domingo, 16 de setembro de 2012

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Morte*POEMA)

A. G.


Morte

Silenciosa madona da tristeza,
A morte abriu-me as catedrais radiosas,
Onde pairam as formas vaporosas
Do país ignorado da Beleza.

Num dilúvio de lírios e de rosas,
Filhos da luz de uma outra Natureza,
Que entornavam no espaço a sutileza
Dos incensos das naves harmoniosas!

Monja de olhar piedoso, calmo e austero,
Que traz à Terra um tênue reverbero
Da mansão das estrelas erradias...

Irmã da paz e da serenidade,
Que abriu meus olhos na Imortalidade,
À esperança de todos os meus dias!
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JESUS (POEMA)

ALBERTO DE OLIVEIRA
Jesus - Ajuda e passa - Do último dia.

       FLUMINENSE, nascido em Palmital de Saqüare­ma, em 1859, e falecido em Niterói, em 1937. Farmacêutico, dedicou-se principalmente ao Magistério. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, parnasiano de escol, foi tido como Príncipe dos Poetas de sua geração.

Jesus

Quanta vez, neste mundo, em rumo escuro e incerto,
O  homem vive a tatear na treva em que se cria!
Em torno, tudo é vão, sobre a estrada sombria,
No pavor de esperar a angústia que vem perto!...

Entre as vascas da morte, o peito exangue e aberto,
Desgraçado viajor rebelado ao seu guia,
Desespera, soluça, anseia e balbucia
A suprema oração da dor do seu deserto.

Nessa grande amargura, a alma pobre, entre escombros,
Sente o Mestre do Amor que lhe mostra nos ombros
A grandeza da cruz que ilumina e socorre;

Do mundo é a escuridão, que sepulta a quimera...
E no escuro bulcão só Jesus persevera,
Como a luz imortal do amor que nunca morre.
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PARABOLA DA TORRE

 PARABOLA DA TORRE
(Lucas, capítulo 14º, versículos 28 a 30)

       Certa vez, um fazendeiro quis construir uma tor­re, a fim de defender sua propriedade. Assim se fazia antigamente, nos tempos de Jesus. No alto da torre ficavam os vigias; a torre tinha outras utilidades também.
       Vários amigos o animaram na construção da pequena fortaleza. Dizia-lhe um, muito animado, que começasse imediatamente a lançar os alicerces.
       Outro companheiro, também muito otimista, lhe disse que nada deveria temer, pois quem muito pensa e muito teme nada consegue fazer.
       Outro amigo, igualmente entusiasmado, o ani­mou a iniciar logo a construção da torre, afirmando-lhe que o ajudaria com o trabalho e lhe daria uma parte das pedras necessárias.
       O fazendeiro, porém, não começou logo a cons­truir a torre. Pensou primeiro e primeiro fez o cálculo das despesas da construção. Procurou saber, antes de tudo, o preço das pedras, dos tijolos e de todo o material necessário para a edificação da sua peque­na fortaleza. Buscou saber, também, quanto teria que pagar aos operários e ao mestre construtor, que era um arquiteto estrangeiro. Depois de tudo exa­minar com cuidado e exatidão, depois de verificar que as despesas estavam ao seu alcance, resolveu contratar os trabalhadores, comprar o material e iniciar as obras.
       Os amigos criticaram o fazendeiro pela sua de­mora. Mas, ele lhes explicou que tudo na vida tem um preço. E que ele, para ser honesto, só poderia fazer o que fez: calcular primeiramente as despesas da construção, a fim de não dar prejuizo a ninguém.
— Meus amigos — disse o fazendeiro — eu sou um homem de responsabilidade. Não posso preju­dicar a ninguém e tendo de zelar pela honra de meu nome. Se eu começasse a construção da torre sem fazer os cálculos que fiz, poderia não ter recursos para terminar a obra e todos zombariam de mim. Diriam: “Este homem começou a edificar e não pôde acabar”. E que significaria isso, se tal acontecesse? Todos diriam que eu sou um homem sem juízo, que se pôs a fazer o que não podia, causando prejuízo aos outros. Mas, graças a Deus, não procedi assim; fiz os cálculos, vi que poderia construir a torre e... ei-la pronta!
O fazendeiro mostrou, então, a bela torre aos seus amigos animados, mas, apressados. Todos fica­ram muito contentes, porque a pequena fortaleza poderia defender com segurança as propriedades do sábio e honrado fazendeiro. Além disso, seus amigos compreenderam a grande lição...

