumes do livro Reincarnation and Biology, entre os 2.600 casos
pesquisados, os de marcas de nascença e defeitos congênitos, elu-
cidando-os com o estudo das vidas passadas.
ANAMNESE
Os procedimentos realizados por médicos desencarnados, nas dimensões
mais evoluídas da Vida Espiritual, baseiam-se em uma anamnese muito
26
mais ampla e completa do que a realizada, habitualmente, nos hospitais,
institutos de saúde e consultórios terrenos. Fazem parte dela: a Ficha de
Identificação completa do Paciente, que engloba a sua História Atual, a
Ficha Cármica e a Projeção Individual de Reminiscências, bem como a
anotação dos Complexos de Culpa; a Análise dos Membros da Família; a
Anamnese Psicológica Detalhada, complementada pela Análise Mental,
que é a capacidade do terapeuta de proceder à leitura dos pensamentos,
pela simples observação visual do cérebro em funcionamento (35).
Na Medicina do Além, as informações do paciente são gravadas e
filmadas (36) para serem estudadas, pela equipe
iie saúde, em qual-
quer tempo. Dificilmente encontramos na Medicina terrestre, mesmo
nos centros mais avançados, equipados com computadores altamente
sofisticados, a junção e todos os dados do paciente, em um único arqui-
vo, dentro de uma visão integral do ser. Raramente, constam o tratamen-
to e o estudo dos aspectos psicológicos, sem falar nos espirituais, que não
são nem mesmo cogitados. Em meu país, as informações das diversas es-
pecialidades ainda permanecem em compartimentos separados, do mes-
mo modo como o ser humano é dividido em partes, muito longe da sua
totalidade integrada.
Há, agora, neste início do século XXI, a tentativa de se introduzir no
currículo médico o Paradigma do Ser Integral, o que já é realidade em
algumas Escolas, mas, infelizmente, ainda não é tão abrangente que per-
mita considerar a ação prioritária do Espírito.
TERAPIAS E RECURSOS TERAPÊUTICOS
No exercício da medicina, o médico espírita utiliza-se de todas as tera-
pias que aprendeu, em sua formação universitária, e nos vários cursos de
aperfeiçoamento e reciclagem realizados; se é cirurgião, utiliza as técni-
cas convencionais das diversas especialidades, procurando, tanto quanto
possível, atualizar-se.
Vale-se dos medicamentos alopatas, quando indicados, mas, dentro
de sua visão mais ampla, recorre também aos fitoterápicos e aos recursos
terapêuticos da Homeopatia - muitos aperfeiçoam-se nessa especialidade -
27
e da Acupuntura, visando restaurar a estrutura eletromagnética do corpo
espiritual, com maior estímulo à circulação e harmonização da energia
vital.
Tanto quanto possível, utiliza também a Terapia Complementar
Espírita, desde que aceita espontaneamente pelo paciente, e que é minis-
trada, gratuitamente, à população na imensa maioria das Instituições que
praticam o Espiritismo. Fazem parte desta Terapêutica Complementar:
a Prece, a Meditação, os serviços de desobsessão nos grupos mediúni-
cos, o desenvolvimento da Mediunidade quando recomendável, a Flui-
doterapia, com a doação da energia vital nos Passes e na Água Fluidificada,
o crescimento interior, estimulando-se o paciente ao autoconhecimento, ao
desenvolvimento de suas potencialidades espirituais, com ênfase na Re-
forma Interior, ponto básico para o aperfeiçoamento espiritual.
As chamadas cirurgias espirituais também fazem parte dó que
entendemos como emprego da energia vital na restauração física; cre-
mos, no entanto, que elas se prestam à ação de muitos charlatães e pes-
soas inescrupulosas, por isso, adotamos critérios éticos fundamentais
para aceitá-las: como no exercício das demais faculdades mediúnicas, os
médiuns não devem cobrar absolutamente nada pela aplicação dos dons
que lhe foram conferidos por Deus, nem devem utilizar-se, na prática me-
diúnica, de instrumentos cirúrgicos ou objetos cortantes.
Como vimos, o médico espírita enfatiza a Promoção do Auto-
Encontro. O paciente é encorajado ao autoconhecimento, ponto essencial
do tratamento, porque toda cura, seja ela em que nível for - orgânico,
psicológico, mental ou espiritual na verdade, é uma auto-cura. O
médico e o médium são meros instrumentos.
Nos Hospitais e Institutos diversificados, existentes no Além, tendo
em vista o alto poder da mente, toda conversação é realizada de modo a
transmitir ao paciente total encorajamento a saúde; os médicos espirituais
contam também, no exercício de suas funções, com aparelhos sofisticados,
ainda desconhecidos no plano terrestre, como os que permitem o registro de
pensamentos, o que favorece, sensivelmente, o exercício de uma medicina
de excelente qualidade.
Sabemos que as atitudes mentais enraizadas não se facilmente,
28
com a morte; os médicos desencarnados valem-se, muitas vezes, das
chamadas cirurgias psíquicas, que envolvem adestramento mental e es-
piritual adequados. Assim procedem, porque a mente, tanto quanto o
corpo físico, pode e deve sofrer intervenções para reequilibrar-se. Mais
tarde, segundo ensinam, a Medicina terrestre evoluirá para a prática
deste tipo de cirurgia, tanto quanto hoje vai avançando em técnica ope-
ratória, para aliviar o corpo físico; desentranhará, então, um labirinto
mental, com a mesma facilidade com que atualmente extrai um apêndice
condenado (37).
Desde longa data, o sono hipnótico é largamente empregado no
Além, enquanto que, na Terra, somente no século XIX, conhecemos
seus efeitos. De Puysegur foi dos primeiros magnetistas a conversar
com o paciente noutro estado consciencial que não o comum, abrindo
campo aos psiquiatras e psicólogos para conhecerem melhor o mundo
mental de seus pacientes, inaugurando caminhos para a Psicologia
Transpessoal.
O Diálogo Terapêutico também é prática corriqueira das equipes de
saúde do Além, visando a cura e o bem-estar do paciente; ele é conduzi-
do, muitas vezes, pelos próprios familiares, que se integram ao trabalho,
para ouvir as queixas, dúvidas e receios do parente mais necessitado, re-
cém-desencarnado ou não, com dificuldades de adaptação ávida no Além
(38). Atualmente, também entre nós, vai se reconhecendo o valor da pa-
lavra e do ambiente nos processos de cura.
Em busca da saúde, o médico espírita reconhece o valor dos vários
procedimentos analíticos, propostos pelas mais diferentes escolas de
psicologia profunda, porém enfatiza mais a contribuição da Psicologia
Transpessoal e da Terapia por Regressão de Memória, que consideram os
conteúdos psicológicos que vêm à tona nos estados alterados de consciên-
cia, inclusive os de existências anteriores. Ao lado disso, estuda e procura
tratar as obsessões ou influências negativas que o Plano Espiritual infe-
rior pode exercer sobre a humanidade encarnada, buscando, na condução
do tratamento, a cooperação das instituições espíritas, que têm mais
traquejo com as chamadas sessões de desobsessão.
A ciência avança para o reconhecimento de fatores até agora desprezados
29
na cura das doenças e no equilíbrio psicofísico do indivíduo. Experiências
recentes realizadas pelo neurocientista, Andrew Newberg, da Universida-
de de Pensilvânia, nos EUA, revelaram imagens do cérebro, durante o
estado de vigília e de meditação, através do Spect, aparelho baseado na
emissão de pósitrons. Comparando-se com o estado de vigília, observa-
se, durante a meditação, aumento das atividades dos lobos frontais, en-
quanto os parietais sofrem rebaixamento de funções, indicando maior am-
plitude das atividades inconscientes e uma diminuição do contato com o
mundo exterior (39).
Hoje, já temos igualmente centenas de trabalhos publicados em revistas
científicas sobre o valor da prece na terapêutica. Pesquisa recente, de
maio de 2002, no site do National Institute of Health (NIH), dos Estados
Unidos, revelou a existência de 23.441 citações para a palavra prece, pu-
blicadas em revistas médicas conceituadas, como The Lancet, New En-
gland Journal of Medicine; British Medicai Journal, JAMA, etc. (40).
Desde 1989, o pesquisador Massaro Emoto investiga a água e seus
cristais, procurando detectar a influência das vibrações humanas so-
bre eles. Durante oito anos, coletou água de várias partes do mundo,
levando-a ao estado de congelamento, observando os cristais formados
com o auxílio de um microscópio de campo escuro que permitia fotogra-
fá-los para estudo. Chegou à conclusão de que pensamentos, palavras,
tanto faladas quanto escritas, e atos, têm influência decisiva sobre as
moléculas de água. Publicou os seus estudos no livro, Messages from the
Water, com cerca de 200 fotos, que mostram clusters (cristais perfeitos)
ou outras formações conforme a influência dos pensamentos e sentimen-
tos humanos. Assim, descobriu que as palavras "Amor e Gratidão" for-
mam os mais belos cristais, semelhantes a jóias, enquanto que palavras
de ódio, tanto escritas, quanto faladas, do mesmo modo que a invocação
de personalidades maléficas geram moléculas feias e desestruturadas. Em
uma de suas coletas, verificou que a água, submetida a orações e bons
pensamentos, captou essas vibrações positivas, que se refletiram em belos
cristais.
Creio que as experiências de Massaru Emoto deveriam ser repetidas
por vários Institutos de Pesquisa não apenas para que se possa reforçar a
30
sua comprovação, mas para que possam servir também para ampliá-las,
tomando de outras fontes de água do Planeta.
Tanto as experiências de Newberg, quanto as de Emoto trazem subsí-
dios importantes para validar a Terapêutica Complementar Espírita
que utiliza a oração, a meditação e a água energizada, positivamente, no
tratamento dos pacientes.
CURA E ESPIRITUALIDADE
O paradigma médico-espírita estabelece, do mesmo modo que o taoísta,
que o indivíduo é responsável por sua saúde, enfatizando que "toda me-
dicina honesta é serviço de amor, atividade de socorro justo; mas o
trabalho de cura é peculiar a cada espírito" (41). Daí a ênfase ao Auto-
Encontro e ao encorajamento à saúde.
Os vícios da mente - ódio, cólera, inveja, intolerância, etc. -são derivados
do orgulho e do egoísmo e geram atitudes destrutivas, que produzem e sus-
tentam desequilíbrios mais ou menos graves nos envoltórios sutis, gerando,
em conseqüência, enfermidades no corpo físico.
A mente perturbada não consegue o equilíbrio, sobretudo, de sua imunida-
de orgânica, o que é fundamental para o acesso à saúde. E a perturbação acen-
tua-se com a falta de conformação perante as provas retificadoras.
Por isso mesmo, o paradigma médico-espírita afirma que., nem sem-
pre, uma única existência corporal é suficiente para a restauração dos
centros perispiríticos lesados, considerando cada encarnação como uma
"estação de cura", uma possibilidade de purificação.
Nesse paradigma, o Médico por excelência é Jesus que "deixou no
mundo o padrão da cura para o Reino de Deus. Ele proporcionava socorro
ao corpo e ministrava fé à alma" (42). Inúmeras vezes, o Senhor Jesus
afirmou: "A tua fé te curou", indicando o caminho para a cura verdadei-
ra, aquela em que a sanidade não somente atinge o corpo físico, mas tam-
bém opera a retificação dos núcleos psíquicos, corrigindo distorções exis-
31
tentes nos corpos espirituais.
Olhando um pouco para o passado recente, percebe-se que a Medicina
da Alma começou a esboçar-se nos anos 50, ganhou espaço nos 70 e fir-
mou-se nos 90.
Em 1970, Herbert Benson iniciou seus estudos sobre menta-
lização ou técnica de meditação na Harvard Medicai School, apoia-
do por seu diretor e criticado pela maioria dos colegas, mas não se
abalou. Como resultado de suas pesquisas, publicou, nessa mesma
década, o livro A Resposta do Relaxamento, explicando a técnica que
utiliza, no tratamento de doentes hipertensos e portadores de outras a-
fecções, na qual emprega meditação e respiração combinadas.
Desde então, vem auxiliando colegas, inconformados com o modelo ma-
terialista reducionista, favorecendo-os com a formação na área de pós-
graduação em Medicina e Espiritualidade. Em 1996, lançou seu livro
mais recente, Medicina Espiritual (publicado em colaboração com
Marg Stark), no qual afirma com convicção:"... em meus 30 anos de prática
da medicina nenhuma força curativa é mais impressionante ou mais uni-
versalmente acessível do que o poder do indivíduo de cuidar de si e de se
curar." E acentua: "Os anelos da alma - a fé, a esperança e o amor -
são eternos, inclinações naturais que o pensamento ocidental moderno
reprimiu, mas jamais subjugou". (43)
Richard Friedman, PhD, companheiro de Benson no Mind/ Body Medi-
cai Institute da Escola de Medicina de Harvard e do Beth Israel Deconess
Medicai Center, foi também responsável pela abertura de caminhos para
o estudo científico da relação entre crença e cura, valendo-se dos mais
confiáveis métodos de avaliação de pesquisa. Falecido, repentinamente,
em 17 de agosto de 97, a ele foi dedicado o livro Scientific Research on
Spirituality and Health, publicado pelo National Institute for Healthcare
Research - fruto de painéis realizados por cerca de 70 profissionais,
Friedman entre eles, sendo a maioria médicos e psicólogos, preocupa-
dos com a pesquisa científica em Espiritualidade e Saúde. Lê-se, nesta
obra, publicada em outubro de 97, que "o uso contemporâneo do termo
Espiritualidade separado da religião tem uma história surpreendentemente
curta": surgiu na década de 90, como fruto de "conhecimento humano e
32
eventos histórico-culturais". As religiões - em sua maioria - obede-
cem a padrões rígidos, são "formalmente estruturadas", podendo, de cer-
ta forma, inibir o potencial humano; já o termo espiritual é reservado ao
lado mais elevado e sublime da vida, cultivado pelas pessoas, indepen-
dentemente de pertencerem ou não a uma dada religião (44).
Outra equipe importante é a do dr. William R. Miller, professor de
Psicologia e Psiquiatria da Universidade do Novo México, PhD
em Clínica Psicológica pela Universidade de Oregon, e Diretor
de Pesquisa do UNMs - Centro de Alcoolismo e Abuso de Substância
Química.
Em seu livro, Integrating Spirituality into Treatment, Miller e seus
colegasabordamtemasimportantescomoTreinamentoProfissional em Espi-
ritualidade.
REENCARNAÇÃO, LEI BIOLÓGICA NATURAL
O princípio da reencarnação é uma conseqüência natural da lei do
progresso porque, com os retornos sucessivos ao plano físico, o Espírito
consegue alcançar a perfeição. Desde o seu estágio nos seres unicelula-
res, até o momento em que deu seus primeiros passos humanos no Pla-
neta, o princípio espiritual percorreu um longo caminho, construindo
seus próprios envoltórios, os sutis e o mais denso; mas ainda tem muito
que caminhar, até chegar ao estágio conhecido no mundo cristão como
angelitude. Embora tenha adquirido faculdades intelectuais muito desen-
volvidas, suas conquistas no campo do sentimento são ainda muito insa-
tisfatórias, situando-o mais próximo de sua natureza animal, com o
predomínio do egoísmo, em suas atitudes.
Só a conquista do Amor universal, condensando a caridade no seu con-
ceito mais amplo, poderá libertar o ser humano dos grilhões da carne e
fazê-lo feliz.
No século XX, tivemos importantes pesquisadores da reencarnação.
Recordemos os nomes de alguns desses pioneiros.
Hamendras Nath Banerjee, professor da Universidade de Rajastan,
na índia, investigou cerca de 1.000 casos de reencarnação, tanto em seu
33
país, como nos EUA, contribuindo com seus trabalhos pioneiros para
que ela fosse inserida no campo da pesquisa científica.
O engenheiro Hernani Guimarães Andrade, no Brasil, pesquisou 75
casos de reencarnação, publicando oito deles no ivro Reencarnação no
Brasil e um em Renasceu por Amor.
lan Stevenson , professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina
da Universidade de Virgínia, EUA, tem cerca de 2.600 casos pesquisa-
dos, em vários países. Depois de publicar Vinte Casos Sugestivos de Reen-
carnação e Cases ofReincarnation Type em quatro volumes, em que cole-
tou expressivos casos em diferentes países, lançou, em 1997, dois alen-
tados volumes, cerca de 2.300 páginas, Reincarnation and Biology, abor-
dando, especialmente, Marcas de Nascença e Defeitos Congênitos, os
quais vão influir muitíssimo, em futuro próximo, nos novos rumos a
serem seguidos pela Ciência Médica. Essa importante obra merece um
estuda aprofundado de todos os que se interessam em saber qual o verda-
deiro significado da vida na Terra. Lamentamos não poder comentá-la,
aqui, mas fica o registro para todos os que desejam aprofundar-se no
assunto.
Todos esses trabalhos estão a merecer exames apurados por parte dos
que fazem Ciência, para que esta não se restrinja aos acanhados compar-
timentos reducionistas, incapaz de alçar vôos mais altos.
Com os Espíritos Instrutores, no século XX, obtivemos informações
detalhadas e únicas em todo o mundo, com relação ao processo'reencarna-
tório. Dada a impossibilidade de descrevê-lo aqui, recomendamos os livros
Missionários da Luz e Entre a Terra e o Céu, de André Luiz.
Vamos oferecer, aqui, muito resumidamente, alguns dados sobre este
importante processo: um laço do perispírito liga o reencarnante ao óvulo
e, a partir da fecundação, ele recomeça a nova existência; do zigoto ao
feto, o ser parte de uma única célula, para a extraordinária complexidade
multicelular do recém-nascido, passando, nas primeiras semanas, do de-
senvolvimento embrionário por todas as etapas principais que atraves-
sou, ao longo da filogênese, repetindo-as: ser unicelular, peixe, anfíbio,
réptil, ave, e, finalmente, mamífero superior. Esse fenômeno de recapitu-
lação, para o qual os cientistas não têm uma explicação satisfatória, pode
34
ser compreendido se se admite que algo vinculado ao ser vivo conservou
a memória de toda a sua história pregressa e repete-a, de forma resumida,
durante a ontogênese. Esse algo, é o Modelo Organizador Biológico
(MOB), uma das funções do perispírito. Este, para retornar à Terra, ne-
cessita deixar a "matéria" do mundo espiritual, tornando-se mais ma-
leável, adquirindo maior plasticidade. Para a reencarnação, dizem os
Instrutores, basta o magnetismo dos pais associado ao forte desejo do Es-
pírito reencarnante (45); este, uma vez ligado ao óvulo, por laços perispiritu-
ais, inicia, na concepção, a modelagem do novo corpo, promovendo, auto-
maticamente, através do MOB, a recapitulação das várias fases pelas quais
passou na filogênese, adaptando-se, paulatinamente, à matéria física
(46).
Como vimos, o princípio espiritual construiu o corpo humano e seus envol-
tórios ao longo de bilhões de anos de evolução:
"Desde a ameba, na tépida água do mar, até o homem, vimos lutando,
aprendendo e selecionando..." (47).
Foi uma longa caminhada: "Quantos séculos consumiu (o princí-
pio espiritual) revestindo formas monstruosas, aprimorando-se, aqui
e ali, ajudado pela interferência indireta das Inteligências superiores?
Acolheu-se no seio tépido das águas; através dos organismos ce-
lulares, que se mantinham e se multiplicavam por cissiparidade. Em
milhares de anos, fez longa viagem na esponja, passando a dominar
células autônomas, impondo-lhes o espírito de obediência e de coletivi-
dade, na organização primordial dos músculos. Experimentou longo tem-
po, antes de ensaiar os alicerces do aparelho nervoso, na medusa, no
verme, no batráquio, arrastando-se para emergir do fundo escuro e lo-
doso das águas, de modo a encetar as experiências primeiras, ao sol do
meridiano" (48).
Na descrição dos Amigos Espirituais, "viajou de simples impulso para
a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o ins-
tinto, do instinto para a razão". E, nessa viagem fantástica, em trânsito
da animalidade primitiva para a espiritualidade humana, construiu o cé-
rebro, órgão sagrado de manifestação da mente.
Segundo essas revelações, publicadas no ano de 1947, o cérebro, no
35
homem, evoluiu de modo a constituir-se em um castelo de três andares,
que tem nos lobos frontais, no córtex motor e na medula espinhal, ele-
mentos importantes de cada uma dessas estruturas. Trata-se de um único
cérebro que se divide, porém, em três regiões distintas (49). No primei-
ro andar, está o cérebro inicial, repositório dos movimentos instintivos;
onde moram hábitos e automatismos. É a sede do Subconsciente. Arma-
zém do passado, localiza-se, aí, o porão da individualidade, onde são ar-
quivadas todas as experiências e registrados os menores fatos da vida.
No segundo andar, está a sede das conquistas atuais, representada
pelo córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos.
Nele, localiza-se o Consciente, a possibilidade de manifestação do ser, no
atual momento evolutivo, contando, para isso, com duas ferramentas funda-
mentais - o esforço e a vontade.
No terceiro andar, localiza-se a parte mais nobre do cérebro, repre-
sentada pelos lobos frontais. Nele, configura-se o Superconsciente, através
do qual chegam os estímulos do futuro, com ênfase para o ideal e a meta
superior.
Esse modelo é muito semelhante ao do neurocientista Paul MacLean,
que assim se expressava: "Somos obrigados a olhar para nós mesmos e
para o mundo através dos olhos de três mentalidades muito diferentes",
referindo-se aos três cérebros que havia detectado em suas pesquisas
(50).
O livro de MacLean, The Triune Brain in Evolution, traz uma figura
esquemática sobre a evolução do cérebro com a seguinte explicação do
autor, em 1968: "Em sua evolução, o cérebro humano expande-se
seguindo as linhas de três formações básicas que anatômica e bioqui-
micamente refletem relacionamento ancestral, respectivamente, com os
répteis, mamíferos primitivos e recentes. As três formações estão no en-
céfalo, constituem os hemisférios cerebrais, e os elementos compreendi-
dos do telencéfalo ao diencéfalo".
Com relação à esquizofrenia, as revelações espirituais afirmam que
ela tem origem em perturbações sutis do perispírito, que se traduzem, no
corpo físico, em um conjunto de moléstias variáveis e, muitas vezes, in-
determinadas.
36
Os transtornos mentais, quase na sua totalidade, começam nas conse-
qüências de faltas graves que o ser humano pratica, tendo por base a
impaciência ou a tristeza. Uma vez instaladas no campo íntimo, essas
forças desequilibrantes desintegram a harmonia mental.
Como fica a questão da Consciência, neste início do século XXI? Com
os extraordinários avanços da Física Quântica, fica difícil continuar sus-
tentando que o cérebro nos dá consciência, inteligência, e demais atribu-
tos. Sabe-se, hoje, que o observador é necessário, porque ele converte as
ondas de possibilidades, os objetos quânticos, em eventos e objetos
reais.
