PARABOLA DA TORRE
(Lucas, capítulo 14º, versículos 28 a 30)
Certa
vez, um fazendeiro quis construir uma torre, a fim de defender sua
propriedade. Assim se fazia antigamente, nos tempos de Jesus. No alto
da torre ficavam os vigias; a torre tinha outras utilidades também.
Vários
amigos o animaram na construção da pequena fortaleza. Dizia-lhe um,
muito animado, que começasse imediatamente a lançar os alicerces.
Outro
companheiro, também muito otimista, lhe disse que nada deveria temer,
pois quem muito pensa e muito teme nada consegue fazer.
Outro
amigo, igualmente entusiasmado, o animou a iniciar logo a construção
da torre, afirmando-lhe que o ajudaria com o trabalho e lhe daria uma
parte das pedras necessárias.
O
fazendeiro, porém, não começou logo a construir a torre. Pensou
primeiro e primeiro fez o cálculo das despesas da construção. Procurou
saber, antes de tudo, o preço das pedras, dos tijolos e de todo o
material necessário para a edificação da sua pequena fortaleza. Buscou
saber, também, quanto teria que pagar aos operários e ao mestre
construtor, que era um arquiteto estrangeiro. Depois de tudo examinar
com cuidado e exatidão, depois de verificar que as despesas estavam ao
seu alcance, resolveu contratar os trabalhadores, comprar o material e
iniciar as obras.
Os
amigos criticaram o fazendeiro pela sua demora. Mas, ele lhes explicou
que tudo na vida tem um preço. E que ele, para ser honesto, só poderia
fazer o que fez: calcular primeiramente as despesas da construção, a
fim de não dar prejuizo a ninguém.
—
Meus amigos — disse o fazendeiro — eu sou um homem de responsabilidade.
Não posso prejudicar a ninguém e tendo de zelar pela honra de meu
nome. Se eu começasse a construção da torre sem fazer os cálculos que
fiz, poderia não ter recursos para terminar a obra e todos zombariam de
mim. Diriam: “Este homem começou a edificar e não pôde acabar”. E que
significaria isso, se tal acontecesse? Todos diriam que eu sou um homem
sem juízo, que se pôs a fazer o que não podia, causando prejuízo aos
outros. Mas, graças a Deus, não procedi assim; fiz os cálculos, vi que
poderia construir a torre e... ei-la pronta!
O
fazendeiro mostrou, então, a bela torre aos seus amigos animados, mas,
apressados. Todos ficaram muito contentes, porque a pequena fortaleza
poderia defender com segurança as propriedades do sábio e honrado
fazendeiro. Além disso, seus amigos compreenderam a grande lição...
*
Que grande lição é esta. querida criança?
E a seguinte: todas as coisas, neste mundo e na Eternidade, têm um custo exato. Tudo tem seu preço na vida. Preço material,representado pelo valor em dinheiro, ou preço espiritual, que significa outro valor — valor moral —, diante de Deus.
Compreende bem isso, filhinho? Veja, então:
você
sabe o preço de seus livros, sabe o preço do sorvete, sabe o custo da
bola e do lápis. Todas essas coisas têm um custo. Se você quer um
sorvete, tem que saber primeiro se pode pagar o custo dele. Se pode,
você o compra. Antes de comprar a bola, você busca saber quanto ela
custa, se você possue o dinheiro suficiente, você pode adquiri-la.
Assim
também, querida criança, são os valores espirituais para quem quer
seguir a Jesus. Se você quer ser bom, se quer ser honesto e digno, se
quer ser um verdadeiro discípulo do Evangelho, você tem que “pagar” alguma coisa por isso. Mas, não é pagar dinheiro. O dinheiro não compra virtudes.
As
virtudes, os valores morais, as qualidades superiores da alma são
conquistadas pelo esforço no bem, com a renúncia do mal. Eis ai o
preço: você tem de se esforçar muito e abandonar tudo que prejudica seu
progresso espiritual.
Se
você der todas as suas forças para tornar-se bondoso, honesto,
cumpridor dos seus deveres; abandonando os maus costumes, os vícios,
não acompanhando os maus exemplos, você estará construindo sua torre (que significa seu valor moral, o aperfeiçoamento espiritual).
Para sermos cristãos verdadeiros, filhinho,
épreciso que paguemos o preço do esforço e da renúncia. Esforço no
caminho do bem e renúncia de tudo que prejudica nosso espírito.
Examine
sua alma. Pense no que você é. Faça os cálculos de seus valores morais
e de seus defeitos, tal como fez o construtor da torre. Analise, num
exame de consciência, seu próprio espírito, filhinho. Faça isso
sinceramente. Pergunte a você mesmo:
— Gosto mais de estudo ou da vadiagem?
— Gosto mais das coisas de Deus ou das inutilidades do mundo?
— Quero ser mesmo um seguidor de Jesus? Ou tenho ambições de grandeza terrena?
— Sou honesto nos meus negócios ou não me incomodo de prejudicar os outros?
-
Sou vingativo ou perdoador? Sincero ou mentiroso? Obediente ou
rebelde? Humilde ou orgulhoso? Cumpridor das minhas tarefas ou
preguiçoso? Reconhecido aos meus benfeitores ou ingrato?
Se
você reconhece que ainda é um menino que tem muitos defeitos, procure
corrigir-se, filhinho. Renuncie ao mal, abandone o que mancha sua alma,
largue o que impede seu progresso, recuse o que ofende a Deus e a
consciência. Com seu esforço, “compre”
no Evangelho os bens materiais de construção, as “pedras” do bem e da
sabedoria de Jesus. Proceda como o fazendeiro da parábola e você
edificará uma torre de virtudes no seu coração.
Tenha
a certeza de que Jesus, que é o Mestre Construtor de nossas vidas,
abençoará seu esforço no bem e sua renüncia ao mal. E ajudará sua alma.
Sua torre espiritual será, para sempre, a poderosa fortaleza de seu
Espírito.
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