*

Que grande lição é esta. querida criança?
E a seguinte: todas as coisas, neste mundo e na Eternidade, têm um custo exato. Tudo tem seu preço na vida. Preço material,representado pelo valor em dinheiro, ou preço espiritual, que significa outro va­lor — valor moral —, diante de Deus.
Compreende bem isso, filhinho? Veja, então:
você sabe o preço de seus livros, sabe o preço do sorvete, sabe o custo da bola e do lápis. Todas essas coisas têm um custo. Se você quer um sorvete, tem que saber primeiro se pode pagar o custo dele. Se pode, você o compra. Antes de comprar a bola, você busca saber quanto ela custa, se você possue o di­nheiro suficiente, você pode adquiri-la.
Assim também, querida criança, são os valores espirituais para quem quer seguir a Jesus. Se você quer ser bom, se quer ser honesto e digno, se quer ser um verdadeiro discípulo do Evangelho, você tem que “pagar” alguma coisa por isso. Mas, não é pagar dinheiro. O dinheiro não compra virtudes.
As virtudes, os valores morais, as qualidades superiores da alma são conquistadas pelo esforço no bem, com a renúncia do mal. Eis ai o preço: você tem de se esforçar muito e abandonar tudo que prejudica seu progresso espiritual.
Se você der todas as suas forças para tornar-se bondoso, honesto, cumpridor dos seus deveres; aban­donando os maus costumes, os vícios, não acompa­nhando os maus exemplos, você estará construindo sua torre (que significa seu valor moral, o aperfei­çoamento espiritual).
Para sermos cristãos verdadeiros, filhinho, épreciso que paguemos o preço do esforço e da renún­cia. Esforço no caminho do bem e renúncia de tudo que prejudica nosso espírito.
Examine sua alma. Pense no que você é. Faça os cálculos de seus valores morais e de seus defeitos, tal como fez o construtor da torre. Analise, num exame de consciência, seu próprio espírito, filhinho. Faça isso sinceramente. Pergunte a você mesmo:
— Gosto mais de estudo ou da vadiagem?
— Gosto mais das coisas de Deus ou das inuti­lidades do mundo?
— Quero ser mesmo um seguidor de Jesus? Ou tenho ambições de grandeza terrena?
— Sou honesto nos meus negócios ou não me incomodo de prejudicar os outros?
        - Sou vingativo ou perdoador? Sincero ou men­tiroso? Obediente ou rebelde? Humilde ou orgu­lhoso? Cumpridor das minhas tarefas ou preguiço­so? Reconhecido aos meus benfeitores ou ingrato?
        Se você reconhece que ainda é um menino que tem muitos defeitos, procure corrigir-se, filhinho. Renuncie ao mal, abandone o que mancha sua alma, largue o que impede seu progresso, recuse o que ofen­de a Deus e a consciência. Com seu esforço, “compre” no Evangelho os bens materiais de construção, as “pedras” do bem e da sabedoria de Jesus. Proceda como o fazendeiro da parábola e você edificará uma torre de virtudes no seu coração.
       Tenha a certeza de que Jesus, que é o Mestre Construtor de nossas vidas, abençoará seu esforço no bem e sua renüncia ao mal. E ajudará sua alma. Sua torre espiritual será, para sempre, a poderosa fortaleza de seu Espírito.
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PÁRABOLA DA DRACMA PERDIDA

PÁRABOLA DA DRACMA PERDIDA


(Lucas, capítulo 15º, versículos 8 a 10)

       Uma pobre mulher tinha dez dracmas. Era toda a sua riqueza...
       A dracma era uma pequena moeda grega, que tinha valor também na terra de Jesus, pois muitos filhos da Grécia lá viviam e usavam essa moeda.
       A pobre mulher possuia dez moedinhas gregas.
       Guardava-as com cuidado, pois era zelosa de seus deveres e aquela pequena quantia estava destinada ao pagamento de suas despesas no lar.
       Ela não ficou sabendo como, mas, a verdade éque, quando abriu o cofrezinho, onde guardava o dinheiro, só encontrou nove moedas. Para onde teria ido a que faltava?
       Acendeu a candeia de barro e procurou-a em sua casinha. Remexeu as roupas, arrastou a pequena mobília e buscou a vassoura. Varreu toda a casa, em busca da moedinha que lhe era tão útil e necessária. Finalmente, depois de muito procurar e muito varrer, encontrou sua dracmazinha perdida.
       Que alegria! Agora poderia pagar todas as suas pequenas dívidas... Não estava mais preocupada: achou sua moedinha desaparecida e novamente a colocou junto das outras nove, na caixinha de ma­deira.
       Ficou tão contente com o encontro, que contou o caso às suas amigas vizinhas que também eram po­bres, e para quem uma pequena moeda fazia igual­mente muita falta.
       E dizia às suas vizinhas:
       - Minhas amigas, alegrem-se comigo, porque achei a minha dracma que se havia perdido.
Assim também — diz Jesus no Evangelho — há muita alegria entre os anjos de Deus quando um pecador se arrepende dos erros cometidos.