Como lembra o professor Amit Goswami, da Universidade de Oregon, EU-
A, a Física Quântica trouxe três conceitos revolucionários: "movimento descon-
tínuo, interconectividade não-localizada e, finalmente, somando-se ao
conceito de causalidade ascendente da ciência newtoniana normal, o concei-
to da causalidade descendente a consciência escolhendo entre as possibi-
lidades, o evento real" (51).
Quando coloca esses três conceitos, o professor Goswami argumenta:
"se a consciência é um fenômeno cerebral, obedece à Física Quânti-
ca, como a observação consciente de um evento pode causar o colapso
da onda de possibilidades levando ao evento real que estamos vendo? A
consciência em si é uma possibilidade. Possibilidade não pode causar
colapso na possibilidade" (52). Foi raciocinando dessa forma que
ele abandonou o pensamento materialista com o qual tinha convivido
durante 45 anos e abraçou o espiritualismo.
Como bem assinalou Jean Guitton, com a física quântica: "as interpre-
tações objetivistas e deterministas do Universo, conformes ao bom sen-
so, não se podem manter. Que deveremos admitir no lugar delas? Que a
realidade 'em si' não existe; que ela depende do modo pelo qual decidi-
mos observá-la; que as entidades elementares que a compõem podem
ser uma coisa (uma onda) e ao mesmo tempo outra (uma partícula). E
que, de qualquer modo, essa realidade é, num sentido profundo, inde-
terminada." (Deus e a Ciência, p.9)
Assim, a visão materialista do mundo desvanece-se diante dos
nossos olhos.
37
Entramos, definitivamente, na Era do Espírito. Preparemo-nos para
uma espiral vertiginosa de novas descobertas, nunca antes imaginadas
por nossos espíritos imperfeitos.
CONCLUSÃO DA PRIMEIRA PARTE
O Paradigma Médico-Espírita sustenta-se, portanto, nos seguintes
princípios: Imortalidade da alma e ação hegemônica e prioritária desta
sobre o corpo físico e os envoltórios sutis (corpo mental, perispírito);
Poder co-criador da mente e dos pensamentos; Comunicabilidade do
Espírito por meios não sensoriais, inclusive na condição de encarnado;
Reencarnação, lei biológica natural que enseja aprimoramento contínuo
até condição de Espírito puro; Lei de Ação e Reação que respeita o
livre-arbítrio e confere a cada um segundo as próprias obras; Saúde como
estado de perfeita harmonia da alma; Cura como sendo autocura; Corpo
físico, templo sagrado, que age como filtro de impurezas da alma e meio
de evolução espiritual; Amor Universal como conquista máxima do ser,
que enseja o estado de saúde perfeita.
A análise desses princípios nos leva a uma certeza: "A medicina hu-
mana será muito diferente no futuro, quando a Ciência puder compreen-
der a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo das moléstias
do corpo físico. Muito raramente não se encontram as afecções diretamente
relacionadas com o psiquismo. Todos os órgãos são subordinados à ascen-
dência moral. As preocupações excessivas com os sintomas patológicos
aumentam as enfermidades; as grandes emoções podem curar o corpo ou
aniquilá-lo". (53)
Com esses princípios, trabalham os médicos espíritas, na expectativa
de implantar a Medicina da Alma, em seu duplo sentido: uma Medicina
que priorize o Espírito e, ao mesmo tempo, a bondade, a solidariedade, o
calor humano.
PERSPECTIVAS DA SAÚDE NO SÉCULO XXI
38
Neste início do século XXI, estamos completando praticamente
um século do advento da Medicina Científica. Antes do século XX, a
Medicina estava profundamente ligada à superstição; os pacientes
eram tratados, entre outros instrumentos, com sanguessugas, envene-
namentos, ventosas, í uadores, purgantes, congelamentos, aquecimentos,
e, não raro, aconselhados a fazer uso de estéreo de crocodilo, esperma de
sapo, pó de pedra, etc.
Com o extraordinário avanço científico-tecnológico do século
XX, o ensino e a prática da Medicina tornaram-se irreconhecíveis
para qualquer habitante do passado, já que são inacreditáveis para
nós mesmos, os contemporâneos. Seria impensável, por exemplo, para
os habitantes do século XIX, o extraordinário feito anunciado, em junho
de 2000 e fevereiro de 2001, quando cientistas de vanguarda entrega-
ram à humanidade o mapeamento de cerca de três bilhões e duzentos mi-
lhões de bases nitrogenadas e o cálculo estimado de 30 mil genes do
genoma humano. E, mais difícil ainda, pensar na continuidade dessas
pesquisas que estão tentando desvendar o total de proteínas do corpo
humano (proteoma) e a intrincada ligação gene-proteína, na intimidade
das moléculas, em escala inacreditável de bilionésimos de metro - os
nanos (número de nove casas depois da vírgula). E vem muito mais por
aí...
Vamos indicar, aqui, alguns estudos e linhas de pesquisa que estão
sendo feitos, em determinadas áreas da saúde, procurando analisá-los
à luz do Paradigma Médico-Espírita.
VACINAS
Até a década de 1970, os pesquisadores só estavam familiarizados
com o sistema imunológico humoral, assentado em anticorpos que saem à
caça de partículas portadoras de doença e as destroem antes que elas inva-
dam as células do organismo. Mas o organismo tem uma segunda linha de
defesa, o "celular". Em 1966, dois microbiologistas - Peter Doherty, da
Austrália, e Rolf Zinkernagem, da Suíça - ganharam o Prêmio Nobel por
terem descoberto como esse sistema imunológico "celular" funciona. Em
39
seus fundamentos, estão as células T matadoras, que saem à caça de
células do organismo que já foram infectadas por um agente patogênico,
destruindo-as e impedindo, dessa forma, que a doença se propague. As
melhores vacinas são as que conseguem ativar essas duas linhas de defesa.
Mas a verdadeira revolução tecnológica chegaria um pouco mais tarde
com a produção do DNA recombinante, a técnica mais eficaz de ativar
essas linhas de defesa.
Nos anos 80, biólogos moleculares descobriram um meio de reagrupar
material genético, o que possibilitou a manipulação genética de microorga-
nismos e de vacinas. Margaret Liu, médica e imunologista da Chiron Corp.,
empresa de biotecnologia localizada em Emeryville, Califórnia, EUA, lançou
o conceito das vacinas de DNA, em 1992. Ela chefiou uma equipe de cientis-
tas, demostrando que, se os fragmentos de DNA, que instruem uma célula
para produzir um antígeno, forem injetados diretamente no organismo, todas
as suas células vão assumir a tarefa de produzir a substância - e tais antíge-
nos podem causar uma enérgica reação das células T matadoras.
A manipulação genética traz uma nova esperança, a de superar um dos
maiores problemas da criação de vacinas, o fato de os agentes patogênicos
corriqueiros sofrerem mutações rápidas, dificultando o desenvolvimento de
uma vacina capaz de enfrentar o mutante.
Graças a essa tecnologia, pesquisadores da Universidade Rockefeller e
da Siga Pharmaceuticals Inc., criaram uma vacina nasal contra estreptoco-
cos e pneumococos que infectam milhões de pessoas não só nos EUA,
mas no mundo todo.
Também com a utilização dessa técnica, têm surgido, experimental-
mente, vacinas contra a aids. O método fundamental contra o HIV e outros
agentes patogênicos que penetram no organismo através das vias respira-
tória, digestiva ou reprodutiva, e o que estimula a "imunidade das muco-
sas". É a chamada vacina das mucosas, como a nasal, já citada.
Enquanto as vacinas tradicionais atuam na corrente sangüínea,
provocando a reação imunológica depois que o organismo foi infectado,
as vacinas das mucosas são aplicadas com spray, e podem evitar sumaria-
mente a infecção, estimulando células imunológicas que vivem no nariz,
boca e vias genitais. Essas vacinas experimentais para mucosas estão se
40
revelando promissoras contra aids, gripe, estreptococos, herpes e clamí-
dia, e embora as experiências não sejam conclusivas, já há dezenas delas
em andamento.
Os primeiros testes começaram em 1987, e mais de 40 estudos foram
feitos, desde então, mas os progressos esbarram na extrema facilidade de
mutação do vírus, por isso, as vacinas mais promissoras são as que ado-
tam mais de um método para estimular a reação imunológica. Em 2000,
Dan Barouch, da Escola de Medicina de Harvard, e, em 2001, Harriet
Robinson, do Centro de Vacinas Emory (EUA), apresentaram estudos acer-
ca de vacinas contra aids, que estimulam a resposta de células T (de
defesa), as mesmas que parecem controlar os sintomas no caso do desen-
volvimento da doença.
E possível que as vacinas venham a ser usadas como tratamento em
conjunto com as drogas anti-retrovirais, possibilitando a diminuição
na quantidade delas. Elas seriam usadas, no início do tratamento, para
manter a carga viral baixa (54). Segundo Anthony S. Fauci, pesquisador
da aids, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas
(Niaid), de Bethesda, EUA, que coordena 9 dos 17 projetos de vacina con-
tra o HIV: "Não vamos ter a vacina perfeita para aids no próximo ano
nem no seguinte, mas teremos ao menos em parte vacinas eficazes den-
tro de uma década".
PREDISPOSIÇÕES MÓRBIDAS X CONDUTA
O empenho desses cientistas, remete-nos a uma das afirmações
dos Mentores Espirituais:
"A medicina inventará mil modos de auxiliar o corpo atingido em
seu equilíbrio interno; por essa tarefa edificante, ela nos merecerá
sempre sincera admiração e fervente amor, entretanto, compete a nós
outros praticar a medicina da alma, que ampare o espírito enleado nas
sombras..." (55).
Certamente, toda a humanidade se beneficiará com as pesquisas des-
ses abnegados cientistas que têm devotado suas vidas à descoberta de
vacinas e medicamentos para melhorar a qualidade de vida no Planeta.
41
A medicina, porém, progredirá sempre, e será exercida, como usualmen-
te, de forma compatível com o desenvolvimento espiritual da humani-
dade.
O Paradigma Médico-Espírita lança os olhos para horizontes
mais amplos, para as conquistas futuras, afirmando que é impossível
chegar à verdadeira causa do processo infeccioso, sem considerar o
comando da alma sobre o corpo físico.
Toda vez que o. Espírito comete uma falta - entendendo-se por falta
a transgressão à Lei do Amor - ele provoca, pelo remorso conse-
qüente, mesmo o que irrompe, de modo inconsciente, o desequilíbrio
interno, desestruturando o corpo sutil ou perispírito. Surgem, então, as
distonias diversas desses envoltórios sutis, e as sinergias, desarticuladas
entre eles e o corpo físico, adulteram as trocas vitais do organismo e pro-
vocam a ruptura da harmonia celular. Conforme sejam essas disfunções,
determinadas zonas do organismo ficam mais vulneráveis, tornando-
se passíveis de invasão microbiana. Desse modo, os germes patogêni-
cos seriam uma ocorrência secundária, o verdadeiro desequilíbrio nas-
ceria na mente depois da falta cometida ou da ação menos digna reali-
zada.
E preciso ainda atentar para o fato de que a mente desequilibrada
atrai outras que estejam na mesma faixa vibratória, sobretudo as que
se sentiram lesadas pela falta cometida, o que pode agravar, em muito, o
problema.
No futuro, além de vacinas e medicamentos, teremos o apoio e efetivo a
mente humana, para que ela consiga superar, através do trabalho cons-
trutivo, o próprio remorso e, principalmente, para que se conscientize de
que o melhor sistema de prevenção à saúde consiste sempre na obser-
vância da lei de solidariedade e amor. (56)
PROJETO GENOMA HUMANO
No fim da primeira parte do Projeto Genoma, em fevereiro de 2001, muitas
suposições científicas não se confirmaram. Descobriu-se que o genoma hu-
mano tem um número baixo de genes e que o citoplasma diz ao núcleo o
42
que fazer e não ao contrário, como se supunha.
Ao anunciar o término dos primeiros estudos, Francis Collins, chefe do
Consórcio Governamental, afirmou:"...a complexidade do ser humano surgiu
de alguma outra fonte, pela qual devemos começar a procurar".
E Craig Venter, responsável pela Celera Genomics, empresa particular
que participou da pesquisa, enfatizou:
"Há duas falácias a serem evitadas: determinismo, a idéia de que todas
as características de uma pessoa estão "impressas" no genoma; e o redu-
cionismo, (a idéia) de que, agora que a seqüência humana é conhecida
por completo, será apenas uma questão de tempo até que nossa compre-
ensão das funções e das interações dos genes forneça uma descrição cau-
sai completa da variabilidade humana".
O fato é que se descobriu que temos, talvez, apenas uns 300 genes a
mais que um rato e que um gene opera "escolhas", formas alternativas
de editar a informação. Constatou-se ainda um paradoxo maior: o
gene é regulado pela proteína do citoplasma. Na verdade, as proteí-
nas determinam aquilo que deveria determiná-las, conforme suposição
anterior. E o gene fica à mercê dos estímulos do meio interno (cito-
plasma) e externo.
As revelações espirituais já nos tinham alertado quanto a essas pos-
sibilidades. No livro A Caminho da Luz, de 1938, Emmanuel afirma que:
"Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células albu-
minóides, as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e li-
vres, que se multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos
oceanos". Com isso, tomamos conhecimento de que as proteínas são as
mais antigas moléculas da vida na crosta terrestre. Isto já indicaria a
sua importância na hierarquia dos fenômenos envolvendo os seres vivos.
Do mesmo modo, no livro Evolução em Dois Mundos, em 1958, apren-
demos que a alma atua sobre o citoplasma, "através dos bióforos ou uni-
dades de força psicossomática" (57).
Entre essas unidades, os bióforos, estão as mitocôndrias, que são ver-
dadeiras usinas de força do citoplasma, que "podem ser consideradas
acumulações de energia espiritual, em forma de grânulos". Os bióforos,
portanto, são os que se encarregam de transmitir à célula a produção da
43
mente "todos os seus estados felizes ou infelizes" (58).
Em última análise, a mente age mais diretamente sobre as proteínas do
citoplasma (meio interno), influindo nas "escolhas" dos genes, isto é,
determinando a edição da informação. Poderíamos dizer que a mente
(espírito) seria o software desse computador sofisticadíssimo que é a
célula.
CÂNCER
Embora os avanços da última década, o que chamamos com a deno-
minação genérica de câncer são, na verdade, várias Doenças, com caracte-
rísticas similares, que apresentam variáveis »nuito amplas. O alto grau de
heterogeneidade dos tumores, pode levar ao sucesso ou não do arsenal
terapêutico disponível.
Em 1982, Mariano Barbacid, da Espanha, descobriu o primeiro onco-
gene; hoje, são mais de cem detectados. Desde então, os progressos na
luta contra o câncer não param. Os cientistas já descobriram células
imunológicas específicas capazes de atuar contra o câncer de mama e
de ovário.
Em São Paulo, Brasil, o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer
tem obtido importantes vitórias em desvendar o padrão de metástases.
O chefe do laboratório de Biologia Computacional desse Instituto,
Sandro José de Souza, um dos escolhidos pela revista Technology
Review, do (MIT) Massachusetts Institute of Technology, em novembro de
1999, aos 33 anos, como um dos cem jovens mais promissores do mundo,
na área de tecnologia, tem feito uso intensivo da informática na pesquisa
do genoma-câncer (59). O trabalho dele e da equipe é extrair material
genético de tumores de doentes com câncer, somente os pedaços do códi-
go utilizados pelas células cancerosas em sua atividade destruidora; de-
pois, esses estudos detalhados são encaminhados a outros institutos de
pesquisa no mundo, o que permitirá, no futuro, uma compreensão maior
do papel dos genes nessa intrincada moléstia e o desenho de remédios
específicos para cada indivíduo e cada tipo de tumor.
O oncologista já conta, no momento, com a possibilidade de desenhar um
44
tratamento específico, baseado nas características moleculares do tumor.
Com o emprego dessas drogas específicas, há menos efeitos colaterais.
Outro avanço foi alcançado no domínio da quimioterapia: em forma de
pílula, age diretamente sobre o tumor, matando as células malignas. Infe-
lizmente, devido ao alto custo, somente nos países mais ricos é possível
encontrar um maior número desses medicamentos, feitos, especificamente,
para determinados tipos de tumores.
CÂNCER NA VISÃO ESPIRITUAL
Como já dissemos, quando analisamos as infecções e as predisposi-
ções mórbidas, é preciso buscar na alma as raízes das doenças. No caso
do câncer, não poderia ser diferente.
As produções mentais negativas geram irradiações impróprias,
semelhantes às projeções de raios X ou de raios ultravioleta, que se tor-
nam lesivas às células, prejudicando o trabalho sinérgico delas, e pro-
vocando, conseqüentemente, a sua desarticulação.
A doença surge como um estado secundário; na verdade, a origem do
câncer ou da perturbação do equilíbrio celular encontra-se muito mais
radicada na distonia da mente.
Sabemos que no núcleo da célula, no genoma (total de genes), temos o
conjunto de probabilidades para a nova existência, construído com base no
estado evolutivo do Espírito reencarnante, refletido no perispírito ou mode-
lo organizador biológico. No núcleo, portanto, está expresso o carma
de cada um, a conta do destino que ele traz de vidas anteriores, mas
as criaturas têm a possibilidade de modificá-lo, todos os dias, fazendo
suas escolhas, quanto ao funcionamento - abertura ou fechamento- de de-
terminados genes; no caso do câncer, dos oncogenes.
A mente age sobre o cítoplasma e influi diretamente sobre as "es-
colhas" dos genes, selecionando-os; dela vai partir, portanto, a ordem
que os colocará em funcionamento ou não. Com o término da primeira
fase do Projeto Genoma, em fevereiro de 2001, vimos como é importante
o chamado meio interno, localizado no citoplasma da célula, e é justa-
mente aí, segundo informações dos Instrutores Espirituais, que a mente
atua, determinando ao núcleo o que fazer. Isto explica porque, embora
45
presente no genoma de famílias inteiras, determinado oncogene só se
manifesta em alguns dos seus membros.
Por tudo isso, a medicina do futuro dará ênfase ao papel educativo do
médico, que estará muito mais engajado no aspecto preventivo das doen-
ças. Como educador e um dos principais agentes de saúde, ele ressaltará
a importância da conduta moral elevada, difundindo a necessidade do
cultivo da humildade e do devotamento ao bem para que o ser humano
conquiste a saúde sem mácula. Segundo os ensinamentos espirituais,
somente o amor puro, desinteressado, enseja a imunologia perfeita, por-
que permite a assimilação das forças superiores que mantém o corpo sau-
dável (60).
RECONSTRUINDO O CORPO
Hoje, mais que em qualquer fase do planeta, as pesquisas são transdisci-
plinares, com a participação de engenheiros, físicos e químicos nas pesqui-
sas biomédicas. Tem sido assim na produção de ossos e cartilagens.
Joseph Vacanti, cirurgião pediátrico norte-americano, diretor do
Laboratório de Transplantes e Engenharia de Tecidos do Hospital Infantil
de Boston, trabalha na fabricação de órgãos humanos. Em 1986, com o
engenheiro Robert Langer, criou um processo que vem sendo utilizado
para produzir tecidos humanos por meio de bioengenharia. Hoje em dia,
existem dúzias de laboratórios produzindo cartilagens, ossos e orelhas.
Até 2020, cerca de 95% do corpo humano já poderá ser substituído por
órgãos criados, segundo crêem os cientistas.
Outros nomes merecem destaque nesse campo. Lembraremos
dois deles. Venkatram Shastri (61), mais conhecido como Prasad, nasceu em
Bombaim, na índia, onde graduou-se em química. Trabalha, desde 1994, no
MIT, no laboratório chefiado por Robert Langer, dentro do Departamen-
to de Engenharia Química, onde se produz uma usina de novos materi-
ais para a medicina, como é o caso da cartilagem cultivada em laboratório.
Prasad é engenheiro de tecidos, no momento, especialista em cartila-
gens, mas também pretende trabalhar com pesquisas de células-tronco
embrionárias, que são capazes de se transformar em qualquer tipo celu-
46
lar do organismo adulto.
Jackie Ying (62), engenheira química norte-americana, chefia um
grupo que toca 17 projetos do MIT e também foi apontada, como Prasad,
pela prestigiada revista Technology Review, entre as cem maiores pro-
messas da tecnologia para o século 21. Um dos campos que Ying pes-
quisa é o de materiais nanocristalinos, nos quais se manipulam a
estrutura e organização das moléculas, com vistas à fabricação de os-
sos artificiais.
Todas essas conquistas da ciência são bem-vindas, mas há uma verda-
de para a qual os Espíritos Superiores nos chamam a atenção:
"Ofertamos braços e pernas artificiais aos mutilados; contudo, so-
mos francamente incapazes de remediar as lesões do sentimento" (63).
E necessário trabalhar preventivamente neste campo, sem o que
podemos multiplicar a nossa capacidade de produzir remendos, mas não
seremos capazes de eliminar as causas produtoras das lesões.
TECNOLOGIA X DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Desde 1994, o médico Yohichi Haga e o engenheiro Masayoshi E-
sashi têm trabalhado 12 horas por dia, em um dos laboratórios da Uni-
versidade de Tohoku , em Sendai, a 350 km ao norte de Tóquio, no aper-
feiçoamento de um novo catéter totalmente articulado e inteligente, co-
mandado por joy stick, que navegará por dentro das veias e artérias do
corpo humano.
Com esse catéter-robô, não será mais necessário de torcer o fio, quando
se tem de fazer uma curva dentro da veia ou artéria, porque será guiado até
o ponto desejado com o auxílio de um ou vários joy sticks. O novo processo
dispensará o uso de raio X, pois a ponta do instrumento terá um censor que
emitirá sinais de dentro do corpo do paciente. O sinal será sobreposto, no
computador, a uma imagem digitalizada do corpo do paciente, obtido pre-
viamente com a ajuda de ressonância magnética. A intenção é entrar no
cérebro para retirar aneurismas cerebrais, uma vez que o catéter, construí-
do à base de tecnologia digital e microrrobótica, terá apenas l mm de
47
diâmetro.
Lina Badimón, médica pesquisadora do Hospital Mount Sinai,
em Nova York, e também da Universidade de Harvard, atualmente,
diretora da cadeira de Pesquisas Cardiovasculares da Universidade Autô-
noma de Barcelona, tem se dedicado a decifrar os mecanismos dos ataques
cardíacos. Ela espera encontrar um meio de bloquear a formação
de placas arteriais para que se possa evitar os infartos do miocár-
dio (64).
Pesquisadores do Rio de Janeiro anunciaram, no dia 29 de abril de 2002, o
sucesso do emprego de células-tronco adultas no tratamento de doenças cardí-
acas terminais. Segundo o biólogo Radovan Borojevic, da Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro (UFRJ) e o médico Hans Dohmann, ambos coordenado-
res da pesquisa, o resultado foi muito além do esperado. Os pacientes que,
teoricamente, tinham seis meses de vida e mal podiam tomar banho, hoje
em dia, caminham e fazem exercício físico. O coração deles voltou a funcionar
com a mesma eficiência de uma pessoa sadia (65). As células-tronco, que dão
origem aos mais diversos tecidos do corpo, podem ser encontradas nos embri-
ões, em suas primeiras fases de desenvolvimento, e em algumas áreas do
organismo adulto, como, por exemplo, na medula óssea.