*

Esta parábola, filhinho, como as duas anteriores — do Filho Pródigo e da Ovelha Desgarrada — tam­bém quer levar nossa alma ao arrependimento de nossas faltas. A história nos mostra que existe um Deus de Bondade que quer salvar-nos de nossos erros e pecados.
Se uma pobre mulher, ao perder uma pequena moeda, se esforça para encontrá-la e não descansa enquanto não a acha, também Deus, meu filho, nos procura, sem cessar, nos quartos escuros de nossas vidas. Também Deus acende uma candeia e nos ilu­mina, pois, nós somos Suas “dracmas perdidas”. Ele quer encontrar-nos, Ele nos quer para Si Mesmo, para o seu Reino, para a Felicidade Eterna que nos reserva.
É por isso, filhinho, que o Céu tanto se preocupa em iluminar a Terra. É por isso que Deus possui um imenso exército de Benfeitores Celestiais — que são os Bons Espíritos, os Espíritos da Luz e do Bem —que, incessantemente, nos inspiram seus bons pen­samentos, ajudando-nos sempre e ensinando-nos a Vontade Divina em suas mensagens.
Os Benfeitores Espirituais são como que as can­deias de Deus. E nós as dracmas perdidas. Nós esta­mos no chão, na poeira de nossos erros, longe da Luz e da Verdade. Mas, os Benfeitores Espirituais, as candeias de Deus, nos iluminam. Se nós nos entre­garmos em suas mãos, se aceitarmos sua Luz e nos arrependermos sinceramente de nossas faltas, eles nos tomam sob sua guarda — eles nos “acham”— e se alegram muitissimo com a nossa regeneração. Há, então, muita alegria no Céu, entre nossos Benfeitores Espirituais, porque nossas almas sairam da es­curidão do erro, aceitaram a Luz da Verdade e voltaram para as mãos de Deus.
Que você, querida criança, pense bem, medite sinceramente sobre esta parábola. Se você se sente uma “dracmazinha perdida” (isto é,se você reconhe­ce seus defeitos e imperfeições), não se esconda da Luz da Verdade, que está em Jesus Cristo. Deixe que os Mensageiros Divinos, que são as Lâmpadas do Céu, “achem” você, para fazer de sua alma arrepen­dida uma alma pura, bondosa e obediente a Deus.
Se você proceder assim, dará muita alegria a eles e será imensamente feliz.

domingo, 9 de setembro de 2012

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A PARÁBOLA DOS DOIS FILHOS

A PARÁBOLA DOS

DOIS

  FILHOS

(Mateus, capítulo 21º, versículos 28 a 32)

Um homem tinha dois filhos. Ambos viviam com seu pai numa vinha que pertencia à família.
Um dia, pela manhã, o pai chamou o menino mais velho e disse-lhe:
— Meu filho, hoje não irás ao mercado da vila. Já fiz todas as compras necessárias. Vai trabalhar na vinha.
O  jovenzinho, que era tido como um modelo de menino educado, pelas atenções que dispensava a todos, respondeu com toda a delicadeza a seu pai:
— Sim, meu pai, já vou.
A verdade, porém, é que prometeu, mas não foi. Desejaria ir ao mercado, mas não trabalhar na vi­nha, colhendo cachos e mais cachos de uvas. Ficou intimamente aborrecido com a ordem do pai, mas, não quis desrespeitá-lo com palavras. E pensou con­sigo mesmo: “Desejaria tanto ir ao mercado hoje... Lá me encontraria com Joel e Davi... E meu pai me mandou catar bagos na vinha... Não, não irei. Disse que iria, mas não vou... Não, não vou mes­mo...
E não foi.
Na mesma hora, também, o pai chamou o filho caçula, que era o desobediente da casa. Muito re­belde, era considerado pelos vizinhos “uma peste­zinha”, o oposto do irmão mais velho.
O  pai chamou-o, também, e disse-lhe:
— Meu filho, não terás que acompanhar teu irmão ao mercado hoje. Já chegaram as compras que fiz. Vai trabalhar na vinha.
O  menino, que era muito impulsivo, respondeu com muita aspereza ao pai:
       - Eu, não... Não quero trabalhar na vinha...
E correu. Entrando, instante depois, em seu quarto, arrependeu-se das palavras brutas que disse ao paizinho tão amigo e voltou a sala para pedir-lhe perdão. E foi, com a consciência tranqüila, colher os cachos de uva nas lindas videiras de seu pai.

*

Jesus contou esta Parábola dos Dois Filhos, em Jerusalém, aos sacerdotes que duvidaram de Sua Missão e que não se arrependeram com as pregações de João Batista. E é aos mesmos sacerdotes que Jesus pergunta, ao terminar a parábola:
— Qual dos dois filhos fez a vontade do pai?
— O segundo.
E Jesus lhes disse:
— Em verdade vos digo, que os publicanos que roubam e as mulheres que pecam entrarão no reino de Deus antes de vós. Porque João veio, exemplifi­cando a justiça e a vontade de Deus, e os pecadores o ouviram e se arrependeram de seus pecados, come­çando uma vida nova. Mas, vós, que também ouvis­tes João, não vos arrependestes nem crestes nele.

*

Entendeu, querida criança, a Parábola dos Dois Filhos?
O  filho mais velho era um menino de bons mo­dos, muito educado, atencioso, de finas maneiras. Era considerado por todos um modelo de perfeita educação. Respondia e falava sempre com muita cor­tesia e não magoava a ninguém com palavras. E assim procedeu para com seu pai. intimamente, po­rém, era um rebelde, que só fazia o que desejava, só gostava de atender à própria vontade e aos próprios caprichos. Respondeu com delicadeza ao pai, mas, não obedeceu a ele. Era um rebelde “invisível”.
O segundo, o caçula, não tinha as maneiras po­lidas do irmão. Era, muitas vezes, áspero de lingua­gem, mas, no fundo, não era mau nem revoltado. Sabia reconhecer seus erros, pedia perdão de suas faltas e acabava fazendo a vontade de seu pai.
No caminho de nossa perfeição espiritual deve­mos proceder como o segundo menino da história. De nada nos valerá conseguir a aparência de pessoa educada, caridosa e cristã, se interiormente não dese­jarmos fazer a vontade de Deus.
O menino mais velho é o símbolo das pessoas que aparentam muita decência, delicadeza e fé, mas, praticamente são desobedientes à moral e à lei de Deus.
O menino caçula é o símbolo da alma que é habituada ao erro e aos maus costumes, à desobe­diência e à indelicadeza, mas, que reconhece seus erros, arrepende-se sinceramente, pede perdão de suas faltas e depois faz o que devia fazer, obede­cendo à vontade de Deus e não aos seus caprichos.
Que você, querido filho, tenha a facilidade do caçulinha da parábola para arrepender-se de suas faltas. Faltas para com o papai amigo, para com a mãezinha bondosa, para com os maninhos que Deus lhe deu...
Busque acima de todas as coisas da vida, em todas as situações e em todas as horas, fazer a von­tade do Pai do Céu, sem discussões e sem rebeldia. A Vontade de Deus é Sempre o Bem, a Paz e a Verdade.
Que você diga sempre a Deus: “EU VOU, MEU PAI DO CÉU” e vá mesmo. Você colherá as lindas uvas da paz e da sabedoria do Alto, da bondade e da verdade eternas. E pelo amor que obèdece, você esta­rá com Deus para sempre...
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A PARÁBOLA DO RICO INSENSATO

A PARÁBOLA DO RICO INSENSATO
(Lucas, capítulo 12º, versículos 6 a 21)

       Havia um homem muito rico, que possuía mui­tas terras. Centenas de escravos trabalhavam nelas.
       Grandes e muitas eram as plantações de trigo. Muito bem preparados eram também os campos em que os escravos cuidavam da cultura do centeio, da cevada e da ervilhaca. Os vinhedos se estendiam pela planície imensa. E os pastos verdes, onde os reba­nhos se multiplicavam, iam até as montanhas dis­tantes...
       E cada vez mais o homem se enriquecia. Expor­tava seus produtos para os países vizinhos. Os mer­cadores de Tiro, de Sidon, de Esmirna e de Damasco estavam sempre em sua casa, realizando e combi­nando grandes negócios...
       O rico fazendeiro havia mandado construir gran­des depósitos para suas colheitas. Mas, os celeiros, embora enormes, já eram insuficientes para armaze­nar os frutos de seus campos de cultura...
       Um dia, ele pensou: “Que farei? Os celeiros já estão pequenos... Não tenho mais onde recolher tantos frutos...”
       E preocupado com suas colheitas, cada vez maio­res, resolveu derrubar os celeiros e construir outros muito maiores...
       Mandou chamar os melhores construtores do país e foram edificados vários celeiros gigantescos.
       E o grande agricultor ficou satisfeito quando contemplou, finalmente, as novas e imensas constru­ções em sua rica e bem cuidada fazenda. Agora estava tranqüilo. Os celeiros eram enormes e neles caberia toda a produção de seus campos...
Disse aos amigos, aos construtores e aos servos:
— Agora poderei viver tranqüilo muitos anos... Os celeiros podem armazenar todas as colheitas e tão cedo não será preciso aumentá-los. Posso agora, finalmente, viver sossegado e pensar somente na exportação dos produtos...
E à noite, muito satisfeito, antes de deitar-se, ao invés de orar, raciocinava e dizia a si mesmo: “O alma! Tens em depósito muitas riquezas, para mui­tos e muitos anos! Descanse, come, bebe, alegre­te.
E o rico deitou-se, muito orgulhoso de sua for­tuna, confundindo corpo e alma, tão grande era sua ignorância das coisas espirituais... Deitou-se sem um pensamento para Deus. Só imaginava que pode­ria, daquele dia em diante, viver sem preocupações, pois teria riquezas acumuladas para muitos anos...
Assim pensava o rico, mas, Deus pensava de outra maneira.
O rico pensava que era inteligente, mas, Deus achava que ele era simplesmente um homem sem juízo...
E nessa mesma noite, após a inauguração dos celeiros e os pensamentos de orgulho do rico, Deus disse: Insensato, esta noite tua alma será chamada; e o que tanto juntaste para quem será?
E sem que ninguém soubesse como, nem a que hora, nessa noite o rico morreu, sem um gemido e sem uma prece, no seu leito luxuoso...
Seus planos de tranqüilidade para o futuro fo­ram inúteis. Ele não sabia que o futuro pertence somente a Deus... De nada lhe valeram os celeiros recheados de frutos e cereais. Inútil foi juntar tanta riqueza, sem nunca haver pensado em Deus nem nas necessidades do próximo. Morreu sem fé e sem hu­mildade no coração. Suas riquezas de nada lhe va­leram na Pátria Espiritual, porque ele nunca as utilizou­ para o bem dos outros. O que tem valor na Eter­nidade ele não possuia, porque nunca havia juntado “tesouro no Céu”, mas, somente na terra...
“Assim é aquele — diz Jesus, terminando a Parábola — que, para si, junta tesouros e não é rico para com Deus