Nessa pesquisa, foram utilizadas as da medula óssea do próprio paciente,
de modo que não causaram nenhum tipo de rejeição. Os pesquisadores retira-
ram do osso do paciente o material de onde separaram as células-tronco, estas
receberam tratamento adequado em laboratório e depois foram reinseridas no
coração do paciente, com um catéter. O processo todo durou 48 horas, sem ne-
cessidade de internar o paciente numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Os resultados não dependem somente do sucesso do transplante de cé-
lulas, mas principalmente do estado em que se encontram o coração e a
medula óssea da pessoa. Segundo pesquisa da revista Nature Biotechnology
(66), um grupo de cientistas noruegueses conseguiu outro feito impor-
tante, transformou células comuns de pele humana em células imuno-
lógicas ou de defesa do organismo
O grupo, da empresa de biotecnologia Nucleotech LLC, prepara-se para
oferecer aos pacientes, transplantes dos próprios tecidos, podendo, em
tese, tratar doenças como diabetes juvenil e deficiência imunológica. James
48
Robl e seus colegas, na Nucleotech e na Universidade de Oslo, Noruega,
abriram buracos em células maduras da pele, mergulhando-as, depois, nu-
ma solução feita de células-tronco imunológicas. Com isso, obtiveram célu-
las muito semelhantes às células-T, do sistema de defesa. O procedimento é
simplificado para um dia: o paciente vem e faz uma biópsia de pele para o
laboratório reprogramar e, no dia seguinte, receberá as células de volta.
Essa técnica, se confirmada, simplificará o processo de obtenção das célu-
las reparadoras do tecido lesado, com a reprogramação de células adultas, a
partir de pouca quantidade de células-tronco.
Todos esses procedimentos entreabrem uma verdadeira revolução na
Medicina dos nossos dias, tornando, em breve, obsoletos os transplantes e
outros procedimentos que implicam amplas cirurgias, invasivas e expolia-
doras.
Ainda assim, restaria uma lembrança dos mentores a ser conside-
rada:
"Sabemos equilibrar a circulação do sangue para garantir a segurança
do ciclo cardíaco, mas ignoramos como libertar o coração do cárcere de
sombras em que jaz, muitas vezes mergulhado na poça das lágrimas, quando
não seja algemado aos monstros da delinqüência" (67).
Mais uma vez aqui se destaca a necessidade da educação preventiva
que, reduzindo os desequilíbrios, permitirá à Medicina tratar, cada
vez com mais eficácia, um menor número de pacientes, selecionados não
pela capacidade de remuneração, mas pela diminuição das causas induto-
ras dos estados doentios. Esta, que é a filosofia do saneamento básico
nas cidades e povoados, dever-se-á impor também na Medicina do
futuro.
Etienne-Emile Baulieu, médico, cientista e pesquisador francês, Di-
retor da Unidade 33 do Inserm, em Paris, tornou-se famoso como pai da
"pílula do dia seguinte", a RU 486, pílula abortiva, adotada há muitos
anos na França e, desde o ano 2000, nos EUA.
Baulieu descobriu o neuroesteróide DHEA (deidroepiandrosterona)
nos anos 60, mas só recentemente voltou-se para o seu estudo, consta-
tando que a queda na sua produção está diretamente ligada ao enve-
lhecimento humano. Descobriu também que ele é fabricado não apenas
49
pelas glândulas supra-renais, mas também pelo cérebro e, quando ad-
ministrado, não produz efeito colateral indesejável.
Como fruto de seu trabalho, o DHEA passou a ser comercializado
e vendido na França, desde junho de 2001, sendo mais conhecido co-
mo a "pílula da juventude". Segundo seu descobridor, o envelhecimento
é irreversível, mas é possível, com o auxílio do hormônio, tratar da pele,
dos cabelos brancos, reverter vários problemas cerebrais, como a difi-
culdade de aprender, melhorar o bem-estar, e viver, quem sabe, cerca
de 150 anos.
Apesar disso, é preciso não esquecer, a respeito deste assunto, o
que dizem os Instrutores Espirituais:
"A personalidade não é obra da usina interna das glândulas, mas
produto da química mental" (68).
Enfatizando ainda:
"A endocrinologia poderá fazer muito com uma injeção de hormônios
(...) , mas não sanará lesões do pensamento" (69).
Viver até 150 anos, sem preparo nenhum do ponto de vista espiritual, é
dilatar bastante a possibilidade de incidência da demência senil, uma
vez que esta, na grande maioria das vezes, significa a fixação da mente
nos impulsos inferiores (70). E para a infantilidade espiritual não há hor-
mônio nenhum que dê jeito. É imprescindível, para obter uma melhor
qualidade de vida, que o ser humano aprenda a viver segundo os ensi-
namentos de Jesus, que nos recomenda a "amar ao próximo, como a nós
mesmos".
CAMINHOS DA SOLIDARIEDADE
No Brasil, o médico infectologista, Eugênio Scannavino, diretor da
organização não-governamental Saúde e Alegria, trabalha em Santa-
rém, Pará, com uma população de 20 mil pessoas. Criou a ONG,
que é financiada por organismos internacionais, ao preço ínfimo de me-
nos de 10 dólares por pessoa ao ano, com a finalidade de combater a
miséria e a iegradação ambiental, utilizando, para isso, circo, palhaços,
radio, jornal e TV. Criado em 1987, o programa tem 320 agentes comuni-
50
tários e 120 repórteres rurais. A mortalidade infantil é combatida com
educação, cloro e uma farinha feita com gergelim e folha de mandioca.
Com isso, não há mais morte por diarréia nem desnutrição, nas popu-
lações ribeirinhas dos rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns, perto de
Santarém.
Não conheço pessoalmente o Dr. Scannavino, nem sei se ele
tem alguma convicção religiosa, na verdade, isto é irrelevante, o que
desejo ressaltar é o seu exemplo, para lembrar que os médicos espíri-
tas também estão atentos às suas responsabilidades sociais em relação
às populações mais carentes.
Desde os primórdios do movimento médico-espírita brasileiro, no
século XIX, tendo à frente Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, nosso patrono,
são muitos os exemplos de colegas que têm se dedicado, abnegadamente,
aos mais pobres, procurando diminuir suas dores e angústias.
O Paradigma Médico-Espírita inclui a solidariedade como uma das vi-
gas-mestras de sua estrutura. E esse sentimento que nasce do mais puro
amor fraterno, é o traço de união que deve unir o médico à coletividade.
Nesse momento em que a Ciência progride vertiginosamente no planeta,
em que vemos diminuir os sofrimentos do corpo, constatamos, por outro
lado, a multiplicação das doenças da alma.
Os assassinatos cometidos nas guerras apresentam requintes de
perversidade muito além dos que foram conhecidos em épocas anteriores;
os homicídios, os suicídios, as tragédias conjugais, os sentimentos
desgovernados, a inquietação sexual, as moléstias desconhecidas, a
loucura, invadem os lares humanos. O homem não está preparado para
lidar com o conforto físico, porque não sabe agir efetivamente no campo
do Espírito, construindo o Bem. Por isso, "dominará, cada vez mais, a pai-
sagem exterior que se lhe constitui moradia, embora conheça a si mesmo
(71).
Neste momento grave pelo qual passa o Planeta, julgamos muito impor-
tante a mensagem da Espiritualidade Superior:
"O médico do porvir (...) não circunscreverá sua ação profissional ao
simples fornecimento de indicações técnicas, dirigindo-se, muito mais,
nos trabalhos curativos, às providências espirituais, onde o amor cristão
51
represente o maior papel" (73).
NOTAS EXPLICATIVAS
(1) In Revista Espírita, dez. 1 868)
(2) La Gênese, chap. I
(3) A Gênese, cap. I
(4) O Ponto de Mutação, p. 259
(5) Ver O Consolador, Emmanuel
(6) Comentário de Santo Agostinho a Isaías, VII, 9: Se não crerdes
não entendereis" Ver De Trinitrate, XV, n 2-3.
(7) Prólogo de Albert Einstein ao livro de Max Planck, Aonde Vai
a Ciência?
(8) Ver Intuition: A Link Between Psi and Spirituality, chapter 7
(9) A Gênese, cap. I
(10) Libertação, cap. l, p. 18.
(11) Missionários da Luz, p. 182
(12) Ver os excelentes conceitos do livro Pensamento e Vida, de
Emmanuel, 1958
(13) As informações podem ser encontradas nos livros, de MichaelSabom:
Recordações daMorte (Recollections ofDeath); deMoody: Vida Após a Vida (Life
after Life); de Elizabeth Kübler Ross: Morte: Um Amanhecer, uma Luz que se
Apaga, e outros; de Morse: Mais Próximo da Luz (Closer To The Ligh) e Transformados
pela Luz (Transformed by Light); de Ring: Vida na Morte (Life atDeath) e Rumo ao
Ponto Omega (Heading Toward Omega); de Margot Grey: Voltando da Morte.
(14) Mecanismos da Mediunidade, cap.4, p. 44
(15) Evolução em Dois Mundos, cap. XIII, p. 96
52
(16) Mecanismos da Mediunidade, cap. 4, p. 42
(17) Veja a excelente aula sobre o assunto em Ação e Reação, cap. IV, p.53 e 54
(18) Mecanismos da Mediunidade, cap. XII, p. 86
(19) O Mundo Dentro do Mundo, cap. 3, p. 208 a 210
(20) Acompanhe a conf. de Penrose em O Que é Vida 50 Anos Depois,cap. 9, p.
138 a 140
(21) Ver também o livro de Roger Penrose: O Grande, o Pequeno e a Mente
Humana
(22) Essas revelações espirituais vieram através do médium Francisco C.
Xavier, mais particularmente, de 1943 a 1968, e constam dos livros: Os Mensageiros,
cap. XV, (1944); Evolução em Dois Mundos, cap.III (1958); E a Vida Continua...,
cap.9 (1968). Nestes dois últimos,Chico Xavier teve a colaboração do então mé-
dium, Waldo Vieira.
(23) Ver Space, Time and Beyond, 1987, p. 47 e 146
(24) Ver O Livro dos Espíritos, item 257. Vide a análise feita por Elzio
Ferreira de Souza, no artigo, Perispírito e Chacras, in Saúde e Espiritismo,
p. 36 a 39 (Corpos espirituais na obra de Allan Kardec)
(25) Nosso Lar, cap. 12
(26) Ver artigo de Elzio Ferreira de Souza, Perispírito e Chacras, p. 46,
in Saúde e Espiritismo
(27) Evolução em Dois Mundos, cap. II, p.25
(28) Missionários da Luz, cap. 9
(29) Roteiro, cap. 6, p. 29 a 31
(30) Ver Allan Kardec, A Gênese, cap. X. O texto citado é extraído do
livro de André Luiz, Nos Domínios da Mediunidade, cap. XI
(31) Destacamos, de Hernani Guimarães Andrade, o artigo Campo
Biomagnético, in Saúde e Espiritismo; e os livros: Morte,
Renascimento; Evolução, Espírito, Perispírito e Alma; Psiquântico;
de Rupert Sheldrake: O Renascimento da Natureza e Seven
Experiments that Could Change the World
(32) Recomendamos o livro Ação e Reação (l957), todo ele dedicado ao
estudo do Carma e das vidas sucessivas
(33) Entre a Terra e o Céu (1954), cap. XXI
(34) Evolução em Dois Mundos, cap. XVII, 2 a parte)
53
Maiores informações nos livros da Coletânea André Luiz: Evolução
em Dois Mundos (cap. XIX), Entre a Terra e o Céu (cap. III e XIII);
Sexo e Destino (cap. II)
(35) Mais detalhes no livro E a Vida Continua..., cap. 10
(36) Entre a Terra e o Céu, cap. XIII
(37) NMM, cap. IV, MM, cap XXI
(38) Site Andrew Newberg
(39) Dados do PubMed, www.ncbi.nlm.nih.gov, do NIH.
(40) Nosso Lar, p. 40
(41) Os Mensageiros, p. 74
(42) Medicina Espiritual, cap. l
(43) Ver Scientific Research on Spirítuality and Health, discussão quanto
ao termo Espiritualidade.
(44) Ver Entre a Terra e o Céu, cap. 27
(45) Missionários da Luz, cap. XIII, e ver também Espírito Perispírito e
Alma de Hernani G. Andrade
(46) e (48) Ver No Mundo Maior, caps. III e IV
(49) Ver caps. 12, 16, e outros, in No Mundo Maior
(50) Citado por Carl Sagan, in Os Dragões do Éden , cap. 3
(51) e (52) Entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, São Paulo,
e mais a tese desenvolvida pelo professor Goswami, em seu livro Universo Au-
toconsciente
(53) Missionários da Luz, cap. 12
(54) Ver Folha Ciência (9/3/01), Isabel Gerhardt, comentários à revista
Science (9/3/2001)
(55) No Mundo Maior, cap. XI
(56) Instruções nos livros: Entre a Terra e o Céu, cap. X, e Evolução em
Dois Mundos, caps. 19 e 20, 2 a parte
(57) Evolução em Dois Mundos, cap. VII
(58) Evolução em Dois Mundos, cap. VIII
(59) Revista da Folha, Reportagem especial, Marcelo Leite, 30/12/99
(60) Maiores informações, em Evolução em Dois Mundos, cap. XX
(61) e (62) Especial FSP, 30/12/99
(62) Evolução em Dois Mundos ,  Prefá
(63) Especial FSP, 30/12/99
(64) Folha Ciência, 1/5/02
tacio
54
(66) www.nature.com/nbt
(67) Evolução em Dois Mundos, prefácio
(68) e (69) No Mundo Maior, cap.ll
(70) No Mundo Maior, cap 16
(71) Os Mensageiros, cap. V, pp. 33 e 34
(72) No Mundo Maior, cap.ll
(73) Missionários da Luz, cap. 12
55
PERISPÍRITO
NATUREZA, CONSTITUIÇÃO, MODIFICAÇÕES NORMAIS E PATOLÓGI-
CAS, PAPEL NAS DOENÇAS, ETC.
"... o perispírito não deixa de ser uma espécie
de matéria, o que decorre do fato
das aparições tangíveis... "
(KARDEC Allan , O livro dos médiuns, cap. I, p. 74)
O princípio espiritual, também chamado de princípio inteligente, que
está disseminado por todo o Universo, vai individualizar-se, um dia, e cons-
tituir-se naquilo que conhecemos como Espírito.
Deus, Espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe. O
Espírito é o princípio inteligente do Universo. Individualizado, esse princípio
constitui os chamados Espíritos, como, individualizado, o elemento material
constitui os diferentes corpos da Natureza, orgânicos e inorgânicos. (1)
O princípio espiritual é, pois, de origem divina; inicia, nos albores da vida
biológica, como ameba ou ser unicelular, o seu processo de individualização,
animando corpos inumeráveis, até que se complete, com a construção do corpo
humano e a conquista do direito de decidir quanto ao próprio destino, bata-
lhando, a partir de então, para vencer a simplicidade e a ignorância
congênitas, e crescer, cada vez mais, em conhecimento e amor, na continui-
dade das encarnações sucessivas.
Assim, durante bilhões de anos, o Espírito modelou os seus envoltórios, o-
riundos do Fluido Cósmico (matéria elementar): o corpo físico, construído a
partir do charco, do limo da Terra, dando vida a formas incontáveis e
inimagináveis, desde cristais minerais, seres unicelulares e pluricelulares,
até atingir a condição humana, e, concomitantemente, teceu os corpos
sutis, não sujeitos à morte física, como o perispírito, para que lhe servis-
sem de instrumentos na modelagem da matéria.
Nessa extraordinária aventura, guiado pelos Gênios Construtores, o
princípio espiritual passa pelo crisol do tempo, buscando firmar-se no rumo
56
do Amor Universal, arquétipo maior ao qual se destina, caindo aqui, levan-
tando ali, entre erros e acertos, até que consiga, finalmente, erguer-se do pó
da Terra e transformar-se em efetivo colaborador da Obra Divina.
Allan Kardec enfatiza que o Espírito não é uma abstração, um ser indefi-
nido, só possível de conceber-se pelo pensamento, antes é um ser real, cuja
existência ele próprio pôde constatar nas inúmeras entrevistas que fez com os
desencarnados, em sessões mediúnicas diversas, acumulando fatos, que lhe
permitiram coletar uma casuística valiosa. Com base nela, afirmou;
"À idéia intuitiva e à força do raciocínio o Espiritismo junta a sanção
dos fatos, a prova material da existência do ser espiritual, da sua sobrevi-
vência, da sua imortalidade e da sua individualidade. Mostra o ser inteligen-
te a atuar fora da matéria, quer depois, quer durante a vida do corpo". (2)
Ao chamar a atenção para a existência do Espírito e apresentar fortes evidên-
cias da sua existência, Kardec inaugurou, na Terra, um novo paradigma, fin-
cando as bases de uma Era Nova, calcada em uma visão holística do mundo,
que contribui, efetivamente, para a mudança no modo de vida, na percepção
da realidade, na conduta da humanidade futura, dentro de padrões éticos superi-
ores que priorizam os sentimentos de amor e fraternidade.
Ao ressaltar o valor do Espírito, automaticamente, Kardec chamou a aten-
ção para o papel do perispírito e de sua relação com o corpo físico.
Compreendemos que o Espírito, para alcançar o progresso, deve revestir-se,
temporariamente, de um corpo físico perecível, mas não pode atuar direta-
mente sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o
envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte dele. Esse envoltório,
denominado perispírito, torna-o apto a atuar na matéria tangível. (3)
No corpo físico, a alma está localizada no cérebro, mais precisamente, na
fossa romboidal, (4) mas irradia-se, por todos os envoltórios, domesticando
prótons, elétrons e partículas de todas as faixas vibratórias, impondo o vigor
de sua vontade aos trilhões de células que compõem os seus diversos envol-
tórios.
CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO
Alma, Corpo Físico e Envoltórios Sutis são os constituintes do ser huma-
57
no. Este é, portanto, muito mais complexo do que se consegue visuali-
zar a olho desarmado ou através da tecnologia comum.
Denominamos envoltórios sutis ao Corpo Mental e ao Perispírito.
Sabemos muito pouco com relação ao corpo mental, apenas que "é o
envoltório sutil da mente" e que dá origem ao Perispírito. (5) Segundo os
Orientadores Espirituais, porém, devemos considerar válidos os estudos já
realizados por outras escolas espiritualistas a respeito dele, o que entreabre
um campo maior de informações, entre estas, a de que é o responsável pela
proctação dos pensamentos, exteriorizando, nesta função, "uma ração de si
mesmo". (6)
André Luiz, médico e pesquisador, desencarnado no Rio de Janeiro, na
década de 1930, também faz referência a essa função co-criadora (7): "a
mente elabora as criações que fluem da vontade, apropriando-se dos
elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se, auto-
maticamente, de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga res-
peito (...)" O Instrutor Espiritual refere-se ao corpo mental, quando ensina
que a mente busca na matéria (energia) elementar primitiva ou plasma divi-
no, os elementos necessários à produção dos pensamentos, mostrando a
sua ligação com o perispírito, particularmente, com o centro coronário, o
principal deles.
A seguir, vamos resumir, de forma bem suscinta, as informações
trazidas pelos Espíritos Instrutores, nos séculos XIX e XX, sobre o Pe-
rispírito.
NATUREZA DO PERISPÍRITO
De forma suscinta, podemos conceituar Perispírito como sendo o en-
voltório sutil do Espírito que lhe permite interagir no plano em que se
encontra.
Analisando-o de forma mais ampla, é um corpo organizado, molde fun-
damental para a formação do corpo biológico, que se modifica sob o co-
mando do pensamento e subsiste após a morte física, ocupando, no mundo
espiritual, região própria, segundo seu peso específico, submetendo-se às
58
leis de gravidade no plano em que se encontra. É formado por substâncias
químicas que obedecem a uma escala periódica de elementos, semelhan-
te à de Mendeleiv, mas em outra faixa vibratória. (8)
O perispírito desaparecerá, um dia, assim como o corpo mental, por-
que ambos são formados pela matéria cósmica primitiva ou elementar,
também chamada de Fluido Cósmico Universal ou Plasma Divino. Quan-
do o Espírito atinge o máximo grau de aperfeiçoamento, de conformida-
de com o mundo em que habita, ambos os envoltórios deixam de existir,
por terem cumprido a sua finalidade, que é a de servir de instrumento para
que ele atinja o topo da escada evolutiva. Nesse caso, ambos voltam ao
estágio de matéria cósmica elementar, da qual são constituídos, para
serem reaproveitados, novamente, conforme a Vontade do Criador. Pas-
sam, assim, a fazer parte do imenso oceano de energia, no qual estamos
mergulhados, do mesmo modo como um dia dele farão parte as estrelas
mais cintilantes do cosmo.
No livro Evolução em Dois Mundos (cap. I), André Luiz não deixa ne-
nhuma dúvida quanto a isso, porque afirma que tudo que deriva do
plasma divino, ou matéria elementar, deixará de existir, com o passar do
tempo, para volver à condição inicial. Quanto à sua natureza, sabemos
que é formado por uma estrutura eletromagnética, constituída de elé-
trons e fótons iguais aos que integram o corpo físico, porém, em outras
freqüências vibratórias. Ele tem todos os recursos automáticos para go-
vernar os bilhões de células que o compõem.
Para detectar a matéria que entra na sua constituição, a Física terá que
avançar muito mais em suas pesquisas, tendo em vista que terá de chegar
ao elemento básico com o qual o Universo é construído. E, mais, segundo as
Revelações Espirituais, o elétron é partícula dissociável e a matéria física,
mesmo a mais pesada e volumosa, é constituída de "luz coagulada". (10)
Os Instrutores Espirituais afirmam ainda que enxergamos apenas uma
oitava parte do que acontece ao nosso redor, o que nos dá idéia do quanto
a Ciência terá que avançar para descobrir as múltiplas dimensões da vida
e o tipo de "matéria" que entra na constituição de cada uma delas, o que
significa decifrar os múltiplos arranjos ou modos de "coagulação" da luz,
que entram na formação das partículas dessas múltiplas dimensões.
59
Alan Wolf, no livro Space Time and Beyond, enunciaram um postulado
muito semelhante ao da Revelação Espiritual: "a matéria não é nada mais do
que luz capturada gravitacionalmente" (11). Esperamos que a constatação
e os desdobramentos dessa verdade nos levem a mais amplas conquis-
tas no conhecimento da vida espiritual.
CONSTITUIÇÃO
As revelações confluem para um modelo de perispírito composto de camadas,
tipo "cebola", que englobam o corpo causai e o vital (duplo etérico).
Quando está encarnado, o Espírito é denominado alma e possui e-
lementos necessários à sua atuação na matéria, fornecidos, principal-
mente, pelo corpo vital ou duplo etérico; se está no plano extrafísico, já
não necessita do corpo vital, tal como é estruturado no mundo material,
reveste-se, então, de outros elementos, próprios das dimensões espiritu-
ais onde estagia.
Há os que argumentam que esses constituintes do perispírito não são ci-
tados nos livros da Codificação, não sendo, portanto, facilmente aceitá-
veis. De fato, explicitamente, não o são, mas há, neles, inúmeras referên-
cias a elementos de natureza variável, que entram na sua constituição e
que merecem maior atenção. A respeito disso, vejamos a pesquisa feita
por Elzio Ferreira de Souza(12):
"Kardec, em lhe perquirindo a natureza, afirmou, ser ele,
constituído de eletricidade, de fluido magnético animalizado, de
fluido nervoso, de matéria inerte (O Livro dos Espíritos, Q. 54, 65,
74.1 e a nota 257; Revista Espírita, 1858, dez.), semimaterial (O Livro
dos Espíritos 94, 135; O Livro dos Médiuns, 74.13, 75) ; "matéria elé-
trica ou de outra tão sutil quanto esta". "É evidente que tais palavras
não são sinônimas, e que Kardec procurava abarcar de modo mais
amplo a natureza do perispírito, dando a entender a existência de uma
constituição plúrima, como se pode deduzir da assertiva de tratar-se de
um fluido nervoso."
A razão da ênfase é que, sendo esse fluido nervoso de natureza mate-
rial, evidentemente, não pode acompanhar o Espírito, após a morte física,
60
o mesmo podendo-se dizer do fluido, ou melhor, energia vital que Kardec
também afirma fazer parte do perispírito (O Livro dos Médiuns, item 77),
identificando-o com o ectoplasma, a substância exteriorizada nas sessões
de materialização.
Não é difícil concluir, portanto, que esses elementos - fluidos,
nervoso e vital, e matéria inerte - fazem parte do duplo etérico dos
teosofistas e das doutrinas orientais, fadado a desaparecer, logo após a
morte física, constituindo-se em um dos envoltórios englobados no pró-
prio perispírito.
O modelo composto de camadas, tipo cebola, foi registrado pelo Dr. An-
tônio J. Freire acerca de uma comunicação mediúnica , obtida pelo coronel
Albert de Rochas , ditada pelo Espírito Vincent, que "afirmava que o
perispírito é constituído por uma série de invólucros, mais ou menos
eterizados, de que os habitantes do Mundo Astral vão se desfazendo su-
cessivamente à medida que se elevam na escala da evolução, hão sendo
embutidos uns sobre os outros como os tubos dum telescópio, mas inter-
penetrando-se em todas as suas partes". (13)
CORPO CAUSAL: No livro Nosso Lar, aprendemos que esse constituinte
do perispírito é formado da roupa imunda, tecida por nossas mãos nas
experiências anteriores. (14)
A esse respeito, Elzio F. Souza comenta (15): "verificamos que o corpo
causal é o ponto de registro, o banco divino, onde se encontram os nos-
sos débitos e os nossos créditos, e que se, presentemente , é ainda uma
roupa imunda, isto ocorre por desídia nossa, pois a tarefa reencarnatória
se destina a 'nos purificarmos pelo esforço da lavagem', tarefa que, na
maior parte das vezes, não empreendemos. As explicações são do Espíri-
to Lísias, visitador dos serviços de saúde: Imagine, explicava Lísias, que
cada um de nós, renascendo no planeta, somos portadores de um fato
sujo, para lavar no tanque da vida humana. Essa roupa é o corpo causai,
tecido por nossas mãos nas experiências anteriores. Os hindus denomi-
nam-no kâranakosha (corpo causai) ou anandamaykosha (corpo de
bem-aventurança), o corpo de luz, naturalmente porque se reportam a
ele quando devidamente depurado".
61
CORPO VITAL OU DUPLO ETÉRICO
Esse corpo é descrito, com alguns detalhes, no livro Nos Domínios da
Mediunidade, outro da coletânea André Luiz, quando, durante a sessão, um
dos médiuns tem um desdobramento ou experiência fora do corpo. Ve-
jamos a descrição: "A princípio seu perispírito ou 'corpo astral' estava
revestido com os eflúvios vitais que asseguram o equilíbrio entre a alma
e o corpo de carne, conhecidos aqueles, em seu conjunto, como sendo o
"duplo etérico", formado por emanações neuropsíquicas que pertencem ao
campo fisiológico e que, por isso mesmo, não conseguem maior afasta-
mento da organização terrestre, destinando-se à desintegração, tanto
quanto ocorre ao instrumento carnal, por ocasião da morte renovadora".
(16)
O corpo vital ou duplo etérico é o mais grosseiro dos componentes do
perispírito e tende a desaparecer com a morte física. Ele é constituído de
fluido vital, oriundo da matéria elementar, sem ele, não há como expli-
car a complexidade da célula viva.
As sessões de materialização ou de ectoplasmia, assim como as de cura,
têm como elemento básico o ectoplasma, principal constituinte do duplo
etérico.
Certamente, em face da sua natureza física, apesar de conservar-se,
em geral, invisível, não é possível o afastamento do duplo além de uma
distância de dez metros sem que isso venha a determinar a morte do
sensitivo.
VTTALISMO X REDUCIONISMO
As escolas vitalista e reducionista co-existiram, durante muitos sécu-
los, e ainda estão presentes, no campo científico e filosófico; a pri-
meira, preconizando a existência de uma "substância imaterial", essen-
cial ao funcionamento das células dos seres vivos; a segunda, reduzindo
tudo às propriedades do quimismo celular.
No século XX, na década de 1930, surgiu uma terceira via, a biolo-
gia organísmica ou organicismo, em oposição ao mecanicismo e ao vita-
lismo. Os biólogos organísmicos afirmam que o entendimento da "or-
62
ganização", ou das "relações organizadoras", é o mais importante para
explicar o ser vivo e nenhuma entidade separada, "não física", é neces-
sária para o entendimento da vida. (17)
A nosso ver, tanto a explicação dos organicistas quanto a dos redu-
cionistas são insatisfatórias.
Embora a maioria dos cientistas esteja convicta de que a vida se
restringe a um mero jogo de forças físico-químicas ou de "arranjos
organizadores", esses paradigmas ainda não deram respostas convincen-
tes a muitas questões. Não se sabe, Por exemplo, como surgiu a fotossín-
tese, a origem da ligação gene-proteína na célula, o desenvolvimento do
embrião, a força responsável pela movimentação perpétua dos átomos, nem
como uma lagarta se transforma em borboleta ou as aves orientam-se nas
suas migrações.
O ilustre físico Freeman Dyson espanta-se, por exemplo, com o milagre
da metamorfose da lagarta monarca, indagando como é possível a um
cérebro de alguns milímetros, como o dela, poder andar e voar, com os
elementos recém-formados na fase de borboleta, e, mais ainda, encontrar
o caminho por meios de navegação desconhecidos , cobrindo distâncias
de milhares de quilômetros entre Massachusetts (EUA) e o México?
"Como estão programados os seus padrões de comportamento,
primeiro, dentro dos genes da lagarta e, depois, transferidos para os ca-
minhos neurais da borboleta?", pergunta ele. São mistérios ainda inex-
plicáveis, mas que a biologia vai resolver, segundo espera. (18)
As explicações espíritas sobre o assunto são racionais e facilmente
compreendidas: as complicadas metamorfoses, pelas quais passa a lagar-
ta, estão em um ponto-chave: a atuação dos raios vitais ou ectoplás-
micos de que é constituída, como todos os outros seres vivos. A recons-
trução dos tecidos tem sua origem, pois, no duplo etérico ou corpo vital,
e a orientação segura da rota a seguir, entre os EUA e o México, é patro-
cinada pela glândula pineal, que obedece, por sua vez, ao comando do
princípio inteligente ou alma. (19)
Para nós, fenômenos biológicos complexos e intrincados, como esses,
precisam ser explicados à luz do campo estruturador da forma, do perispí-
rito, para serem convincentes.
63
Vejamos, a seguir, o resumo de pesquisas realizadas por ilustres
neovitalistas do século XX, que falam a favor da existência do corpo
vital ou duplo etérico.
CAMPOS ELECTRODINÂMICOS DA VIDA: Harold de Saxton- Burr,
pesquisador inglês, trabalhou com ovos de salamandra e descobriu,
mesmo no ovo não fertilizado, a presença de campos eletrodinâmicos,
que ele denominou life fields, já preestabelecidos em determinados pon-
tos e regiões, sendo que, em muitos deles, mostravam-se mais ou me-
nos intensos. Verificou, assim, que o modelo ou organização de qualquer
sistema biológico é estabelecido por um complexo campo electrodinâ-
mico que é, em parte, determinado por seus componentes físico-químicos
atômicos e que, em parte, determina o comportamento e a orientação da-
queles componentes.
"As experiências de H.S.Burr e seus colegas mostram que, ao redor
de todos os seres vivos, sejam eles bactérias, embriões, sementes, plan-
tas e animais, podem registrar-se campos electrodinâmicos, "quase
estáticos"; estes campos são "campos vitais" life fidds que parecem
estar implicados no crescimento, organização e desenvolvimento dos
seres vivos. Estariam também no interior dos organismos vivos , tais
como células, pedaços de nervos , etc." (20)
CAMPO BIOMAGNÉTICO (CBM): O engenheiro Hernani Guimarães
Andrade, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas
(IBPP), também tem sua teoria sobre a existência de algo imaterial ainda
não detectado pela ciência estabelecida e que comanda a estrutura das
células dos seres vivos.
Andrade refere-se ao campo de natureza magnética - Campo
Biomagnético(CBM) -, enquanto que H.S.Burr e seus colaboradores pes-
quisam campos de natureza elétrica, "quase eletrostática". Parece existir
uma flagrante contradição entre as duas proposições, todavia, o enge-
nheiro Andrade enfatiza que e possível demonstrar que um campo rota-
64
cional de natureza magnética (CBM), atravessando perpendicularmente o
nosso espaço físico, suscitará, ao redor da região atravessada, um
campo do tipo eletrostático. Ele considera, portanto, que as observa-
ções de Burr são uma confirmação de sua proposição acerca da correla-
ção entre o CBM e os campos eletrodinâmicos - ou eletrostáticos - detec-
tados nos seres vivos. (21)
Segundo sua teoria, o Campo Biomagnético estaria relacionado
com o Modelo Organizador Biológico (MOB) e serviria de elo entre este
(o Perispírito) e o ser vivo. A matéria física do organismo, possuindo
também o CBM ligado à sua estrutura, teria possibilidade de transmitir e
receber informação do MOB. Ambos, o MOB e o ser orgânico, poderão
interagir um com o outro graças ao CBM. Este tem, pois, um papel proemi-
nente no fenômeno da vivificação da matéria orgânica.
Em experiências realizadas no IBPP, no PSILAB, em Bauru, o en-
genheiro Andrade instalou o Tensionador Espacial Magnético (TEM) ,
aparelho de sua invenção, construído por seu filho, também engenheiro,
Ricardo Godoy Andrade, além de todos os acessórios necessários para
pesquisar o CBM. Contou também com outros colaboradores, entre os
quais, a bióloga, Sônia Maria Marafiotti Gomes, especialista em bacteri-
ologia, com cerca de 25 anos de experiência, no Instituto Adolfo Lutz,
em São Paulo, cujo trabalho teve importância decisiva no sucesso das inves-
tigações.
Foram utilizadas nos testes a bactéria Escherichia coli e, depois, a
Salmonella typhimurium; ao todo, foram 40 experiências, das quais
descartaram-se nove, devido a acidentes comuns. Todas as culturas fo-
ram, obviamente, submetidas às mesmas condições de temperatura,
pressão e umidade. Os resultados dessas 31 experiências revelaram que
as bactérias submetidas ao campo criado na Câmara de Campos Compensa-
dos (CCC), do Tensionador Espacial Magnético (TEM) sofreram uma acele-
ração em sua multiplicação, relativamente às bactérias que deixaram de
ser influenciadas pelo referido campo.
Quanto à probabilidade de ter ocorrido a aceleração por ouro acaso,
foi considerada improvável diante da variação final total de crescimento
das bactérias: P 0,0006. As pesquisas prosseguem ainda, em busca da
65
contra-prova que vai validar a primeira bateria de exames.
As Experiências do Campo BioMagnético valeram ao Dr. Andrade, em
1997, o I Prêmio Científico da Associação Médico-Espírita do Brasil (22)
e o seu trabalho foi publicado no livro Saúde e Espiritismo.
CAMPOS MORFOGENÉTICOS: Rupert Sheldrake é também um dos cien-
tistas inconformados do nosso tempo, que tem se insurgido contra a "des-
sacralização e mecanização da natureza". Graduado em Bioquímica pela
Universidade de Cambridge, na Inglaterra, seu país de origem, e também
formado em filosofia pela prestigiosa Universidade de Harvard, nos EUA,
suas idéias e experimentos vêm ganhando espaço, cada vez maior, na mí-
dia internacional. Brilhante e, ao mesmo tempo, rebelde em relação à acei-
tação do paradigma vigente, ele faz parte de um movimento científico co-
nhecido como "gnose de Princeton". Esse grupo reúne físicos, químicos,
astrônomos, matemáticos e biólogos, entre outros, que se preocupam em
retomar a procura de Deus, seguindo os passos de Newton e Einstein, os
dois maiores nomes da história da Física.
Em 1981, quando lançou seu primeiro livro, UmaNovaCiência da Vida, cri-
ticando os pressupostos da Biologia atual, acusando-a fie mecanicista e
reducionista, apresentou novos conceitos para explicar sua teoria, o de
campos mórficos ou morfogenéticos e o de ressonância mórfica.
Os campos mórficos seriam estruturas energéticas, até agora desco-
nhecidas, que organizam a vida, estruturas imateriais que dão formas às
coisas do mundo, dos átomos mais simples como o do hidrogênio, aos seres
vivos; a ressonância mórfica seria uma emanação desses campos. Teriam
como encargo "informar" às células como devem dispor-se para formar o
indivíduo de cada espécie, determinando de maneira sutil os movimen-
tos, tendências e comportamentos de todos os exemplares da mesma.
Esses campos mórficos não se localizariam nos genes, mas exerceriam
influência direta sobre eles e estariam fora da matéria ou do campo
orgânico propriamente considerado; seriam depositários da informação
essencial que permite o desenvolvimento do ser. Boa parte do que consi-
deramos instinto estaria localizado nele.
Assim, cada espécie - mineral, vegetal ou animal - teria seu campo
66
mórfico específico.
Os espíritas entendem perfeitamente bem que esses campos mór-
ficos ou morfogenéticos e a ressonância mórfica correspondem à
estrutura do perispírito, corpo espiritual ou modelo organizador
biológico - corpo sutil que envolve o Espírito, que está presente tam-
bém na obra do engenheiro Andrade.
Para Sheldrake, com os campos mórficos, muitos fenômenos não
compreendidos teriam explicação lógica, como o de comunicação entre
pessoas e seus animais de estimação, o vôo ordenado de bandos de aves
(23), etc. Poderiam explicar, por exemplo, o fato de que muitos cães
sabem, mesmo a centenas de quilômetros, quando seus donos resolvem
voltar para casa e também o fato de as pessoas saberem que estão sen-
do observadas. Nesses campos mórficos, estaria registrado o "inconsci-
ente coletivo" de Jung.
Segundo ainda sua teoria, a telepatia seria explicada pela existência
deles, uma vez que "o campo mórfico pode distender-se, mantendo um
contato que permite a comunicação".
A ressonância mórfica dá sentido a um aspecto conhecido e surpreen-
dente, mas não explicado pela ciência convencional: o fato de que,
quando um grupo de indivíduos de uma espécie qualquer aprende algo
novo, esse conhecimento passa logo a ser muito mais facilmente
assimilado e integrado pelos demais membros dessa mesma espécie.
Para o investigador, a ressonância mórfica seria a via mediante a qual o
conhecimento transmite-se instantaneamente entre os membros da
mesma espécie e isso independentemente de espaço e de tempo.
Tanto o campo mórfico quanto a ressonância aclarariam muitos fe-
nômenos psicológicos, sociológicos e mesmo parapsicológicos.
Diante da atitude hostil de algumas pessoas contra seus livros e temas
de investigação, Sheldrake conclui que ela se deve à adesão delas a uma
filosofia materialista.
Alguns cientistas confundem a ciência com a visão materialista do
mundo e tratam o materialismo como se fosse uma religião. Outros adotaram
os vícios que eles tantas vezes criticam como próprios das religiões organi-
zadas, como o dogmatismo e a obliteração mental. Tento trabalhar cienti-
67
ficamente, elaborando hipóteses e comprovando-as experimentalmente.
Creio que é mais científico examinar um fenômeno com uma mente a-
berta do que com uma fechada a campos inteiros de investigação poten-
cial por culpa dos preconceitos." (24)
Nessa mesma entrevista à revista Mas Alia, Sheldrake diz que seu
trabalho se baseia na tradição da ciência holística, desenvolvida, no sé-
culo presente, sob a influência de filósofos como Alfred North Whitehe-
ad, mas reconhece que sua primeira inspiração para pensar holisticamen-
te aconteceu quando era estudante em Cambridge e leu os escritos do
poeta e cientista alemão Goethe, que há 200 anos compreendeu que a ci-
ência mecanicista nos distanciava da experiência direta da Natureza e
levava a uma aproximação muito limitada do mundo natural. Graças a
ele, viu a possibilivade de uma alternativa holística que, sendo científica,
integrará nossa própria experiência com a compreensão racional.
Os Campos Eletrodinâmicos da Vida, de Harold de Saxton Burr, o Campo
Biomagnético, de Hernani Guimarães Andrade, os Campos Mórficos, de Rupert
Sheldrake, são hipóteses científicas, que propõem a existência de estruturas
imateriais, energéticas, até agora desconhecidas, que organizam a vida,
dão formas às coisas do mundo, dos átomos mais simples, como o do hi-
drogênio, aos seres vivos. Esses pesquisadores têm protocolos de pesquisas
muito bem fundamentados, que estão a merecer maior ressonância dentro
do reduto dos cientistas que têm convicções diferentes.
CONSTITUIÇÃO: CHACRAS OU CENTROS DE FORÇA
Os corpos espirituais possuem numerosos Centros de Força ou Chacras, dos
quais destacamos o Coronário, Cerebral, Laríngeo, Cardíaco, Esplênico, Gástri-
co, Genésico, todos eles com funções específicas dentro da economia orgânica.
(25) Chamamos a atenção para o fato de que, na enumeração dos sete centros
maiores, os autores costumam diferenciar o básico (ou fundamental) do
genésico, omitindo o esplênico, e até reunir os centros cerebral e coronário em
um só. Isso não significa que eles existam ou deixem de existir, à vontade dos
autores ou das escolas espiritualistas, mas, sim, que se inclinam a enumerar
aqueles que mais importam para o desenvolvimento espiritual que descrevem,
68
ou a reuniram em seus estudos centros psíquicos vizinhos e que se influenci-
am diretamente.
Segundo os Instrutores Espirituais (26), o Coronário, também conhe-
cido como Lotus de mil pétalas, é o ponto de interação entre as for-
ças do Espírito e as do perispírito; é responsável pela alimentação das
células do pensamento.
O Diencéfalo (Tálamo, Hipotálamo, Epitálamo) é a estrutura orgânica
mais diretamente ligada a esse centro de força. Nele, toma parte a Epífise ou
glândula pineal, um dos componentes do epitálamo, através dela, a alma
assimila as energias solares e os raios da Espiritualidade, tanto superior
quanto inferior.
O Centro de força Coronário é responsável ainda pela orientação da for-
ma, pelo metabolismo, estabilidade, vida consciencial e distribuição do
pensamento, cuja secreção é feita pela Mente.
O Centro de Força Cerebral é responsável pela Percepção (visão, audição,
tato, etc.); pela Inteligência (Palavra, Cultura, Arte, Saber) e atua no córtex.
O Laríngeo regula o timo, a tireóide e a paratireóide; o Cardíaco é respon-
sável pela emoção e pelo equilíbrio; o Esplênico incumbe-se do funcionamen-
to do baço e da circulação de recursos vitais; o Gástrico regula alimentos e
fluidos; o Genésico é o modelador de formas e estímulos, controlando as
atividades do sexo.
PERISPÍRITO E EVOLUÇÃO
Nada nos foi revelado quanto à natureza íntima do Princípio Espiritual;
sabemos, porém, que ele conclui o primeiro estágio evolutivo, após passar, ao
longo da escala filogenética, pelo crisol de bilhões de anos de experiências,
animando desde seres unicelulares aos pluricelulares, até completar a cons-
trução do corpo humano e dos envoltórios sutis. Não pára, no entanto, por aí.
Uma vez individualizado, o Espírito continuará a progredir até atingir o estado
de pureza.
O que é preciso ressaltar na Teoria Evolutiva Espírita é o fato de que a
evolução caminha nos dois planos, no físico e extra-físico obedecendo a um
Planejamento Inteligente Superior.
69
Ao longo da filogênese, há o aperfeiçoamento gradativo do corpo es-
piritual (perispírito), concomitantemente com o da vestimenta física. E é
essa evolução dupla que permite sejam guardadas, no elemento extra-
físico, os benefícios da seleção natural e das mutações, sob a tutela dos
Espíritos Instrutores, e depois passadas às novas gerações, com excep-
cional sucesso.
Na questão 257 de O Livro dos Espíritos, os Instrutores Espirituais di-
zem que "quanto mais eles (os Espíritos) se depuram, mais a essência do
perispírito torna-se etérea".
É assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos,
em que a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o
ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano
Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da própria exteriori-
zação, segundo o molde mental que traz consigo (...) . (27)
No caso, a túnica da própria exteriorização é o perispírito, referida pelo
Mestre Jesus, na Parábola do Festim das Bodas, como a túnica nupcial, a
que devemos tornar bela e purificada para podermos usufruir das alegri-
as das moradas espirituais superiores.
Sabemos que, a cada existência, o corpo físico e o duplo etérico
desaparecem; os elementos que entraram em sua constituição vol-
tam ao laboratório da natureza e, conseqüentemente, ao reservatório
infinito de onde se originaram - o Fluido Cósmico, Matéria Elementar ou
Plasma Divino.
A coletânea André Luiz ensina que, um dia, perderemos
também todos os outros envoltórios, corpo mental e perispírito,
uma vez que eles são constituídos, como o corpo físico, de Fluido
Cósmico ou matéria elementar primitiva, de natureza perecível ou
transformadora, como sabemos. (28)
Todos os envoltórios são, pois, criações temporárias, de maior ou menor
duração, que têm por finalidade proporcionar a purificação do Espírito i-
mortal e que cessam de existir quando este atinge o objetivo colimado.