*

Compreendeu, filhinho, a Parábola do Rico In­sensato?
Ele era um homem avarento: só pensava em juntar riquezas materiais. Só se preocupava em au­mentar sua fortuna. Nunca pensou que pudesse ser chamado para a Eternidade, repentinamente. É que ele só confiava no dinheiro. Não pensava em Deus, nem na vida futura, nem nas necessidades dos po­bres e dos escravos de sua fazenda. O poder que governa o mundo está nas mãos de Deus, mas, ele pensava que estava na força do seu dinheiro.
Que resultou dessa insensatez, dessa grande falta de juizo? A morte o colheu de repente e seu espírito penetrou no Mundo Invisível nas piores con­dições, cego e sem luz. Sabe por que? Porque não se preparou espiritualmente para a existência no Além; porque, não havia bondade em seu coração, nem possuia fé em Deus, nem conhecia as leis da Vida Superior.
Triste destino, não acha?
Que a história do rico sem juízo e avarento mos­tre ao seu coraçãozinho, desde agora, aquilo que Jesus ensinou ao povo, quando contou esta parábola:
é preciso evitar toda a avareza, porque a vida de uma pessoa não consiste na abundância das coisas que possui.
       Que você, filhinho, aprenda a ser rico para com Deus. E há de ser, se em lugar da avareza, você cultivar a caridade; se em lugar de riquezas ilimitadas, você buscar enriquecer-se de conhecimento das leis divinas. Assim, você praticará a vontade de Deus, agora e mais tarde, quando você crescer...
Que você seja rico, muito rico mesmo, de fé, de humildade, de amor fraterno, de esperança, de Espírito de serviço, de pureza. Essa são as riquezas de Deus, que valem neste mundo e no mundo futuro — na Eternidade
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A PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO

A PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO

(Mateus, capítulo 13º, versículos 24 a 30, e 36 a 43)

       Um semeador, durante todo o dia, semeou grãos de trigo no seu campo.
       Ao por do sol voltou para casa, cansado, mas, feliz por haver realizado sua missão de trabalho. Se­meara trigo e estava contente porque aquele trigo seria, em breve, transformado em pão, para ali­mento de muita gente.
       Porém, esse homem tinha um inimigo que inve­java suas plantações. O inimigo era mau e queria, a todo custo prejudicar as sementeiraS do fazendeiro.
       “Que farei?” — pensava o inimigo. E teve a idéia maldosa de semear pequenas pedras no campo de trigo; mas, poderiam ser retiradas e seu ódio não ficaria satisfeito. Resolveu, então, semear joio onde o trigo havia sido semeado. Foi esse o plano maldoso do inimigo do semeador.
       O joio é uma planta muito parecida com o trigo, mas, não serve para a alimentação do homem, po­dendo até envenená-lo. Eis porque o inimigo do fa­zendeiro quis fazer a mistura do joio com o trigo no campo, visando prejudicar a colheita e causar males aos que se alimentassem do produto daquele campo.
       O inimigo fez o que pensou. Durante a noite, enquanto o fazendeiro e seus trabalhadores dormiam, o homem maldoso entrou no campo e semeou joio no meio do trigal. Completada sua obra de ódio e ruindade, ele se retirou, cuidadosamente.
       Algum tempo depois, quando as espigas de trigo já surgiam no campo, apareceu também o joio.
Então, os trabalhadores foram dizer ao fazen­deiro o que haviam visto no campo:
— Senhor, não semeaste no campo somente boas sementes? Por que, então, está nascendo joio no tri­gal?
O fazendeiro já havia descoberto tudo e respon­deu aos servidores:
— Foi um inimigo que fez isso...
Os trabalhadores lhe perguntaram:
— Senhor, queres que vamos, agora mesmo, arrancar o joio?
O senhor, porém, lhes respondeu com uma expli­cação:
          - Não é possível fazer isso agora. Vocês sabem que o joio é muito parecido com o trigo.
        Se vocês quiserem arrancar o joio, que foi plantado junto com o bom grão, arrancarão também o trigo, pois as raizes de ambos muitas vezes se entrelaçam. Deixem que cresçam juntos o joio e o trigo. Na época da ceifa, eu direi aos ceifeiros que colham primeiro o joio e o atem em feixes para queimá-lo; e depois juntem o trigo no meu celeiro.