PAPEL DO PERISPÍRITO NAS DOENÇAS
70
Nos envoltórios sutis, reside a verdadeira causa das doenças. Somos her-
deiros de nossas ações pretéritas, tanto boas quanto más. O Carma ou
"conta do destino criada por nós mesmos" está impresso no corpo cau-
sai (29). Esses registros fluem para os demais corpos e terminam deter-
minando o equilíbrio ou o desequilíbrio dos campos vitais e físicos.
Nem todas os desequilíbrios físicos, porém, são originários de contas
cármicas (passadas); embora reflitam o estado espiritual do indivíduo,
são gerados pela sua conduta atual. Os vícios da mente, conhecidos co-
mo egoísmo, orgulho, vaidade, tirania, preguiça, etc., são causas de múl-
tiplas doenças, porque se constituem no móvel de nossas ações. (30)
O Benfeitor Espiritual Clarêncio ressalta: (31)
"Quando a nossa mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a
harmonia de qualquer um desses fulcros de força de nossa alma, natu-
ralmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante, obrigando-se
ao trabalho de reajuste.
Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de
força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos men-
tais".
Segundo os Instrutores Espirituais, há duas doenças que podem aco-
meter o perispírito e que estão na base de muitas patologias psicofísicas:
(32)
- A Adinamia é a hipotensão no movimento circulatório das for-
ças que mantêm o corpo espiritual; resulta do remorso.
- A Hiperdinamia é o estado de hipertensão no movimento circulatório
de forças; resulta dos delírios da imaginação.
Muitas outras existem, mas, para nós, ainda é um campo praticamente
desconhecido.
Quando forem descobertas as tecnologias que nos possibilitarão
o exame aprofundado dos envoltórios sutis e dos chacras, a Medi-
cina mudará radicalmente, porque trabalharemos muito mais de for-
ma preventiva, evitando-se, assim, as intervenções cirúrgicas alarga-
das, muito invasivas, que são realizadas no presente, embora os grandes
progressos já alcançados nessa área.
Os médicos terão oportunidade de conhecer, com detalhes, a fisiologia
71
transdimensional, compreendendo melhor o modo como se embricam os
vários envoltórios, para melhor auxiliar na manutenção da higidez men-
to-física dos seus pacientes.
Vamos dar alguns exemplos práticos, correlacionando doenças con-
gênitas ou da primeira infância com a desarmonia dos corpos sutis: Con-
forme vimos (pág. 18) há exemplo práticos que correlacionam doenças
congênitas ou da primeira infância com a desarmonia dos corpos sutis
(33).
Praticamente todas as moléstias têm suas raízes no perispírito.
Ainda que esteja aparentemente saudável, uma pessoa pode trazer, em
seus Centros de Força ou Chacras, disfunções latentes, adquiridas nesta
ou em outras vidas, que, mais cedo ou mais tarde, surgirão à tona no
corpo físico, sob a forma de doenças mais ou menos graves, conforme a
extensão da lesão e a posição mental do devedor.
O Professor lan Stevenson, da Universidade de Virgínia, EUA, apre-
senta nos dois volumes do livro Refricarnation and Biology, entre os
2.600 casos pesquisados, os de marcas de nascença e defeitos congêni-
tos, elucidando-os com o estudo das vidas passadas.
Para melhor compreender o porquê das doenças e do sofrimento humano,
busquemos as lições do Instrutor Clarêncio (34):
"As moléstias conhecidas no mundo e outras que ainda escapam ao
diagnóstico humano, por muito tempo persistirão nas esferas torturadas
da alma, conduzindo-nos ao reajuste. A dor é o grande e abençoado
remédio. Reeduca-nos a atividade mental, reestruturando as peças de
nossa instrumentação e polindo os fulcros anímicos de que se vale a
nossa inteligência para desenvolver-se na jornada para a vida eterna.
Depois do poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo
de nossos pensamentos, compelindo-nos a indispensáveis modifica-
ções, com vistas ao Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja execução
não poderemos fugir sem graves prejuízos para nós mesmos".
MODIFICAÇÕES NORMAIS E PATOLÓGICAS
O Perispírito, graças às inúmeras propriedades (35) de sua estrutura
72
eletromagnética, está sujeito a pequenas ou intensas modificações,
que levam a mudanças na sua forma de apresentação. É preciso dis-
tinguir as que são normais ou fisiológicas e outras, que são patológi-
cas, resultantes de enfermidades da alma.
Como exemplo de modificações fisiológicas, temos a miniaturiza-
ção ou redução automática do tamanho à forma de oebe, um fenômeno
fisiológico, natural, que ocorre há milhares de anos, com todos os Espíritos,
no processo reencarnatório. (36) Na desencarnação, também há mu-
danças consideradas fisiológicas, como histogênese (formação de no-
vos tecidos) e histólise (destruição de tecidos), durante o processo de sepa-
ração a alma do corpo, que visa à adaptação do perispírito às suas no-
vas funções no plano espiritual.
73
PATOLOGIAS DO PERISPÍRITO
O perispírito pode apresentar deformações e outras mudanças mais radi-
cais da forma, como as zoantropias, apresentação em forma de animal, e
ovoidização, dadas as suas propriedades de plasticidade, densidade, etc.
Não podemos nos esquecer de que é uma estrutura magnética, extrema-
mente plástica e porosa, e muito suscetível à influência mental do Espí-
rito.
DEFORMAÇÕES E ZOANTROPIA: No livro Libertação (37), observa-
se um caso de deformação perispirtual em uma senhora encarnada, que
faz a sua sesta, em um diva de sua casa. Abandonando o corpo físico,
sob o efeito do sono, o seu perispírito deixa transparecer a sua condição
espiritual inferior. A senhora tornara-se irreconhecível. Estampava no
rosto os sinais das bruxas dos velhos contos infantis: a boca, os olhos,
o nariz e os ouvidos revelavam algo monstruoso, em pleno contraste
com sua aparência física, que apresentava traços de beleza e aprumo
no vestir.
Ao vê-la, André Luiz recordou-se do livro de Oscar Wilde, O Retrato
de Dorian Gray. Nele, à medida que o dono se alterava, intimamente, com
a prática do mal, o retrato adquiria horrenda expressão.
De fato, aprendemos com esse caso que a imaginação de Wilde não
fantasiou. O homem e a mulher, com os seus pensamentos, atitudes,
palavras e atos criam, no íntimo, a verdadeira forma espiritual de que
se revestem.
"Cada crime, cada queda, deixam aleijões e sulcos horrendos no
campo da alma, tanto quanto cada ação generosa e cada pensamento
superior acrescentam beleza e perfeição à forma perispirítica, dentro
da qual a individualidade real se manifesta, mormente depois da morte
do corpo denso. Há criaturas belas e admiráveis na carne e que , no
fundo, são verdadeiros monstros mentais, do mesmo modo que há cor-
pos torturados e detestados, no mundo, escondendo Espíritos angéli-
cos, de celestial formosura".
74
O perispírito pode sofrer ainda alterações mais profundas, dei-
xando sua forma humana, para apresentar-se como a de um animal. É o
fenômeno conhecido, genericamente, como Zoantropia, mas que tem na
Licantropia - transformação em lobo - o processo mais conhecido. (38)
PARASITAS OVÓIDES: Os Espíritos podem perder a forma huma-
na de apresentação do seu perispírito, surgindo como esferas ovóides.
Estas são pouco maiores que um crânio humano, variando muito nas
particularidades; algumas têm movimento próprio, como se fossem
grandes amebas, outros/ parecem em repouso, aparentemente inertes,
ligados ao halo vital de outras entidades.
Em Evolução em Dois Mundos, André Luiz explica que, inúmeros de-
sencarnados, empolgados pela idéia de fazerem justiça com as próprias
mãos ou apegados a vícios aviltantes, por repetirem, infinitamente,
essas imagens degradantes, acabam em deplorável fixação monoideísti-
ca , fora das noções de espaço e tempo, sofrendo, então, enormes trans-
formações na morfologia do perispírito. Por falta de função, os órgãos
desse corpo sutil ficam retraídos, surgindo, então, a forma ovóide.
Qual a situação psíquica desses ovóides? A maioria deles üorme em
estranhos pesadelos, incapazes de exteriorizações maiores. São, na ver-
dade, "fetos ou amebas mentais, mobilizáveis, contudo, por entidades per-
versas ou rebeladas". (39)
Como ficam na reencarnação?Assim como a semente Joga ( .ia à
cova escura vai formar a árvore adulta, os ovóides desenvolver,
normalmente, como embriões e fetos humanos, formando o novo
corpo de carne, na companhia de sócios e desafetos, usufruindo da a-
bençoada oportunidade de se acertarem ante a lei universal do amor.
PERISPÍRITO E MEDIUNIDADE
75
Como reconheceu Kardec: "O perispírito é o princípio de todas as
manifestações. O conhecimento dele foi a chave da explicação de uma
imensidade de fenômenos..." (40). De fato, há muito o que dizer sobre o
papel do Perispírito na mediunidade, e, conseqüentemente, na obsessão,
mas isso, evidentemente, não pode ser feito nos limites estreitos de uma
exposição como esta.
Lembramos, tão-somente, que as propriedades do perispírito, como
a plasticidade e expansibilidade, permitem adentrar os vários estágios da
emancipação da alma.
Como enfatiza Zalmino Zimmermann (41) :"A expansibilidade
perispirítica está na base dos principais processos: haja vista, por exem-
plo, que é a exteriorização do psicossoma que permite ao vidente a capta-
ção da realidade espiritual e que, também, graças a essa propriedade, é que
se torna possível o contato perispírito a perispírito, que marca o fenômeno
da incorporação".
É preciso lembrar também o papel da epífise ou glândula pineal, como
glândula da vida mental, responsável por todos os fenômenos anímicos e
mediúnicos (42), e suas ligações com o chacra Coronário. A relação estreita
entre ambos explica a extensa gama de fenômenos psicofísicos e espirituais,
presentes no exercício da mediunidade.
É preciso enfatizar também a importância do corpo vital ou duplo etérico
na chamada mediunidade de efeitos físicos e nas sessões de cura, uma vez
que o ectoplasma está na base de todos esses fenômenos.
CONCLUSÃO
Certamente, há muito o que dizer sobre o perispírito e mais ainda o que
pesquisar. Nestas páginas, como é natural, tivemos que nos restringir ao
exíguo espaço de uma exposição.
Algo, porém, fica muito claro neste nosso modesto estudo: a certeza de
que o perispírito só será belo e resplandecente uma verdadeira túnica
nupcial - se nos esforçarmos, verdadeiramente, para viver as lições de
Jesus, na vida diária, transformando-nos em criaturas mais generosas, mais
bondosas e, sobretudo, mais solidárias em relação aos nossos irmãos em
humanidade.
76
NOTAS EXPLICATIVAS
(1) e (2) e (3) A Gênese, cap XI:4 e 6
(4) Conforme descrição de um caso de desencarnação no livro, Obreiros da Vida
Eterna, caps. XI e XV
(5) Evolução em Dois Mundos, cap. II, p. 25
(6) Ver Pensamento e Vontade, de E. Bozzano, p. 21
(7) Evolução em Dois Mundos, p. 28 (médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira)
(8) Veja ensinamentos de Emmanuel, in Roteiro, cap. 6, p. 29 a 31
(9) Informações em Evolução em Dois Mundos, cap. II p. 26 e
Missionários da Luz, cap. 9, p. 90
(10) O Livro dos Espíritos, Q. 27, Evolução em Dois Mundos, caps. I, II e III, E a
Vida Continua..., cap. 9, p. 70
(11) Space, Time and Beyond, p. 143
(12) e (13) Ver artigo Perispírito e Chacras, in Saúde e Espiritismo, p.
36 e 37, citado por Élzio Ferreira de Souza. (14) Nosso Lar, cap. 12, p.70
(J 5) Veja in Saúde e Espiritismo, o excelente artigo, Perispírito e Chacras, P- 46
(16) Nos Domínios da Mediunidade, cap. 11, p. 90 Acompanhe em A Teia da
Vida, cap. 2, p. 39 Infinito em todas as Direções, p. 42 e 43
(19) Nos Domínios da Mediunidade, cap. 2, Missionários da Luz,
cap. 2
(20) Em 1935, o Dr. H. S. Burr e o Dr. F.S.C. Northrop publicaram,
na Quaterly Review ofBiology, 10:322-333, um artigo intitulado
The Electro-Dynamic Theory ofLife, reproduzido emMain Currents,
(v. 19, n. l, september-october 1962, p. 4-10) Depois, em 1972,
foi publicado o livro de H. S. Burr, Blueprintforlmmortality; citado
por Hernani G. Andrade, em Psiquântico, l ed. p. 113 a 117.
(21) Psiquântico, p. 117
(22) Veja Saúde e Espiritismo 1 a parte.
(23) Veja Seven Experiments That Could Change the World,
p. 21 a 58.
(24) Revista Mas AM, n. 108
(25) Entre a Terra e o Céu, cap. XX, 126
(2 6) Para saber mais sobre as funções dos Centros de Força, recomendamos os livros:
Missionários da Luz, caps. 2 e 12, Evolução em Dois Mundos, caps. II, XIII e
XVI, e Entre a Terra e o Céu, cap. XX
(27) Evolução em Dois Mundos, cap. III, p. 35
77
(28) Ver O Livro dos Espíritos, Q. 27; Evolução em Dois Mundos, 1 a parte, cap.
I, p. 20 e Libertação, cap. VI, p. 85
(29) Recomendamos o livro Ação e Reação (1957), todo ele dedicado ao estudo do
Carma e das vidas sucessivas
(30) Entre a Terra e o Céu (1954), cap. XXI
(31) Entre a Terra e o Céu, p. 126 a 128
(32) Evolução em Dois Mundos, 2 a parte, p. 30
(33) Evolução em Dois Mundos, cap. XVII, 2 a parte
(34) Entre a Terra e o Céu, cap. XXI, p. 134
(35) Mais informações sobre as propriedades do corpo sutil, consulte o cap. II, da
excelente obra Perispírito
(36) Ver o livro Missionários da Luz, cap. XIII
(37) Ver Libertação, p. 134 e 135
(38) Ver Nos Domínios da Mediunidade, cap. 23; Libertação, pp. 65a 78
(39) Libertação, p. 91 a 100
(40) O Livro dos Médiuns, cap. VI, 2 a p., n. 109)
(41) Perispírito, (Propriedades) cap. II, p. 49 e 50
(42) Ver Obsessão e suas Máscaras, 2 a parte, caps. 4, 5, 6 e 9
FUNDAMENTOS DA BIOÉTICA ESPÍRITA
O CONCEITO DE PESSOA NO ESPIRITISMO
Bioética surgiu há pouco mais de 30 anos, como disciplina que oferece
campo aberto ao estudo, à reflexão e à aplicação responsável dos poderes
decorrentes dos avanços das Ciências da Vida.
Neologismo simples e conciso, expressa, claramente, a ética da vida, o
anseio de se unir valores éticos e fatos biológicos, de se usar, com
responsabilidade, o conhecimento no campo científico-tecnológico.
Segundo o oncologista norte-americano Van Rensselaer Potter, pri-
meiro a utilizar, em 1970, o termo bioética, na raiz de sua concepção está
a necessidade de que a ciência biológica se faça perguntas éticas, de que
o homem se interrogue a respeito da relevância moral de sua interven-
ção na vida.
78
Até que ponto o pesquisador tem o direito de interferir no campo médi-
co-biológico?
Como fica a aplicação do poder biotecnológico, concentrado nas mãos de
poucos?
Ainda hoje, dada a ausência de fronteiras, é difícil definir mas já se
considera que a ética médica propriamente dita está contida nela, além
da vida planetária, como um todo, inclusive em sentido social e ambien-
tal.
A definição da Encyclopedia of Bioethics, de 1978, contempla esta
acepção, denominando Bioética ao "estudo sistemático da conduta hu-
mana no âmbito das ciências da vida e da saúde considerada à luz de
valores e de princípios morais"
Com essa larga abrangência, a Bioética exige um grande esforço
interdisciplinar, envolvendo não apenas os profissionais da saúde, mas
igualmente antropólogos, filósofos, especialistas do Direito, psicólo-
gos, eticistas, religiosos, etc., que buscam, juntos, os verdadeiros va-
lores éticos para tornar mais justa e verdadeira a intervenção na vida
humana e na biosfera.
Mais que interdisciplinar, ela é intercultural, porque tem de levar
em conta as diferentes culturas, em seu amplo e variado espectro de
diversidades. Sem dúvida, um grande desafio, principalmente, no que se
refere ao modo de trabalhar essa interdisciplinaridade e de levar em
conta essa grande heterogeneidade, em seu raio de ação.
Por tudo isso, é, especialmente, uma disciplina do diálogo. Obviamente,
um diálogo nem sempre fácil, quando se trata de conciliar tendências tão
diversas, fundamentadas em sistemas, crenças e valores, que há milê-
nios se repetem no cenário humano.
É natural que seja assim, quando se trata de esclarecer quem é o ho-
mem, qual o seu valor, o seu destino e o que significa fazer um bem para
ele.
"E quando se fala do homem enquanto homem, da sua origem e de seu
destino, vai-se à procura do que é comum a todo o homem - sua dignidade
e sua transcendência", como ressalta Vanni Rovighi. (1)
79
Compreende-se, então, que a reflexão bioética não deveria entrar, por
exemplo, apenas no momento da aplicação da pesquisa, antes, deveria
estar presente no próprio instante em que ela é realizada, questionando,
inclusive, seu método, dentro de uma visão mais ampla e integradora do
ser humano.
Mas isso, como veremos a seguir, nem sempre é claro para os envolvi-
dos nas pesquisas e conseqüentes questões éticas, uma vez que são muito
diversos os sistemas filosóficos e as teorias que dão suporte aos modelos
bioéticos adotados, em seu campo de atuação.
PARADIGMAS DA BIOÉTICA
Dentre os vários paradigmas bioéticos, temos o da "ética dos princípios",
mais utilizado na tradição anglo-saxã, que se baseia no que conhecemos
como "trindade bioética", os três critérios da Bioética - beneficência,
autonomia e justiça.
A ação do medico estaria representada na beneficência, enquanto que
a do paciente seria reconhecida na autonomia e a da sociedade na justi-
ça. Não é fácil conciliar a articulação de todos esses critérios para a ga-
rantia de uma ação mais justa.
Beneficência é o mais antigo critério da ética médica, enquadra-se no
modelo hipocrático e tradicional e diz respeito à necessidade de "fazer o
bem", de "não causar dano" (primum non nocere), "cuidar da saúde", "fa-
vorecer a qualidade de vida". Sem dúvida, hoje, o médico, para exercer esse
critério, tem muito mais problemas, porque tem de administrar os conhe-
cimentos e poderes resultantes dos extraordinários avanços das Ciências
da Vida, como, por exemplo, no campo da genômica e da manipulação gené-
tica, que entreabrem a possibilidade da clonagem humana, dos seres
transgênicos, e de outras técnicas polêmicas.
Hoje, também, é muito mais complicado definir o que é bem do paci-
ente, tendo em vista que o médico tem de levar em consideração, com
muito mais ênfase do que no passado, os direitos do paciente, a sua au-
tonomia. Esta ganhou destaque, sobretudo, a partir da década 1970 e tem
como significado a própria emancipação da razão humana, a legislação pelo
80
próprio sujeito de sua vida e de suas atitudes.
A relação médico-paciente mudou, porque o paciente deixou de ser
objeto para tornar-se também sujeito, como o médico, o que significa
que ambos compartilham as decisões, no uso de seus plenos direitos co-
mo cidadãos. Pode-se imaginar as dificuldades dessa relação e os per-
calços no exercício desses direitos.
O princípio de justiça busca garantir um sistema de saúde no qual to-
dos se beneficiem. Esse critério, mais recente, fruto dos avanços da soci-
edade pluralista, pleiteia a distribuição justa, equitativa e universal dos
benefícios dos serviços de saúde.
Os autores neolatinos levam em consideração outros princípios, os
da Bioética Personalista; destacando o de defesa . da vida física, o de
liberdade e responsabilidade, o de totalidade ou terapêutico, o de sociabili-
dade ou subsidiaridade.(2)
O princípio de defesa da vida física está ligado ao respeito que se deve ter
pela própria vida, representando o primeiro imperativo ético do homem para
consigo mesmo e para com os outros. Toda a sociedade civilizada cons-
trói-se sobre ele.
O princípio de liberdade e de responsabilidade entende o paciente
como um sujeito e não como um objeto. Nesse relacionamento recípro-
co, tanto o médico quanto o paciente são sujeitos livres e responsáveis,
devendo ser respeitada tanto a consciência de um quanto a de outro.
O princípio de totalidade ou terapêutico deriva diretamente do imperati-
vo de respeito à vida, ressaltando que a finalidade da medicina é o bem do
paciente.
O princípio da sociabilidade ou subsidiaridade contempla o dever ele-
mentar de solidariedade, que obriga cada homem a contribuir, voluntaria-
mente, na medida do possível, para o bem dos cidadãos. O Estado tem o dever
de fornecer às pessoas mais carentes os meios de satisfazer suas necessidades
essenciais, garantindo a todos os membros da comunidade os meios de
acesso à saúde.
Há ainda os que adotam o paradigma antropológico que tem por base
"uma filosofia humanista atenta em compreender o homem em todas as
suas dimensões e, por isso, um humanismo o mais integral possível". (3)
81
MODELOS
De certa forma, podemos dizer que os princípios que dão suporte aos
paradigmas bioéticos são os mesmos que se repetem, milenarmente, apoi-
ando teorias diversas, tanto as que aceitam a presença da alma imortal
na pessoa humana, quanto as que são reducionistas e não admitem se-
não a existência do corpo físico.
E natural que seja assim, porque os seres humanos estão em busca da
Verdade, como fonte inspiradora de suas decisões, mas ela não está dis-
ponível, integralmente, porque, já se disse, com justa razão, que ela é
semelhante a enorme espelho que se fragmentou em um número incon-
tável de pedaços esparsos pelo mundo. Cada qual agarra-se ao seu reta-
lho de espelho, como se fora a verdade absoluta, sem compreender que a
visão global é uma conquista lenta e gradual, que só se completará com a
evolução espiritual do ser. Por essa razão, são diversificados as teorias e
os modelos éticos de referência sobre os quais se fundamentam o juízo
ético.
Nesse grande pluralismo de critérios, surgem, muitas vezes, posições ir-
reconciliáveis, uma vez que os valores e princípios que lhes servem de
base determinam interpretações bem diversas do que seja "lícito" ou "não-
ilícito". É importante , portanto, refletirmos sobre alguns Modelos de Bioé-
tica que resultam desses diversos princípios. (4)
MODELO SOCIOBIOLÓGICO: A teoria evolucionista de Darwin har-
moniza-se aqui com o sociologismo de M. Weber e com a sociobiologia
de Heinsenk e Wilson. Considera o cosmo e as várias formas de vida do
planeta em contínua evolução, desse modo, os valores morais também
devem sofrer mudanças. Como a humanidade atingiu a capacidade de
dominar cientificamente os mecanismos da evolução e da seleção bioló-
gica, os seus seguidores consideram plenamente justificada a aplicação
da engenharia genética seletiva, não apenas de melhoria, mas também
de alteração, tanto para as espécies animais quanto para o homem.
Os sociobiólogos consideram, por exemplo, justificáveis as interven-
ções no patrimônio biológico da humanidade.
82
MODELO SUBJETIVISTA OU LIBERAL-RADICAL: Nesse modelo, a
moral não pode fundamentar-se nem sobre os fatos nem sobre os valores
objetivos ou transcendentais, mas tão-somente sobre a "escolha" autôno-
ma do sujeito. Nele, o princípio de autonomia é preponderante: é lícito o
que é livremente desejado, aceito e não fere a liberdade do outro.
Preconiza a liberalização do aborto; livre escolha do sexo do nascituro
e também para o adulto que deseja a mudança de sexo; liberdade de ex-
perimentação e de pesquisa; liberdade de decidir a respeito do momento
da morte (living will); o suicídio, como sinal e ênfase de liberdade.
MODELO PRAGMÁTICO-UTILITARISTA: Rejeita a idéia metafísica.
Baseado nos princípios de beneficência, autonomia e justiça, é mais
comum na bioética anglo-saxã.
Teve o mérito de revalorizar o papel do paciente como "pessoa" e de
colocar limites na ação do médico, mas torna-se problemático quando
a autonomia do paciente passa a ser o princípio único na relação
médico-paciente, sem ligação nenhuma com um bem que transcende
os sujeitos envolvidos.
Nesse modelo, o velho utilitarismo está de volta, resumindo-se
"no tríplice mandamento: maximizar o prazer, minimizar a dor e ampli-
ar a esfera das liberdades pessoais para o maior número de pessoas". (5)
Nesses parâmetros do neo-utilitarismo, origina-se o conceito re-
cente de "qualidade de vida" que se opõe ao mais antigo, o da "dignida-
de da vida".
Como reconhece Andorno, a expressão "qualidade de vida" é bastante
ambígua, porque tanto pode significar a possibilidade de melhora das
condições de vida dos homens, ponto defendido por todos, como também
exprimir a idéia segundo a qual há vidas humanas que não têm muita
"qualidade", estão abaixo dos padrões estabelecidos.
Nesse último caso, estariam, por exemplo, os pacientes terminais, os
recém-nascidos com deficiências severas, etc., para os quais a melhor
solução seria deixar de existir. A morte, nesses casos, seria um objetivo
a atingir, quer por ação quer por omissão.
83
MODELO PERSONALISTA: Está fundamentado nos princípios de-
fendidos pela Bioética Personalista, já citados, os quais têm um denomi-
nador comum, o respeito à vida.
A decisão bioética - o lícito e o não-lícito - é orientada para assegu-
rar esse respeito, garantindo, assim, a defesa da vida humana, quer
dizer, do continuum que se estende do zigoto ao idoso, da concepção à
morte.
O termo "pessoa" é empregado, aqui, para os seres que Pssuem uma
"dignidade intrínseca", o que eqüivale a dizer, "ser merece um tratamen-
to, enquanto fim em si mesmo".
Como ressalta Andorno: "o conceito de "pessoa" é aplicável a todo ser
humano vivo, ainda que não tenha desenvolvido suas potencialidades
(como no feto, ou no recém-nascido), ou que as tenha perdido (como em
certos casos de demência especialmente graves". (6)
O VALOR DA PESSOA HUMANA
Diante dos avanços biotecnológicos e, conseqüentemente, da real ame-
aça de interferência em seu patrimônio genético, na sua própria essência
como pessoa, é indispensável que o homem volte a formular as velhas
questões milenares de sempre: "O que sou? ", "Qual a minha destinação?".
E isso porque, hoje, mais do que ontem, há uma corrente poderosa e in-
fluente, que procura reduzi-lo ao estado de "coisa"; rebaixando-o da
condição de "sujeito" para a de "objeto".
Na verdade, essa "coisificação" ou reificação da pessoa já ocorre, na
prática, como fruto da aplicação dos vários modelos bioéticos, já vistos,
que não conferem à pessoa os mesmos valores essenciais, fundamentados
na transcendência.
Desse modo, hoje, mais do que nunca, é preciso que o homem se in-
terrogue a respeito de si mesmo, o que é enquanto "pessoa", qual o seu
"valor", onde se fundamenta a sua própria dignidade.
Persona vem do grego - propôson - que designava tanto o rosto humano
quanto a máscara usada pelos atores no teatro. O rosto exteriorizaria a
pessoa de forma mais imediata; mostraria o aspecto irredutível da perso-
84
nalidade, o mistério de ser fim em si mesmo.
Assim, quando se utiliza o termo "pessoa", reporta-se ao rosto, refe-
rindo-se ao ser que não se pertence senão a si mesmo, quer dizer, àquele
"que é incapaz de pertencer a um outro enquanto simples objeto". (7)
A pessoa não tem a "propriedade" de seu corpo, essas duas realidades
se identificam de tal modo que a pessoa não possui o seu corpo, ela é seu
corpo.
O termo é empregado, comumente, para designar os seres que possuem
uma dignidade intrínseca, pelo simples fato de existirem. Esse é o concei-
to de dignidade ontológica, que é uma qualidade inseparavelmente ligada
ao ser mesmo do homem; igual, portanto, para todos. Nesse sentido, pelo
simples fato de pertencer à espécie humana, todo homem é digno, mes-
mo os piores criminosos, não podendo, conseqüentemente, ser submetido a
tratamentos degradantes, como a tortura, por exemplo. Toda a noção de
"direitos do homem" tem nela seus fundamentos.
Mas dignidade também pode ser empregada em sentido diferente, é o
caso da dignidade ética, que não se refere ao ser da pessoa, mas ao seu
agir. Nesse sentido, o homem torna-se a si mesmo digno pelo seu modo
de atuar; por sua vida dedicada ao bem, construída conforme o uso de sua
liberdade; nem todos, portanto, a possuem da mesma maneira.
Comumente, no entanto, quando falamos em "dignidade da pessoa" es-
tamos nos referindo ao primeiro sentido, ao da dignidade ontológica,
que reconhece no homem um valor intrínseco, pelo simples fato de ser
homem. Essa noção tem raízes profundas nas origens mesmo do pensa-
mento ocidental.
Para os gregos, especialmente Platão e Aristóteles, há no homem a
presença de um elemento divino - a alma - que lhe confere a característica
de um ser sagrado, tanto por sua origem, quanto por sua destinação. As-
sim, em A República (IX, 589) e Ética a Nicomaco ( X7, 1177 a 16; b 28)
, esse elemento divino e ressaltado, ele "nos eleva acima da terra", consti-
tuindo-se em fundamento da própria dignidade humana.
O espírito estaria, assim, na raiz da pessoa, conferindo transcendên-
cia. Essa mesma noção tem sido difundida pelas tradições cristãs, que con-
sideram o homem como um ser sagrado, feito à imagem e semelhança de
85
Deus.
A partir do século XVII, porém, a noção de dignidade humana, base-
ada na transcendência, sofreu fortes abalos, acentuando-se, mais-
profundamente, nos dias de hoje, justamente, no momento em que,
mais do que nunca, é necessária a sua defesa, sobretudo, depois dos abusos
terríveis da 2 a Grande Guerra e dos avanços biotecnológicos atuais. Toda-
via, os que defendem essa ruptura com o sagrado não sabem ao certo
onde fundamentar a dignidade humana que pretendem preservar.
Há, hoje, portanto, duas noções opostas do que seja "pessoa": a que identi-
fica o indivíduo como pertencente à espécie humana e a outra que a atrela
à condição de ser autoconsciente.
PESSOA: INDIVÍDUO HUMANO" A primeira abordagem deriva da de-
finição de pessoa dada por Boécio: substância individual de natureza ra-
cional. Nela, a pessoa é concebida, antes de tudo, como um ser vivo que
pertence à natureza racional, unidade indissociável de matéria e espírito.
A pessoa não pode ser reduzida às suas partes, ela não é a sua razão
e muito menos sua consciência; pode constatar, por exemplo, através da
consciência, a existência de sua própria personalidade, mas não a cria. O
sentido empregado, aqui, é o de consciência de si mesmo.
Nesse conceito, a consciência é posterior à pessoa. Assim, conquanto
inconscientes, recém-nascido e homem adormecido são pessoas, mesmo
sem demonstrar suas capacidades intelectuais, são respeitados como um
fim em si mesmo. A presença da pessoa não depende, pois, do exercício
atual da razão ou da consciência, na verdade, ela pertence a uma realida-
de que ultrapassa a atividade neuronal ou o mero quimismo celular.
A base de sua dignidade é ontológica, inerente ao existir.
Esse conceito é aplicado a todo ser humano vivo, quer seja feto ou
recém-nascido, demente ou paciente em estado terminal, procurando
preservar-lhe o bem fundamental, o direito à vida.
SER AUTOCONSCIENTE: Há , no entanto, um outro conceito, oposto
a este, que tem uma visão dualista do homem, oriunda, sobretudo, do co-
86
gito ergo sum de Descartes, que reduziu a pessoa à condição de rés cogi-
tans, quer dizer, ao pensamento, enquanto a rés extensa ou o corpo foi
relegado à condição de objeto.
A partir de então, a dimensão corporal do homem foi reduzida ao es-
tado de "coisa"; de mero instrumento a serviço do pensamento, radicali-
zando, portanto, a distinção entre matéria e espírito. Isto explica porque
tem sido cada vez mais ampla a intervenção no corpo humano, através
de técnicas cada dia mais apuradas.
Se, por um lado, essa noção contribuiu para o avanço indispensável
da Ciência, emperrado pelo feroz dogmatismo religioso, por outro, exa-
gerou nessa visão dualista, subtraindo ao corpo o caráter sagrado que lhe
é intrínseco como instrumento do Espírito.
Essa divisão permanece exacerbada nos dias de hoje.
H.T. Engelhardt, por exemplo, estabelece uma distinção entre as pes-
soas no senso estrito e as de vida biológica humana: "as pessoas no senso
estrito são seres autoconscientes, racionais, livres em suas escolhas, capa-
zes de julgamento moral. A elas são aplicados o princípio de autonomia e
seu corolário o de respeito mutuo. Só há direitos para os seres autocons-
cientes". (8)
Os indivíduos que não preenchem essas condições pertencem Categoria de
vida biológica humana; são seres, mas não pessoas;  8 fies e dada proteção
por simples dever de beneficência. Assim são considerados os fetos, os
lactentes, os deficientes mentais severos e os que estão em coma irrever-
sível.
Pela aplicação desses conceitos, assiste-se, hoje, àquilo que se denomina
"a diluição dos confins da pessoa" (9), quer dizer, o esvanecimento da
noção de pessoa nos chamados momentos limítrofes da existência, tan-
to no começo quanto no fim, o que tem levado, em muitos países, à
legalização do aborto e à tentativa de tornar legal também a eutanásia.
Para os que defendem a tese da autoconsciência, o embrião humano e o
feto não são pessoas, por isso não possuem dignidade intrínseca. Não têm
direitos mais que um animal, devendo-se apenas não fazê-los sofrer.
Na mesma linha de pensamento de Engelhardt, está outro polêmico eti-
cista, o australiano Peter Singer. Para ele, a vida dos recém-nascidos men-
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talmente retardados não vale mais que aquela dos cães ou dos chimpanzés
adultos, por isso defende ou julga legítimo o infanticídio dos recém-
nascidos deficientes. (10)
Ele critica até mesmo o princípio de respeito incondicional à vida huma-
na.
Assim, pois, a noção de pessoa está na base de toda conduta bioéti-
ca. Se a pessoa é identificada com todo ser humano vivo, a conduta é de
respeito ao indivíduo, seja qual for sua idade ou estado de saúde, de modo
que são eticamente inaceitáveis o aborto, o infanticídio, a eutanásia, etc.
A segunda posição analisada, a que considera somente os seres auto-
conscientes como "pessoas", conduz a uma atitude de indiferença em
relação aos homens mais fracos; gera interferência ruinosa na vida
humana, principalmente porque esses conceitos tornam, cada vez mais
imprecisos, os limites temporais da pessoa - seu começo e seu fim - in-
troduzindo, de forma sistemática e insidiosa, o desrespeito e a desconside-
ração pela pessoa. Nesse caso, o aborto, o infanticídio, a manipulação de
embriões, inclusive para fins eugênicos, a eutanásia, etc., estão ple-
namente justificados.
EM BUSCA DO MODELO ESPÍRITA
Não há dúvida de que a noção de pessoa para a Doutrina Espírita é a do
ser que tem uma dignidade intrínseca, ontológica, conferida pela presença
da alma, o elemento imortal, de origem divina, que necessita do corpo
físico como instrumento para aprender e evoluir, continuamente, atra-
vés de encarnações sucessivas. Esse ponto é fundamental para distinguir
o conceito espírita de pessoa dos demais: o princípio da reencarnação,
segundo o qual o Espírito passa por um número incontável de corpos
físicos, assumindo, portanto, inúmeras personalidades, até depurar-se,
com a aquisição do bem maior: a Sabedoria e o Amor plenos.
Cremos que a denominação Modelo Personalista Espírita , ou algo as-
sim, seria a mais adequada para exprimir o modelo ético que emerge dos
princípios espíritas.
Para fixarmos, no entanto, um modelo, é preciso buscarmos as respostas
88
para duas perguntas essenciais: O que é Vida? O que é "pessoa"?
A ORIGEM DA VIDA
O Espiritismo defende, desde março de 1860, a partir da segunda edi-
ção de O Livro dos Espíritos, a evolução contínua e gradual de todos os
seres, através da filogênese, que possibilita a mdividualização do prin-
cípio espiritual, valendo-se do buril do tempo.
Assim, criado por Deus, o Espírito, sob a sua forma de simplicida-
de, a de princípio inteligente, inicia a biogênese, estagiando nas formas
mais primitivas - os seres unicelulares - , prosseguindo depois nos plu-
ricelulares, até atingir a fase humana. É a caminhada ininterrupta do
Ser, do átomo ao arcanjo (11), da simplicidade e ignorância à sublime
aquisição da Sabedoria e do Amor, rumo ao Arquétipo para o qual foi
criado.
Desse modo, durante bilhões de anos, o Espírito modela os seus en-
voltórios: a matéria que ele retirou do charco, do limo da Terra, e a-
nimou, partindo dos cristais minerais, até atingir a complexa maquina-
ria do corpo humano; e os outros dois principais envoltórios sutis, o
corpo mental e o perispírito, invisíveis à tecnologia terrestre existente.
A Doutrina Espírita reconhece o grande valor da Teoria Neodarwinis-
ta, mas o acaso, um de seus pilares, bem como o de outras teorias
complementares (Orgel, Eigen, Gilbert, Monod, Dawkins, Kimura,
Gould, Kauffman), é insuficiente para explicar a origem da vida.
Como afirma o bioquímico, Michael Behe: "Dizer que a evolução
darwiniana não pode explicar tudo na natureza, não eqüivale a dizer
que a evolução, a mutação e a seleção natural não ocorram. Em termos de
microevolução , os seus pressupostos foram confirmados".
Behe, porém, faz uma ressalva importante, a mesma que fazemos: "O
que se pede é a explicação científica detalhada, passo a passo, que mos-
tre como a mutação aleatória e a seleção natural poderiam construir es-
truturas complexas e intrincadas, como, por exemplo, o olho humano, o
cílio ou o flagelo; a coagulação sangüínea, e outras. Até agora, tal expli-
cação não foi dada por nenhum dos ardorosos defensores do acaso, como
89
base da evolução". (12)
Do mesmo modo, outra teoria como a da auto-organização (Prigogine,
Maturana e Vilela, etc.) - não explica a transição entre as organizações
vivas e as inorgânicas. A respeito dela, afirmou Paul Davies:
"A teoria da auto-organização ainda não oferece nenhuma pista sobre
como se dá a transição entre a organização espontânea ou auto-induzida -
que até nos exemplos não biológicos mais elaborados ainda envolve es-
truturas relativamente simples - e a organização genética das coisas vi-
vas, altamente complexa e baseada na informação." (13)
A Teoria do Planejamento Inteligente (Michael Behe; Lynn Margulis;
ígor e Grischika Bogdanov) está fundamentada na extraordinária ma-
quinaria celular, no estudo dê estruturas complexas (olho humano,
coagulação sangüínea, etc.); no jogo de convenções inexplicáveis: liga-
ções covalentes; estabilização topológica de carga; ligação gene-proteína;
quiralidade esquerda dos aminoácidos e direita dos açúcares; nos cálculos
matemáticos que demonstram a impossibilidade estatística (101000 contra
um) de se juntar, ao acaso, mil enzimas das 2 mil necessárias ao funcio-
namento de uma célula. (14)
A Teoria do Planejamento Inteligente é a que mais se coaduna com a Reve-
lação Espiritual. Nós, espíritas, somos, portanto, evolucionistas-
criacionistas, acreditamos na evolução do princípio espiritual, fruto da criação
de Deus, através da escala filogenética, em encarnações sucessivas.
Aceitamos os pressupostos do darwinismo para a filogênese; distingui-
mos, no entanto, seus pontos fracos e obscuros, vislumbrando solu-
ções, a partir das revelações espirituais que a explicam como um pro-
cesso evolutivo, que se dá nos dois planos da vida, o físico e o extra-
físico, sob a orientação de Gênios Construtores - Espíritos condutores do
progresso humano - impulsionando o Ser do charco para a Luz, da anima-
lidade para a consciência sublimada.
Nesse longo processo evolutivo, o Espírito constrói não apenas o
corpo físico, mas igualmente o espiritual ou perispírito, constituído de ma-
téria ainda desconhecida, que tem significado parecido com o dos campos
imateriais estruturadores da forma, referidos como campos mórficos e res-
sonância mórfica por Rupert Sheldrake e campo biomagnético, por Hernani
90
Guimarães Andrade. (15) Concomitantemente, com a evolução desse envol-
tório sutil, desenvolve-se o organismo físico, e é essa evolução dupla
que permite sejam guardadas, no elemento extra-físico, os benefícios
da seleção natural e das mutações, sob a tutela dos Espíritos Instrutores, e
depois passadas às novas gerações, com excepcional sucesso.
O processo evolutivo é extremamente complexo e ainda estamos muito
longe de abarcá-lo, mesmo com as valiosas informações espirituais que
já nos beneficiam. Sabemos que a Terra primitiva é o mundo das proteínas
e não do RNA (Ácido Ribonucleico = RNA), como se supõe, devendo-se
partir, portanto, da influência delas sobre o aparecimento dos demais compo-
nentes da célula elementar; do mesmo modo, é preciso aprofundar o estudo da
geometria das diversas substâncias celulares para determinar suas fun-
ções. E é todo um percurso de cerca de três bilhões e quatrocentos mi-
lhões de anos - cálculo estimado da biogênese - que precisa ser mapeado
e decifrado, capítulo a capítulo.
Em um estudo sobre os fundamentos da Bioética, cremos que é muito
importante abordarmos a questão da origem da vida, porque concordamos
com a observação do ilustre físico, Dr. Paul Davies, em O Quinto Milagre,
quando afirma que na origem da vida está o significado da própria vida.
PESSOA, NA VISÃO ESPIRITA
Para a Doutrina Espírita, o valor da pessoa humana está encrava-
do na própria origem da vida, porque esta só pode ser explicada pelo
Planejamento Inteligente, que nos leva ao Grande Planejador e a con-
siderá-la como um bem outorgado e indisponível.
Hoje, com todos os avanços das Ciências da Vida, os pesquisadores
nunca criaram vida em laboratório e não conseguem explicar, pelo
simples acaso, como é que átomos se transformam em homens, seguindo
caminhos tão engenhosos que o próprio cientista tem tanta dificuldade
para descobrir.
Como já nos referimos, é muito difícil explicar o funcionamento
de estruturas sofisticadas, como, por exemplo, o olho humano e a coa-
gulação sangüínea, mostrando, passo a passo, como se juntaram, pela obra
91
do simples acaso, substâncias químicas tão especializadas, em perfeita
harmonia, nas reações bioquímicas mais complexas das quais participam.
Do mesmo modo, é preciso lembrar de todas as outras respostas que
ainda não foram dadas pela Ciência, inclusive, a da origem da extraordi-
nária maquinaria celular.
Hoje, os argumentos, em favor da vida outorgada e indisponível,
vêm da própria Ciência.
A sacralidade da Vida, portanto, origina-se do princípio espiritual.
Criação divina e imortal, ele inicia a biogênese nos cristais, individuali-
zando-se, a cada nova existência, ao longo da escala filogenética, até
envergar, finalmente, o corpo humano, maquinaria fantástica, construída
por ele mesmo com a ajuda dos Gênios Construtores.
Com essa visão muito mais ampla e abrangente do Ser Humano,
compreende-se que o Espírito, que o anima, já foi lapidado pelo tem-
po, não é criado, portanto, no instante da concepção, na existência
corpórea, mas tem origem muito mais antiga. No instante da concepção,
o Espírito liga-se ao novo corpo, com a finalidade de encetar um novo
projeto existencial.
Segundo informações espirituais, nem sempre o zigoto ou o embrião
inicial tem um Espírito presidindo a sua formação (16), porque o óvulo e
o espermatozóide podem se unir, sem a presença da alma, apenas por
impulsos magnéticos biológicos. Nesse caso, a própria natureza se in-
cumbe de descartar o embrião malformado, sem necessidade de interfe-
rência indébita do homem.
Quando se trata de embrião fabricado em laboratório, é preciso estar
atento, porque há possibilidade de algum filamento perispiritual unir-se a
ele. Nesse caso, os pesquisadores espíritas precisam desenvolver tecno-
logias mais sofisticadas, ainda inexistentes, para saber se isso ocorre, e
poder, dessa forma, trabalhar em embriões não comprometidos. Sem isso,
fica difícil qualquer interferência.
Se houver, porém, um feto ou um corpo humano em gestação, há, aí,
um Espírito responsável pela sua formação e todos seus direitos devem
ser preservados. A regra, portanto, é não interferir.
Corpo físico, Envoltórios Sutis e Espírito têm funções bem definidas, ca-
92
bendo ao ser imortal o cuidado com todos os seus elementos constituti-
vos.
Cada Espírito é responsável por sua própria evolução. O Mestre Jesus
mostrou o caminho a toda a humanidade, compete, porém, a cada indiví-
duo, viver e exemplificar as lições do amor universal, vivendo os princí-
pios da caridade e da solidariedade em sua vida diária.
Por tudo quanto vimos, para a Doutrina Espírita, a pessoa tem uma dig-
nidade intrínseca, ontológica, conferida pela presença da alma, elemento
imortal, de origem divina, que necessita do corpo físico para aprender e
evoluir, em progresso contínuo.