*

Esta Parábola do Joio e do Trigo, Jesus a contou ao povo da Galiléia. Seus discípulos estavam presen­tes, mas, não a entenderam. Quando Jesus chegou àcasa de Simão Pedro, os discípulos lhe pediram que lhes explicasse a parábola.
E o Divino Mestre interpretou-a com muita sim­plicidade.
Que você, meu querido menino, preste atenção para entendê-la também. Eis a explicação de Jesus:
O Semeador, é Ele mesmo, Jesus, que semeia a boa semente.
O campo é o mundo, Terra onde vivemos.
A boa semente são os filhos do Reino, isto é, são as almas que ouvem o Evangelho e fazem todos os esforços para compreendê-lo e praticá-lo.
O joio são os filhos do Maligno, o que quer dizer, as almas que não querem ouvir as leis divinas nem as cumprir, mas, buscam os maus caminhos do vicio, da maldade e do pecado.
O inimigo, que semeou o joio, é o Diabo, palavra que traduz as Forças do Mal, os Espíritos das Trevas, que lutam contra a obra de Jesus, induzindo as almas ao crime, ao pecado e à injustiça.
A ceifa é o fim do mundo, isto é, a época da regeneração da Terra, quando o nosso planeta dei­xar de ser um mundo de expiação e de provas para ser elevado à categoria de mundo de regeneração, com o surgimento do Reinado de Jesus entre os homens.
Os ceifeiros são os anjos. A palavra anjo quer dizer mensageiro. Os ceifeiros serão os Mensageiros da Luz, verdadeiros chefes invisíveis da humanida­de; são os Grandes Espíritos que, em nome de Deus, dirigem os nossos destinos e vão presidir a trans­formação do mundo.
Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será também na época da Grande Regenera­ção em nosso mundo. Haverá uma verdadeira sepa­ração das almas obedientes das rebeldes. Os que desejam sinceramente o caminho do Bem e da Jus­tiça serão distanciados daqueles que, por gosto próprio, preferem o caminho da maldade e da injus­tiça.
Os Grandes Espíritos presidirão a essa separa­ção, que não está longe de ser feita. Todos os que cometem escândalos, maldades, injustiças serão des­tinados aos mundos inferiores, onde serão purifica­dos pelo fogo da dor e da expiação. Nesses mundos inferiores (que são o inferno de que fala o Evan­gelho), as almas rebeldes sofrem imensamente. Mais tarde, você vai ler os livros de André Luiz, psico­grafados por Francisco Cândido Xavier, e verá como é triste o destino das almas que se colocam contra as leis de Deus.
Outro, bem diferente, é o destino dos justos, das almas obedientes e fiéis. Disse Jesus: “Elas brilha­rão como o sol, no Reino de Deus”.Aqueles que, neste mundo, buscarem fazer o bem aos semelhantes e cumprir os mandamentos divinos, serão, na Eterni­dade, Espíritos bons e dignos, seres felizes, belos e resplandecentes. Eis a recompensa que Deus destina aos Seus filhos bondosos e fiéis.


Entendeu, filhinho, a Parábola do Joio e do Trigo?
Medite bem nela. Seja no mundo a semente de trigo, crescendo sob as bênçãos de Deus, para se transformar numa espiga loura e bela. Seja um filho do Reino, sempre obediente à Lei Divina.
Não permita que as Forças do Mal — Espíritos das Trevas —, lancem no seu coraçãozinho o joio da rebeldia e da maldade, dos pensamentos pecamlno­sos e indignos.
Salomão já ensinava, há três mil anos: “Acima de todas as coisas que se devem guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios, 4:23).
É uma grande verdade, meu filho. Guarde o seu coraçãozinho para o Divino Semeador. Receba so­mente as sementes do trigo celeste, que são os ensi­nos de Jesus e as inspirações do bem.

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A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

(Lucas, capítulo 15º, versículos 11 a 32)