Não importa se o ser está consciente ou não; se é feto ou doente em
coma, ele é uma pessoa e como tal deve ser respeitado, pelo que é intrinse-
camente. São, portanto, inaceitáveis o aborto, o infanticídio, a manipula-
ção de embriões para fins eugênicos a eutanásia, etc.
Em última análise, a Vida é um Bem outorgado, indisponível. E
essa verdade tem sua base de sustentação na própria Ciência, devendo,
como tal, ser reconhecida, orientando a conduta ética do homem.
NOTAS EXPLICATIVAS
(1) S. Vanni Rovighi, Elementi di filosofia, III, Brescia, 1963, p. 189 a
269, citado por Sgreccia, in Manual de Bioética, cap, 2, p. 65,
(2) Ver também, no mesmo livro, cap. 5, p. 157 a 166
(3) Jean-François Malherbe, citado por Francisco de Assis Correia, in Fundamen-
tos da Bioética, p. 39
(4) Seguimos aqui o esquema de Sgreccia, cap. 2 de Manual deBioética
(5) Ver, no mesmo Manual, cap. 2, p. 74
(6) La Bioéthique et Ia dignité de Ia personne, Roberto Andorno,cap. l,p. 18
(7)e (8) La Bioéthique et Ia Dignité de Ia Personne, cap. II, p.34,41 e 45
(9) L. Palazzani,Essereumanoopersona?Personapotenzialeopersona possibile?,
citado por Andorno, cap. 2, p. 40
(10) Peter Singer, Animal Liberation. A New Ethicsfor our Treatment of Animais,
citado por R. Andorno, 1997, p. 46
(11) VerQuestãon. 540 de O Livro dos Espíritos. Alei da evolução, através da escala
filogenética, também está contemplada na mesma obra, entre outras, nas questões
604 e 607. Estudar também A Gênese, cap.VI e X, ambos de Allan Kardec. Não
deixar de ver também as revelações do século XX, feitas pelos espíritos
93
André Luiz,principalmente no livro Evolução em Dois Mundos, e Emmanuel,em
A Caminho da Luz e O Consolador.
(12) Veja a argumentação de Michael Behe, no excelente livro A Caixa
Preta de Darwin, parte III, cap. 8, p. 179
(13) O Quinto Milagre, cap. 5, p. 169
(14) Na impossibilidade de dar maiores detalhes, aos interessados em
dissecar essas questões, recomendo o meu livro, O Clamor da Vida (Ed. FE)
(15) Há mais informações em O Clamor da Vida, parte III, cap. 5
(16) O Livro dos Espíritos, Q. 355 e 356. Ver, também, Evolução em Dois
Mundos, 2 a parte, cap. XIII
CLONAGEM NA VISÃO ESPÍRITA
O PROCESSO REENCARNATÓRIO, CLONAGEM
REPRODUTIVA E TERAPÊUTICA,
MANIPULAÇÕES GENÉTICAS
Há milhares de séculos, a natureza brinda-nos com clones humanos au-
tênticos - os gêmeos univitelinos - no entanto, esse fenômeno, que traduz a
cópia de seres vivos, embora sempre tenha despertado sentimentos de comovi-
da admiração, somente tornou-se discussão acalorada, em todo o planeta, a
partir da apresentação da ovelhinha Dolly, em fevereiro de 1997. Noticiava-
se, então, o nascimento do primeiro mamífero clonado, produzido nos labo-
ratórios do Instituto Roslin, na Escócia. Sem dúvida, um dos maiores fei-
tos da Ciência, no século XX.
O termo "clone" vem do grego klón que significa broto ou ramo e é u-
sado para designar várias entidades biológicas diferentes; em nosso estudo,
porém, vamos empregá-lo para designar seres vivos que, como a Dolly, são
portadores do mesmo genoma, da mesma carga genética e são fruto de repro-
dução assexual. Em particular, vamos abordar a clonagem humana repro-
dutiva e terapêutica.
Para fabricar a Dolly, a equipe do professor lan Wilmut utilizou três o-
velhas. Uma delas, a de focinho negro, doou o óvulo ou gameta feminino,
do qual retirou-se o núcleo; no lugar deste, introduziu-se o núcleo de uma
94
célula mamaria adulta, retirada de uma outra ovelha, a branca, que se
desejava clonar. Na realidade, o que se deu foi a união de uma célula
somática com o citoplasma de uma célula sexual ou germinativa; com esse
arranjo, graças à orquestração do citoplasma e técnicas especiais, a célula
recém-formada foi levada ao estágio embrionário inicial e o embrião, as-
sim obtido, foi transplantado no útero de uma terceira ovelha. Esta, fi-
nalmente, deu à luz a famosa ovelha, em 5 de julho de 1996.
A rigor, do ponto de vista científico, a Dolly não foi um clone verda-
deiro, como o são os gêmeos univitelinos, porque estes têm os mesmos ge-
nes, tanto do núcleo quanto do citoplasma, ao passo que ela herdou os
genes citoplasmáticos da outra ovelha, a de focinho negro e não da "mãe
clone", a ovelha branca.
Mas, sem dúvida, ela foi um clone de DNA ou genômico, uma cópia
inegável da ovelha branca, doadora do núcleo.
Como, em linhas gerais, esse mesmo processo está sendo utilizado para
a produção de clones humanos, estes, se forem produzidos, não serão
autênticos como os gêmeos univitelinos, porque terão carga genética
citoplasmática distinta do ser copiado.
O fato é que, autênticas ou nem tanto, as cópias já estão entre
nós: são mais de cem animais clonados, além de anúncios de casos de
clonagem humana, ainda não confirmados, cientificamente.
Diante da nova técnica, uma pergunta é inevitável: o clone tem alma?
Não há dúvida alguma de que a Dolly tinha alma, ou melhor, princí-
pio inteligente; do mesmo modo que a possuem todos os mamíferos clo-
nados depois dela. Se assim não fora, não seriam seres vivos.
Na clonagem humana, o raciocínio é o mesmo. Basta recordar o en-
sinamento básico, contido em O Livro dos Espíritos (Q. 356): "toda
criança que vive após o nascimento tem forçosamente encarnado em si
um Espírito", do contrário, "não seria um ser humano".
Só o Espírito tem o poder de agregar matéria e, conseqüentemen-
te, de formar o corpo físico, segundo o molde contido em seu envoltório,
o perispírito.
Assim, se a clonagem humana for sucesso, certamente, não produzirá
robôs, mas seres humanos verdadeiros, comandados pela alma. E distin-
95
tos uns dos outros, como o são os gêmeos univitelinos, porque cada Espí-
rito carrega em si uma experiência única, calcada em bilhões de anos de
evolução.
Na clonagem, qual o fator que atrai o Espírito à reencarnação?
Daremos nossa hipótese explicativa, com base em nossos estudos e nas
revelações espirituais. Evidentemente, não há comprovação científica
sobre o que vamos expor, porque estamos lidando com um campo virgem
- a pesquisa em Medicina energética - praticamente inexplorado, e que
está à espera de tecnologia adequada.
Para falarmos dessas hipóteses, é preciso relembrarmos, antes, como
se dá o processo reencarnatório normal.
O PROCESSO REENCARNATÓRIO
Nesta breve revisão, vamos recordar o que diz a revelação espiritual
acerca das principais etapas pelas quais o Espírito passa, na sua volta à
carne, automatizadas em milhões de anos de evolução.
O primeiro ponto a destacar é que os Espíritos Instrutores "ao deixam
nenhuma dúvida quanto ao momento em que se dá a união da alma com
o corpo: é o da concepção. (1)
Allan Kardec, em A Gênese (2) descreve o renascimento:
"Quando o Espírito deve encarnar-se num corpo humano em vias de
formação, um laço fluídico, que mais não é do que urna expansão do seu
perispírito, o liga ao germe que o atrai por uma força irresistível, desde o
momento da concepção". Nesse processo, "o perispírito, que possui certas
propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo que se
forma; daí pode dizer-se que o Espírito, por intermédio de seu perispírito,
de alguma forma toma raiz no germe, como uma planta na terra. Quando o
germe está inteiramente desenvolvido, a união é completa, e então ele
nasce para a vida exterior."
Que força irresistível seria essa de que nos fala Kardec? Não há dúvida
de que é o magnetismo do pai e da mãe, expresso, entre outras estruturas
corpóres, no conjunto formado pelas células reprodutivas, e que atua, de
96
forma decisiva, sobre o candidato à reencarnação.
Na verdade, segundo explicam os Instrutores Espirituais, para reen-
carnar, basta o magnetismo dos pais, aliado ao forte desejo do Espírito
reencarnante. (3) Forma-se, assim, a sintonia magnética, que funciona
tanto na reencarnação normal quanto na clonagem.
Não se pode esquecer que essa "sintonia magnética" envolve energi-
as sutis, portanto, não obedece às leis clássicas da física, mas às da física
quântica, de comunicação não local, que não depende do espaço e do
tempo, conforme preconiza o Teorema de Bell. (4)
Assim, o Espírito reencarnante une-se magneticamente ao óvulo e
ao espermatozóide, ou ao genoma formado por ambos (caso do clone),
por questão de afinidade espiritual, não importa onde se localizem. Os
tubos de ensaio e a parafernália de aparelhos utilizados nos laboratórios
não constituem de forma alguma empecilho para esse tipo de ligação.
Aliás, é bom lembrar, todos os Institutos de pesquisa científica terrestres
contam, invariavelmente, com equipes de Espíritos Superiores que os
assistem, de modo que esse tipo de ligação é devidamente favorecida por
eles.
Na clonagem, os cientistas levam os genes de uma célula adulta ao es-
tado embrionário, com isso, as moléculas de DNA, que se expressam, a-
través de formas geométricas muito especiais, por razões que ainda desco-
nhecemos, mas que certamente estão ligadas às propriedades da matéria
elementar primitiva (plasma divino), começam a vibrar em outro diapa-
são, repletas de alto poder magnético, potencializado, em muito, pelas
mitocôndrias - usinas de força energética-espiritual - presente no cito-
plasma do óvulo. O conjunto constitui um verdadeiro pólo atrator para o
Espírito reencarnante. (5)
Forma-se, assim, a atração fatal ou irresistível de que nos fala
Kardec, que possibilita a reencarnação normal e na clonagem.
Não são, portanto, apenas substâncias químicas orgânicas que atuam
nos mecanismos da embriogênese, elas constituem tão-somente o substrato
físico de uma ação muito mais abrangente e primordial, que é a ação
enérgica do Espírito reencarnante, expressa, principalmente, através de
seus envoltórios sutis, em particular, do perispírito.
97
No primeiro mês de gestação, o novo ser aumenta em dez mil vezes o
seu peso inicial. O embrião constitui-se, portanto, em uma das provas
mais eloqüentes e substanciais do poder agregador de matéria, inerente
ao Espírito.
Ahás, a embriogênese, como um todo, é um processo notável: uma
única célula unidimensional (zigoto) transforma-se em um ser tridimen-
sional (o recém-nascido), seguindo um programa informacional automá-
tico perfeito. Comentando, em entrevista, esse extraordinário enigma
da natureza, François Jacob, médico e biólogo francês, do Instituto Pas-
teur, condecorado com o Prêmio Nobel de bioquímica, em 1965, reconhe-
ceu que a Ciência ainda não tem explicação para ele.(6)
PREPARAÇÃO: No livro Missionários da Luz, o médico desencarnado
André Luiz, descreve, pormenorizadamente, o renascimento de um Es-
pírito, fato único, ao que nos parece, na literatura espiritualista mundial e
que recomendamos vivamente a todos os interessados. (7)
O caso descrito é o da reencarnação de Segismundo, no lar de Adelino e
Raquel, que pode ser considerado um paradigma do que acontece comu-
mente na Terra.
Antes da ligação do Espírito com seu novo corpo, houve um trabalho
intenso de preparação. Inicialmente, os Espíritos Instrutores buscaram
promover a paz entre o futuro pai e o postulante à condição de filho,
uma vez que, em encarnação precedente, Segismundo havia assassina-
do Adelino e este, instintivamente, reagia à simples aproximação do
antigo adversário. Sua reação era de tal ordem que "destruía a substância da
hereditariedade, intoxicando a cromatina dentro da bolsa seminal", ani-
quilando, com seu pensamento envenenado, os espermatozóides, ou
intoxicando os genes do caráter dos que não conseguia eliminar, dificul-
tando, dessa forma, a ação dos Benfeitores. (8)
Em encontro, durante o sono físico, o Instrutor Alexandre conseguiu a
mudança de atitude de Adelino, que estendeu a mão a Segismundo, per-
doando-o, com sinceridade.
Viu-se, então, o efeito benéfico do perdão, no próprio organismo pe-
rispiritual de Adelino, que se mostrou iluminado, após a ruptura, de alto a
98
baixo, daquilo que se poderia chamar de "pesadas nuvens" ou acúmulos de
energia negativa, produzidos pelo ressentimento.
Depois da modificação mental do futuro pai, os instrutores deram início
à preparação dos cromossomos e dos genes, com vistas ao processo de
reencarnação, estudando o gráfico do futuro corpo físico de Segismundo,
que, consoante a falta cometida na vida passada, manifestará, na idade
madura, moléstia do tônus cardíaco.
Enquanto esperava o momento de ligação com o novo corpo, Segismundo
repousava em uma pequena câmara, em seu futuro lar: estava extenuado
e abatido, com medo de novos fracassos. Esse abatimento, às vésperas da
reencarnação, tinha origem não apenas na dúvida quanto ao sucesso, mas
principalmente, no lento processo de " enfraquecimento" perispiritual que o
Espírito sofre, à medida que entra em ligação fluídica direta com os futuros
pais; estado esse que lembra, de certa forma, os instantes finais da vida
física, quando há extinção das forças orgânicas. Segundo os orientado-
res, essa operação é necessária, antes de recomeçar a existência terrestre,
para que o organismo perispiritual retome a "plasticidade que lhe é carac-
terística". Para isso, ele necessita perder os pontos de contacto, com a
esfera extrafísica, meio muito diverso do que existe na crosta planetária,
eliminando determinados elementos da vida espiritual que seu perispíri-
to incorporou, no período entrevidas, através da alimentação e dos hábitos
diferentes. Isso não deixa de provocar sofrimento. (9)
Depois que Segismundo eliminou a "matéria psi", assimilada no mundo
espiritual, ficou mais pálido, mais fraco, seu olhar tornou-se vago, menos
lúcido.
No dia da ligação com o novo corpo, a equipe espiritual não penetrou o
quarto do casal no momento do relacionamento sexual, por respeito a
esse ato sagrado, o mesmo acontecendo com todos os lares que, como o de
Adelino e Raquel, são formados em bases retas, porque eles possuem defe-
sas naturais.
Como a fecundação do óvulo materno somente se verifica algumas ho-
ras depois da união sexual, a equipe espiritual, encarregada de con-
duzir o processo reencarnatório, aguarda o tempo certo.
99
REDUÇÃO DO PERISPÍRITO: Em seguida à eliminação da matéria psi,
própria da vida espiritual, deu-se a miniaturização do perispírito: Segis-
mundo mentalizou a forma de um bebê e passou a expressar-se como tal.
Esse fenômeno é automático, como, aliás, o é todo o processo reencarna-
tório, e só se efetua quando o envoltório sutil adquire a sua plasticidade
original. A propósito dessa operação, os Instrutores Espirituais lembra-
ram que a enfermidade mortal, para o homem terreno, não deixa, em certo
sentido, de ser prolongada operação redutiva, favorecendo a libertação da
alma dos laços fisiológicos. Temos, aí, a explicação para o fato comumente
observável, ressaltado nos estudos da ilustre psiquiatra Elizabeth Kübler
Ross, de pacientes terminais que assumem, no leito, a posição fetal,
indicando, com isso, sua proximidade do óbito. Embora sejam processos
opostos, a encarnação e a desencarnação, têm, certamente, operações que
se assemelham.
Após a miniaturização, a forma reduzida de Segismundo descansou no
colo daquela que fora, na Terra, a mãe de Raquel, aguardando a união
com o seio materno.
LIGAÇÃO: Finalmente, chegou o instante mais esperado. Enquanto o
corpo físico de Raquel repousava, tranqüilamente,' sobre o leito, em Espí-
rito ela recebia, no regaço, a "forma infantil" de Segismundo, apertan-
do-a, amorosamente, de encontro ao coração.
As revelações dos Instrutores Espirituais ensinam que o perispírito
do reencarnante atua sobre o óvulo, dirigindo-o na seleção do es-
permatozóide, de modo a escolher o mais "útil" à programação
reencarnatória, em vias de se concretizar, determinando o sexo e a
carga genética para toda a existência.
Em 1991, o Proceedings of the National Academy of Science trouxe
um comunicado interessante: pesquisas recentes realizadas por cientistas
norte-americanos e israelenses, na Universidade de Texas e no Instituto
Weizmann, revelaram que, antes da fecundação, o óvulo libera uma
substância química que age como um sinal verde para que os esperma-
tozóides iniciem a viagem pela trompa. Aproximadamente 100 dos
200 a 300 milhões de espermatozóides contidos na ejaculação, conse-
100
guem alcançar o óvulo e apenas um atingirá o alvo. O sinal químico, então
descoberto, seria responsável pela seleção do espermatozóide mais apto.
As pesquisas ainda prosseguem para saber se essa substância é produzida
pelo próprio óvulo ou pelas células vizinhas.
A mulher teria, assim, um papel muito mais ativo na fecundação do
que se supunha anteriormente.
No caso de Segismundo, uma vez escolhido e encorajado, o esperma-
tozóide mais útil ao seu planejamento reencarnatório foi acolhido pelo
óvulo que participou ativamente da sua seleção.
Conforme conta André Luiz, no livro citado, em seguida à união dos
dois gametas, "Alexandre ajustou a forma de Segismundo, que se inter-
penetrava com o organismo perispirítico de Raquel, sobre aquele microscó-
pico globo de luz e observei que essa vida latente começou a movimentar-
se". "Havia decorrido precisamente um quarto de hora, a contar do ins-
tante em que o elemento ativo ganhara o núcleo do óvulo passivo".
Pela descrição, observa-se que, após a união definitiva do Espírito à cé-
lula-ovo, ele vai atuar como vigoroso modelo "como íman entre limalhas
de ferro", construindo o novo corpo.
Evidentemente, fizemos, aqui, um esboço muito suscinto do relato
do médico desencarnado. Na verdade, destacamos alguns pontos de
referência para uma discussão muito mais ampla que terá de ser feita,
em outro nível, envolvendo estudos e pesquisas bem mais complexos.
INFLUÊNCIA SOBRE OS GENES: No caso de Segismundo, houve inten-
sa movimentação espiritual na escolha dos gametas e em outras opera-
ções importantes.
Para detectarmos até que ponto o Espírito pode influir na escolha dos
genes, vamos destacar um caso de reencarnação, entre os 2.600 pesquisados
pelo Dr. lan Stevenson, da Universidade de Virgínia, EUA.
Zaw Win Aung é formado em Medicina pela Faculdade de Rangoon,
capital da Birmânia e deve estar, atualmente, com mais de 50 anos. Des-
de criança, Zaw dizia que havia sido piloto norte-americano, por ocasião
da 2 a Guerra Mundial, e que seu avião fora abatido pelos japoneses,
101
causando-lhe a morte. Os pais de Zaw são nativos asiáticos legítimos,
morenos, de olhos amendoados e escuros, entretanto, ele é louro, de o-
lhos verdes, redondos, e pele muito clara.
O Dr. Stevenson fez ampla e rigorosa pesquisa para verificar a hi-
pótese de infidelidade da mãe de Zaw, chegando à certeza absoluta de
que tal suposição era absolutamente falsa. A hipótese de distúrbio
genético foi também descartada. Além disso, o Dr. Stevenson obteve
ampla comprovação acerca das afirmações feitas pelo paciente relati-
vamente à sua existência anterior. Mesmo o comportamento de Zaw,
desde a sua meninice, sempre diferiu profundamente do de seus demais
irmãos, revelando hábitos tipicamente ocidentais.
Teria o pensamento ou matéria mental de Zaw influído nas estrutu-
ras genéticas do organismo em formação? Teria o seu Espírito inter-
ferido diretamente nos genes, a ponto de alterar as bases nitrogenadas
do DNA, provocando mutação? Segundo os estudos e observações do
Dr. Hernani Guimarães Andrade, presidente do Instituto Brasileiro
de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP), a resposta é afirmativa. Essa con-
clusão decorre da investigação das birthmarks (marcas reencarnatórias
congênitas, marcas de nascença) e das aparentes mutações, como no
caso de Zaw Win Aung. (10)
Segundo Andrade, quando se estuda a psicocinesia, chega-se à conclu-
são de que a mente do espírito reencarnante, ou outra mente qualquer,
pode infuir nas disposições dos genes nos cromossomos das células em-
brionárias, desde que o desejo seja sustentado por uma vontade firme,
visando um resultado final.
EM RESUMO: O processo reencarnatório, na clonagem, dá-se também,
como nos casos comuns, por sintonia magnética.
O candidato à reencarnação tem afinidade ou compromisso espiritual
com o doador ou a doadora da célula somática, ou seja, com o ser que se
deseja copiar, do mesmo modo que deve ter com a fornecedora do óvulo.
Une- se, dessa forma, magneticamente, ao genoma da célula diferenciada,
constituído de genes herdados do elemento masculino e feminino, que são
levados à condição embrionária , e ao citoplasma do óvulo da doadora, do
102
qual foi eliminado o núcleo, e que alberga os genes mitocondriais.
O fato é que os genes nas condições embrionárias iniciais, conforme as-
sinalamos, devem ter formas geométricas especiais que favoreçam a con-
centração de alto poder magnético espiritual. Esse conjunto constitui o pólo
atrator do Espírito reencarnante, refletindo a sintonia existente de alma
para alma.
Poder-se-ia argumentar que, no caso da clonagem, o Espírito não
tem livre escolha de gametas , como no processo reencarnatório normal.
De fato, não tem; está muito mais engessado em suas manobras, com-
prometido com um programa previamente escolhido por outrem. Mas, se
não goza de ampla liberdade de opção, não deixa, contudo, de tê-la, em
certa medida, basta lembrar os gêmeos univitelinos que têm um programa-
ção conjunta, compartilhada, e , mesmo assim, não são iguais, porque
as almas são distintas e imprimem manifestações ou personalidades dife-
rentes às existências de um e de outro.
Bastante ilustrativo também é o caso de Zaw Win Aung, que imprimiu
mutações importantes aos genes herdados. Será que, mesmo com menor
possibilidade de manobra, o clone não teria também o poder de mudar o
genoma que recebeu de herança do "pai ou da mãe clone"? Tudo indica que
sim, dado o poder co-criador do Espírito.
O futuro dirá.
Se a ligação do espírito reencarnante, no caso da clonagem laboratorial,
faz-se em ambiente diferente do lar, nem por isso é afetada, porque já
vimos que a comunicação entre os Espíritos não é local, independe, por-
tanto, do tempo e do espaço.
Quanto ao restante do processo reencarnatório, segue seu curso,
como nos casos normais: dá-se a miniaturização do perispírito e os
Benfeitores Espirituais especializados estão sempre a postos para ajudar.
CLONAGEM HUMANA REPRODUTIVA
No caso do homem, são duas as modalidades de clonagem: a reproduti-
va e a terapêutica; a primeira faz cópia de gente e a outra produz em-
briões com a finalidade de retirar deles as células-tronco que serão
103
empregadas na cura de doenças.
A clonagem humana reprodutiva, conforme já vimos, é possível,
mas, na atual conjuntura, é defensável?
Primeiramente, é preciso ressaltar que a clonagem é uma técnica mui-
to ineficiente, com índice altíssimo de insucesso; para fabricar-se a
Dolly, foram feitas 277 tentativas, formaram-se 29 embriões, e apenas
um redundou em êxito.
Desde 1996, há pouco mais de cem animais clonados, o que re-
presenta muito pouco, no campo da pesquisa científica, observan-
do-se, desde então, grande quantidade de malformações, filhotes
muito grandes que não couberam direito no útero e tiveram deforma-
ções; bezerros clonados que morreram de paralisia renal menos de 48
horas depois de nascerem; animais que sobreviveram com sérias limi-
tações e outros que foram sacrificados porque apresentaram doenças
congênitas graves, etc. Ainda recentemente (11), cientistas analisaram
um grupo de camundongos clonados e descobriram que 70°/o deles eram
patologicamente obesos.
Constatou-se também que a Dolly ficou obesa, teve artrite e enve-
lheceu precocemente. Embora nascida em 1996, suas células corres-
pondiam às de uma ovelha de cerca do dobro da idade, tendo morrido,
precocemente, no início de 2003.
Uma das explicações para a origem de todos esses defeitos estaria nas
marcas ou etiquetas que um genoma adulto possui, quer dizer, para que
um feto sadio se desenvolva , é necessário que os genes do pai e da mãe
passem por uma reprogramação, o que ocorreria na união de um esper-
matozóide com um óvulo. Do Japão, porém, chegam notícias (12), de
que os genes de clones de camundongos funcionam normalmente, não
tendo sido encontradas diferenças na expressão (leitura) deles entre
camundongos clonados e não-clonados, o que indicaria que as células
adultas não constituiriam problema.
O fato é que ainda muito pouco se sabe sobre o assunto.
Há uma questão, porém, muito clara: a única maneira de se chegar
à perfeição na clonagem é pela prática, pela repetição, por tentativa
e erro; isso vem sendo feito em animais, utilizando-se, largamente,
104
o aborto e a eutanásia. E com embriões humanos, qual será a conduta
bioética?
Severino Antinori diz que praticará o aborto em todos os casos neces-
sários, porque é legal na maior parte dos países onde pretende pesquisar.
Nem tudo, porém, o que é legal, é moral.
E a eutanásia, ele a aplicará também? Mesmo utilizando a técnica da
reclonagem, não conseguirá detectar, durante o desenvolvimento
embrionário, senão algumas dezenas de doenças genéticas, entre as
sete mil existentes.
Os especialistas calculam que seriam necessários, pelo menos, mil clo-
nes de animais, com acompanhamento de 50 anos, para podermos afirmar
que a técnica da clonagem é segura.
E há uma outra questão a considerar, a espiritual. O envelhecimento
precoce dos clones indicaria que há falhas no processo de produção de
fluido vital ou ectoplasma, que faz parte do duplo etérico ou corpo vital,
provavelmente envolvendo os genes citoplasmáticos e nucleares. Su-
põe-se que o clone "herdou" um processo vital em andamento, reiniciando
do ponto interrompido, quer dizer, do número de anos já vividos pela
ovelha clonada.
Entre os projetos de trabalho da Associação Médico-Espírita do Bra-
sil, está o mapeamento de todos as funções desempenhadas pela mito-
côndria, uma vez que se sabe, por revelação mediúnica, que ela não é
apenas a usina motriz da atividade celular, mas também a de produção
de ectoplasma (corpo vital). E é fácil deduzir a razão: ela é respon-
sável por toda a cadeia de aproveitamento do oxigênio, elemento fun-
damental não apenas nas trocas metabólicas, mas também na função
de auxiliar o transporte do "prana" ou matéria cósmica elementar
(plasma divino), que entra com o ar e vai dos pulmões às células. As-
sim, a mitocôndria participaria também da produção dessa energia
sutil, o ectoplasma, que é fundamental nos processos de intermediação
entre o Espírito e o corpo físico. (13)
Em nossa hipótese de trabalho, supomos que há um intercâmbio
constante e permanente entre os genes da mitocôndria e os do nú-
cleo da célula, de modo a garantir a produção desse fluido vital, respon-
105
sável pelo número de anos que a alma vive no corpo físico. O envelheci-
mento precoce dos clones indicaria que há falhas no processo de produção
do ectoplasma, provavelmente, envolvendo essa troca de informações
entre os genes citoplasmáticos e os do núcleo.
O assunto, evidentemente, não se esgota aqui, pelo contrário, o trabalho
apenas começa, exigindo equipes multidisciplinares de pesquisa.
A nosso ver, no atual estágio evolutivo científico, a clonagem hu-
mana reprodutiva é indefensável, tendo em vista a precariedade da
técnica e o pequeno número de animais clonados. E nada pode justifi-
car a realização de experiências com organismos humanos vivos; fazer
pesquisas in anima nobile é imoral.
Constatamos também que alguns dos Modelos Bioéticos vigentes,
fundamentados no materialismo reducionista, não credenciam seus de-
fensores a tomar sob sua responsabilidade o cuidado com a manipulação
de embriões.
O assunto é muito sério e por isso mesmo requer maior progresso es-
piritual do mundo em que vivemos.
CLONAGEM HUMANA TERAPÊUTICA
Essa outra modalidade de clonagem produz embriões humanos, com
a finalidade de retirar deles as células-troco ou "sementes da vida",
presentes dos 5 aos 15 dias iniciais do desenvolvimento, para fabri-
car, com elas, tecidos diversos - nervoso, pancreático, muscular, etc. -
utilizando-os na cura de moléstias como o Mal de Parkinson, o diabetes,
os distúrbios musculares cardíacos, etc.
Qual a melhor atitude bioética diante dela? A resposta não é fácil.
Aqui, o dilema é o mesmo dos embriões congelados. Conforme sa-
bemos, estes podem ter ou não Espíritos ligados. (14) Mas será que os
candidatos à reencarnação iriam embarcar em uma aventura fadada ao
106
insucesso? Os Protetores Espirituais não impediriam? Como ter certeza?
Afinal, onde existe material genético embrionário, há magnetismo, há
possibilidade de sintonia.
Pelo sim, pelo não, é preciso pesquisar.
Cremos que as experiências científicas de Harold de Saxton-Bürr (
Inglaterra) , com os life fields (campos da vida); as de Hernani
Guimarães Andrade (Brasil), com o Campo Biomagnético e as de Ru-
pert Sheldrake (EUA), com os Campos Morfogenéticos e a Ressonância
Mórfica, poderiam ser aplicadas, para se saber se os embriões de labo-
ratório têm laços sutis (perispirituais) ou não (15). Isso não é impossível,
mas, na prática, ainda não temos tecnologia suficientemente desenvol-
vida e faltam-nos subsídios e campo aberto às pesquisas.
A ênfase, a nosso ver, deve ser dada ao uso terapêutico das células-
tronco já existentes no indivíduo, as que ele tem de reserva, desde o nas-
cimento. Não se trata, portanto, de clonagem terapêutica, porque, nesse
procedimento, não são fabricadas células-tronco em laboratório.
Na prática, isto já vem acontecendo..
No Brasil, essa terapia já foi realizada, com êxito, em humanos. Pes-
quisadores do Rio de Janeiro anunciaram, dia 29 de abril de 2002, o
sucesso do uso de células-tronco adultas para tratar doentes cardíacos
terminais. (16) Para eles, dentro de um ou dois anos, o método pode ser
uma alternativa mais barata aos transplantes de coração.
O uso das células-tronco conseguiu recuperar o coração de Nelson Ro-
drigues dos Santos Águia, um dos pacientes terminais, que já havia recebi-
do sete pontes de safena, e o de José Carlos da Rosa, de 54 anos. "O re-
sultado foi muito além do esperado", afirmou o biólogo Radovan Boroje-
vic, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos coorde-
nadores da pesquisa. "Eram pacientes que teoricamente tinham seis me-
ses de vida, que mal podiam tomar banho. Hoje em dia, um deles cami-
nha 4 km num dia e faz natação no outro."
O anúncio desse grande feito da pesquisa brasileira marcou o final
da primeira fase do projeto, que começou em dezembro de 2001, quan-
do os primeiros pacientes receberam as células-tronco, e o início de
outra, uma vez que seis novos pacientes receberam a implantação. Tanto
107
o biólogo Radovan Borojevic, quanto o médico Hans Dohmann, do
Hospital Pró-Cardíaco, coordenadores da pesquisa, utilizaram as célu-
las-tronco da medula óssea dos próprios pacientes, garantindo, assim, a
ausência de qualquer tipo de rejeição. Retiradas do osso e devidamente
tratadas em laboratório, elas foram reinseridas no coração, sob a forma
de células musculares cardíacas. O processo todo durou 48 horas, sem
necessidade de internar o paciente em UTI.
Hans Dohmann chamou a atenção para um aspecto importante:
"Cada paciente é um paciente. O resultado depende do estado do cora-
ção e também da medula da pessoa". Um deles , por exemplo, teve
melhora menos acentuada do que a dos outros e o quarto, embora
também tenha melhorado depois do transplante celular, acabou mor-
rendo de infarto meses depois.
Mas os pesquisadores estão animados: "Juntando os nossos dados
com outras pesquisas dessa área no mundo, podemos esperar que a téc-
nica se torne rotineira em dois anos", disse Dohmann.
Não há restrição bioética a essa prática, uma vez que as células já
existem, bastando, ao especialista, retirá-las, trabalhá-las em laborató-
rio e depois inoculá-las de volta no paciente, a fim de que se formem os
tecidos necessários à cura do órgão enfermo. E isso sem provocar rejei-
ção no organismo em tratamento, pelo simples fato de serem utilizadas
células de suas próprias reservas.
Cremos que, neste primeiro momento, as pesquisas deveriam se-
guir essa via, a do aproveitamento das células-tronco adultas.
Reconhecemos, todavia, que a Ciência tem seu percurso próprio, ca-
bendo-nos respeitá-la, consoante as próprias lições de Allan Kardec. O
fato, porém, de respeitarmos esses avanços, não significa aceitação tácita
de liberdade ética indiscriminada para o cientista.
O pesquisador despreocupado das questões espirituais prosseguirá,
normalmente, com a clonagem humana terapêutica, para os especialistas
espíritas, porém, as indagações bioéticas continuam em aberto, a-
guardando maiores progressos tecnológicos na área da pesquisa espiri-
tual e, sobretudo, maiores avanços humanos, no campo do amor e da
misericórdia.
108
MANIPULAÇÕES GENÉTICAS
Preferimos utilizar a expressão "manipulação genética" no lugar de
"engenharia genética", porque reconhecemos, como a Dra. Claudine Gué-
rin-Marchand, que ela condensa "a nobreza e a criatividade do trabalho
manual, a magia da prestidigitação e a sombra inquietante de manobras
ambíguas". (17)
De fato, ela invoca tanto o lado bom da habilidade e destreza do homem,
aplicadas para o bem, quanto o seu lado mais obscuro e sombrio de agir.
Com o nascimento da biologia molecular, foi possível descobrir do que
os genes são feitos; chegou-se, assim, ao ácido desoxirribonucléico
(DNA), e, em 1953, à estrutura helicoidal dessa molécula, constatando-
se, depois, que ela pode ser fisicamente manipulada. Do mesmo modo
como podemos alterar os mecanismos de um relógio, segmentos de DNA
podem ser transferidos de um ser vivo para outro, modificando-se a heran-
ça do organismo receptor. Essa tecnologia ficou conhecida como engenha-
ria genética ou manipulação genética.
Foi no início da década de 70 que os biólogos descobriram que segmen-
tos de DNA de diferentes organismos podiam ser unidos e mesclados de
maneira a produzir "DNA recombinante", graças ao uso de enzimas.
Em 1973, aconteceu um acaso feliz: bactérias Escherichia coli, quando
cresciam em cultura, foram borrifadas com DNA, verificando-se, então,
o inesperado: algumas das bactérias incorporavam o DNA acrescentan-
do-o ao seu próprio genoma; em alguns casos, o DNA recém-
integrado era um gene plenamente funcionante.
Os organismos geneticamente modificados por essa tecnologia são chama-
dos de organismos transformados, depois transgênicos; o gene transferido
é o transgene e o ato transgênese.
Na definição da Dra. Guérin-Marchand, "Engenharia Genética é a
transferência, por meio de um vetor, de um gene de um organismo a
outro, com a possibilidade de replicação e expressão". (18)
Para que essa operação se concretize, é preciso isolar o gene, combiná-lo a
um vetor, e, em seguida, transferir essa construção, o que se assemelha a
uma cirurgia delicada, cujos instrumentos são as enzimas.
109
Esta foi uma das extraordinárias revoluções da biotecnologia,
no século XX, que abriu enorme campo às pequisas e às aplicações
práticas, em diversas áreas, sobretudo na Medicina, mas que ocasionou,
igualmente, uma enorme crise ética à Ciência.
O LEITE QUE É MEDICAMENTO
Um dos primeiros animais transgênicos a ter importância comercial foi
uma ovelha chamada Tracy, transformada por manipulação genética, no
Instituto Roslin, na Escócia, pelo mesmo cientista, lan Wilmut, que criou
a Dolly. Ela carrega um gene humano que produz a enzima alfa-I-
antitripsina (AAT), usada para tratar doenças como o enfisema e a fi-
brose cística. A fonte natural dessa enzima é o plasma de sangue hu-
mano, mas o tratamento torna-se caro, além do risco de infecção que a
pessoa corre quando utiliza derivado de sangue.
Tracy foi programada para secretar a AAT, no próprio leite, e isso
tem se verificado, normalmente; mesmo com o seu envelhecimento, a
produção continua, garantida por suas descendentes. E isso é possível
porque um dos pronúcleos do zigoto que originou a Tracy foi alterado, de
modo que a ela foi aplicada a manipulação genética germinativa, que mo-
difica toda a descendência.
É preciso lembrar que, na prática, um embrião unicelular ou zigoto não
tem um único núcleo, mas dois pronúcleos derivados do óvulo e do esper-
matozóide que nele penetrou; os especialistas em manipulação genética
injetam DNA em um ou outro dos pronúcleo, se o DNA é imediatamente
incorporado a um ou outro dos cromossomos, dentro daquele pronúcleo,
a partir de então cópias dele serão passadas para todas as células do corpo,
uma vez que todas elas derivam do zigoto original. Se tudo correr bem, à
medida que o novo animal se desenvolve, o gene introduzido em um dos
seus pronúcleos estará incorporado no interior do óvulo ou do espermato-
zóide que ele produzir, passando às gerações subseqüentes.
Essa é a chamada linhagem germinativa transgênica. A mudança,
nesse caso, é permanente e hereditária.
lan Wilmut defende a criação, em grande escala, de animais trans-
110
gênicos visando à produção de substâncias de valor farmacêutico. Diz
ele: "São conhecidas pelo menos 120 proteínas que são úteis em terapia
humana. Às vezes é possível sintetizar essas moléculas em laboratório,
mas com freqüência não é; e, com freqüência, é muito mais simples e
mais barato produzir agentes biológicos complexos em células vivas".
(19)
Ele crê que a insulina poderia ser fabricada dessa maneira; viria através
do leite, como no caso da Tracy (20); e, do mesmo modo, poderiam ser
obtidas outras proteínas, como os fatores VIII e IX, utilizados nos casos
de hemofilia dos tipos A e B.
Mas nem tudo é simples como parece. As biofábricas, animais utili-
zados para fabricar proteínas, são viáveis e representam um recurso
muito promissor para a medicina do futuro que, no presente, porém, es-
barra com dificuldades técnicas ainda não resolvidas. No caso do emprego
do leite da Tracy, por exemplo, foi preciso suspender os testes em huma-
nos. Embora os resultados em geral tenham sido bons, alguns pacientes
testados apresentaram piora do seu estado, com aumento da dificuldade
respiratória. (21)
Não se sabe a razão disso. O fato é que a pesquisa, levada a cabo pelo
Food and Drug Administration (FDA) agência que regulamenta drogas e
alimentos nos EUA, não entrou na fase três, tdta com grande número de
voluntários, a última antes de o medicamento ir ao mercado. As investi-
gações prosseguem, mas a utilização do produto em larga escala já
foi adiada para 2007.
Para o "pai de Dolly", a engenharia genética poderia ser aplicada em
seres humanos em dois contextos bastante diferentes. No primeiro, tecidos
danificados poderiam ser removidos, manipulados e depois postos de
volta. Para isso, cada pessoa deveria ter seu próprio estoque de células
fetais, em cultura, que poderiam, quando necessário, ser cultivadas e di-
ferenciadas in vitro para substituir ou complementar tecidos danificados
seja de que tipo for. Nós vimos que pesquisadores brasileiros já fizeram
isso, com êxito, não com células fetais estocadas, mas utilizando células-
tronco adultas.
A segunda possibilidade impõe questões éticas: a soma, subtração ou
111
alteração de genes na linhagem germinativa de maneira que as gerações
futuras sejam afetadas. Do ponto de vista bioético, como ele próprio
reconhece, mudar a natureza das futuras pessoas é extremamente duvi-
doso.
Esse é um dos dilemas da terapia gênica ou genética. Do ponto de vista
teórico, essa terapia abrange todas as tentativas de tratamento de doenças
hereditárias, infecciosas ou adquiridas, em que um gene responsável ou não
pela patologia é utilizado como agente terapêutico. Ela engloba a terapia
genética somática ou transferência de genes às células somáticas, que oca-
siona apenas modificações no indivíduo, sem transmiti-las à descendên-
cia, e a terapia genética germinativa que modifica a totalidade das célu-
las e se transmite aos descendentes. Esta última é amplamente praticada em
animais de laboratório, mas, na Europa, é proibida em humanos, por ra-
zões técnicas e éticas, uma vez que ensejam, claramente, a possibilidade de
desvio para aplicações eugênicas. Nos EUA, não é proibida, apenas não
há apoio para projetos desse tipo.
Até o presente momento, a terapia genética somática tem sido a-
plicada com resultados ainda precários e pouco animadores.
CONCLUSÃO
No atual estágio evolutivo espiritual, a clonagem humana reprodutiva
é indefensável. Nada pode justificar a realização de experiências com
organismos humanos vivos; fazer pesquisas in anima nobile é imoral.
A clonagem terapêutica, bem como a manipulação dos embriões con-
gelados, também não pode ser aceita no momento. É preciso aguardarmos
mais amplos desenvolvimentos tecnológicos na área da pesquisa energética
e, principalmente, maior respeito à alma e, conseqüentemente, ao embri-
ão.
Do mesmo modo, é indefensável a manipulação genética que modifi-
ca as futuras gerações, principalmente as que manipulam embriões
com finalidade eugênica, visando obter a "raça perfeita". Com tais "es-
colhas" genéticas, os cientistas permanecerão circunscritos ao campo físi-
co, sujeitos às mesmas decepções de Hitler, diante de Jesse Owens, o ex-
112
poente negro do atletismo norte-americano, vencedor das Olimpíadas de
1936, que bateu todos os "arianos puros" alemães. Isto ocorre porque não
se pode desconsiderar o Espírito imortal, único responsável pelas qualida-
des físicas, morais e intelectuais da individualidade.
Quando tocamos no assunto "manipulações genéticas" sempre será
importante refletir sobre as palavras de Francisco Cândido Xavier (22):
"O materialismo inteligente, quando cruel, sem qualquer • Deus
e da imortalidade da alma é o perigo que ameaça "'anipulação dos recur-
sos genéticos sem responsabilidade, devemos confiar nos homens de
bom-senso e de espírito humanitário que, através de legislações dignas,
podem e devem coibir quaisquer abusos suscetíveis de aparecer no cam-
po das pesquisas de caráter delituoso e deprimente. Confiemos no am-
paro e na inspiração dos Mensageiros do Cristo, em auxílio à coletivi-
dade humana".
Concluindo o nosso trabalho, fazemos nossas as palavras do valoroso
missionário de Uberaba, na esperança de que os cientistas escolham o
melhor caminho.
NOTAS EXPLICATIVAS
(1)  O Livro dos Espíritos, Q. 344; Missionários da Luz, cap. XIII
(2)  A Gênese, cap. XI
(3) Entre a Terra e o Céu, cap,28
(4) Para melhor entendermos o estado entrelaçado das partículas, quer dizer, a co-
municação não local da física quântica, mentalizemos dois spins de um elétron:
imaginemos que eles se movimentem em caminhos opostos, por exemplo, um
para a direita outro para a esquerda, e façam longos percursos, por longo tem-
po; verificou se um f ato importante: mesmo separados por distâncias enormes, no
momento em que um deles muda de percurso, o outro o faz também, instanta-
neamente, na mesma direção. Essa comunicação não local é a mesma que preside
as ações energéticas do Espírito.
(5) A respeito das formas geométicas e suas funções, veja André Luiz, Evolução
em Dois Mundos, cap. VII, p.58; e sobre mitocôndrias, no mesmo livro, cap.
VIII, p. 63
(6) No livro, Dieu? Non.. . répondent, Christian Chabanis entrevista vários cien-
tistas e pensadores franceses ateus, entre eles, François Jacob, que afirma não ser
113
possível explicar através do acaso a união das cem mil cadeiasprotéicas que com-
põem o corpo de um mamífero e nem a Ciência tem explicação para o desenvolvi-
mento fetal. Há mais detalhes no livro O Clamor da Vida
(7) Missionários da luz, cap.13, p.180 a 235
(8) Missionários da Luz, cap. 13, p.197
(9) Além do livro de André Luiz, veja também, Espírito, Perispírito e Alma,
p.199
(10)(10) Artigo deHernani Guimarães Andrade, Folha Espírita, n. 73, abril de
1980
(11) Revista britânica, Nature Medicine, l°/3/02, pesquisa liderada por Kellie Ta-
mashiro
(12) Revista Science, 11/1/02
(13) Evolução em Dois Mundos, cap. VIII
(14) O Livro dos Espíritos, Q. 355 e 356
(15) Ver mais em O Clamor da Vida, cap. 5, p. 134 a 144
(16) Folha Ciência, (l 0 /5/02)
(17) Manipulações Genéticas, Introdução, p. 8
(18) Manipulações Genéticas, cap..2, p.98
(19) Dolly, a Segunda Criação, cap. 2, p. 57
(20) Dolly, a Segunda Criação, cap. 13 p. 341
(21) Folha Ciência, 26/3/2002
(22) Janela para a Vida, cap. l, p. 21
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