       Um certo homem tinha dois filhos, que com ele moravam no seu lar.
       Um dia, o mais moço disse ao seu pai:
       — Papai, dá-me a parte da tua riqueza que me pertence. Eu desejo correr mundo, viajar por outras terras, conhecer nova gente...
       O velho pai, diante desse pedido, repartiu com am­bos os seus haveres, dando a cada um a parte que lhes cabia, de sua fortuna.
       Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todas as coisas que lhe pertenciam, partiu para um país distante, muito longe de sua terra natal.
       Esse moço, infelizmente, não era ajuizado. Mal chegou ao país estrangeiro, começou a gastar, sem cuidado, todo o dinheiro que possuia. Durante mui­tos dias não fez senão desperdiçar tudo que tinha. Buscou a companhia de outros rapazes desajuizados e consumiu toda a sua fortuna em bebidas, teatros e passeios. Um dia, viu que a última moeda havia desaparecido e se achava na mais absoluta miséria.
       Foi nessa época que uma grande seca reduziu aquele país a uma situação tristíssima. Com a seca, veio a fome. Mesmo nos lares ricos havia falta de pão. A miséria se estendeu, desoladora...
       O pobre rapaz, então, buscou um homem daquele país, contou-lhe sua desgraça e pediu-lhe a esmola de um emprego qualquer, mesmo que fosse o pior servi­ço. E o homem desconhecido o enviou para seus cam­pos a fim de guardar porcos. Os porcos se alimen­tavam de alfarrobas, que são frutos de uma árvore chamada alfarrobeira; mas, nem mesmo desses fru­tos davam ao pobre moço. Os porcos se alimenta­vam melhor do que ele!
Foi então que o moço começou a pensar no que havia feito com seu bondoso pai, tão amigo, tão com­preensivo, tão carinhoso... Refletiu muito... Como fora mau e ingrato para com seu paizinho! Como fora também ingrato para com Deus, desrespeitando o Seu Mandamento, que manda honrar os pais ter­renos... Sofrendo a conseqüência de seu pecado, o pobre rapaz arrependeu-se sinceramente de sua in­gratidão e de seus dias vividos no erro e no vício...
E pensou, então, entre lágrimas:
— Na casa de meu pai há muitos trabalhadores e todos vivem felizes pelo trabalho honesto. Vivem com abundância de pão e tranqüilidade... E eu, aqui, morrendo de fome!... Não, não continuarei aqui. Voltarei para minha casa, procurarei meu pai e lhe direi: “Meu pai, pequei contra o Céu e perante ti; não sou mais digno de ser chamado teu filho. Quero ser um simples empregado de tua casa ...
E o moço, como pensou, assim fez.
Abandonando o país estrangeiro, regressou àsua pátria e ao seu lar. Foi longa, difícil e triste a volta, pois ele não mais dispunha de dinheiro para as despesas de viagem. Passou muitas necessidades, sofreu fome e frio, dormiu nas estradas e nas flores­tas... Nunca abandonou, porém, a idéia de que vol­tar para casa era seu primeiro dever.
Finalmente, chegou ao seu antigo lar. Antes, porém, de atingir sua casa, seu velho pai o avistou de longe e ficou ainda mais compadecido, ao ver o filho naquele estado de grande miséria. Seu coração pa­terno, que nunca esquecera o filho ingrato, era todo piedoso. O bondoso pai correu, então, ao encontro do moço. E abraçando-o fortemente, beijou-o com imenso carinho.
Nesse momento, com lágrimas nos olhos, o filho disse ao seu pai compassivo:
— Meu pai, pequei contra o Céu e perante ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho. Quero ser um empregado de tua casa...
O  bondoso pai, porém, que nunca deixou de amar seu filho, disse aos empregados da casa:
— Depressa! Tragam a melhor roupa para meu filho, preparem uma refeição para ele. Tragam-lhe calçado novo! Comamos todos juntos e alegremo­-nos, porque este meu filho estava perdido e foi acha­do, estava morto e reviveu!
E todos os servos e empregados da casa atende­ram imediatamente o velho pai e houve imensa ale­gria naquele grande lar.
O  filho mais velho, porém, não estava em casa.
Achava-se trabalhando no campo. Quando voltou e viu aquela grande movimentação no interior da casa e ouviu as belas canções que os músicos acompanha­vam com seus instrumentos, chamou um dos servos e perguntou o que era aquilo.
O  servo respondeu:
— Foi teu irmão que chegou. Teu pai, de tão alegre e feliz, mandou que preparássemos uma ceia e uma festa, porque o jovem voltou são e salvo.
O  filho mais velho, cheio de ciúme, revoltou-se contra a bondade de seu pai e não quis entrar em casa.
Em vão, o velho pai chamou-o. Mas, ele lhe res­pondeu:
— Meu pai, há muitos anos que te sirvo, sem nunca te desobedecer e nunca preparaste uma ceia para mim e meus amigos. Mas, para meu irmão, que gastou teu dinheiro nas orgias, em terra estrangeira, tu lhe preparas uma grande festa...
O bondoso pai, querendo vencer a revolta do filho, desviá-lo do seu ciúme e incliná-lo à bondade e ao perdão, disse-lhe:
— Meu filho, tu estás sempre comigo e tudo que émeu é teu também. Mas, é justo que nos alegremos com a volta de teu irmão, que é também meu filho como tu. Lembra-te de que ele estava perdido e foi achado. Estava morto e reviveu para nosso amor e para nosso lar.

*

Querida criança: certamente você entendeu tudo que o Senhor nos quer ensinar com a Parábola do Filho Pródigo.
Deus é como o Bondoso Pai da história. Deus é bom, supremamente bom e está sempre disposto a receber Seus filhos arrependidos. É preciso, contudo, que o arrependimento seja verdadeiro como o do fi­lho caçula da história.
Percebeu como foi triste para o moço abandonar seu pai e seu lar? Viu como ele sofreu no país estran­geiro, onde nem mesmo teve as alfarrobas que os porcos comiam?
Assim acontece também com as almas que aban­donam os retos caminhos de Deus. Sofrem muito, pois quem se afasta do dever e da virtude conhecerá, mais cedo ou mais tarde, as dores do remorso e as tristezas da vida.
Arrependendo-se sinceramente, no entanto, Deus o escuta e usa de bondade a alma arrependida, como o pai da parábola, que é um símbolo de nosso Pai do Céu.
Que você se conserve no bom caminho, meu fi­lho. Mas se sentir que pecou contra Deus ou contra os homens, arrependa-se com a mesma humildade do filho pródigo. Nunca imite o filho mais velho da história, que era ciumento e orgulhoso e não teve compaixão do próprio irmão arrependido.
Deus é nosso Pai Compassivo e Eternamente Amigo. Não nos ausentemos nunca de Seu Amor. Mas, se errarmos, corramos para Ele, na estrada da oração sincera, com o coração arrependido e disposto a não errar mais. Ele nos ouvirá e virá ao nosso encontro, porque não há ninguém tão bom quanto Deus. Nem há quem nos ame tanto quanto Ele.


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A PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO

A PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO

(Lucas, capítulo 18º, versículos 9 a 14)

Um dia, dois homens subiram as escadarias do Templo de Salomão para fazer suas preces.
Um deles era um fariseu e outro era um publi­cano.
Antes de contar a história desses dois homens, explicaremos alguma coisa a você.
Os fariseus eram homens religiosos, que viviam no tempo de Jesus. Eram muito orguLhosos e se con­sideravam perfeitos por cumprirem as determinações da sua religião. Gostavam de discutir sobre assuntos espirituais. Consideravam suas interpretações como as únicas certas. Eram vaidosos pela antigüidade de sua seita religiosa. Tratavam os partidários das outras crenças com ódio e desprezo. Achavam que “religião” era somente a prática de cerimônias nas suas igrejas (que eram chamadas sinagogas; templo só havia um, o de Salomão, em Jerusalém). Eram, quase sempre, cheios de vícios e erros, mas, fingiam por palavras e atitudes que eram corretos e santos.
Os publicanos eram os cobradores de impostos. No tempo de Jesus, a Palestina pertencia ao Império Romano. Por isso, os judeus pagavam impostos ao Imperador. Os pubLicanos eram, em geral, judeus que exerciam essa profissão: cobravam impostos de seus compatriotas em favor do Império de Roma. Aproveitavam-se, muitas vezes, da sua função para impor multas desonestas, roubando o povo. Por isso, eram geralmente odiados e tidos como ladrões.

*

Voltemos, agora, à nossa história.
Um fariseu e um publicano subiram ao Templo para orar.
O fariseu fazia sua oração, dizendo:
— Ó meu Deus, eu Te agradeço muito, porque não sou semelhante aos outros homens, que são la­drões e injustos. Agradeço-te porque não sou como este publicano indigno que está ali adiante... Ó Se­nhor, todas as segundas e quintas-feiras eu jejuo, recordando a subida de Moisés ao Monte Sinai e sua descida com as Tábulas da Lei. Dou o dizimo(*) de tudo quanto ganho nos meus negócios...
O publicano estava a alguma distância do fari­seu. Não tinha coragem nem de levantar os olhos ao Céu, pois estava profundamente arrependido dos fur­tos que cometia ao cobrar os impostos. Também ora­va, mas, sua prece era muito diferente da oração do fariseu orgulhoso.
Dizia o publicano na sua prece: — Ó Deus, tem misericórdia de mim, que sou um miserável pecador!

*

Que foi que aconteceu depois dessas duas ora­ções?
Preste atenção, filhinho: Deus ouve todas as pre­ces que nós Lhe fazemos. Mas, nem a todas Ele responde. A prece do, fariseu era uma declaração de orgulho; nem merecia ser chamada prece. Deus não atende aos orgulhosos.
A oração do publicano é o grito de uma alma arrependida de seus pecados. E é justamente isso que Deus deseja: que nós reconheçamos nossos erros e nos emendemos, buscando o caminho do bem. Por isso (é Jesus quem diz no Evangelho), Deus atendeu à oração do publicano e o justificou, isto é, deu-lhe novas forças para que ele se corrigisse e caminhasse honestamente na vida.
Encerrando a Parábola, disse Jesus: “Todo a­quele que se exalta (isto é, que se torna orgulhoso) será humilhado; mas, o que se humilha, será exal­tado”.

*

Entendeu bem, meu filho, o significado espiri­tual da Parábola do Fariseu e do Publicano?
O fariseu não teve sua oração atendida por Deus por causa do orgulho e dureza de coração. Em lugar de suplicar as benções de Deus para sua alma, ele, cheio de orgulho, desprezou os outros, considerando-se muito digno. Demonstrou ignorar a Sabedoria de Deus, pois apresentou ao Pai Celestial uma lista das coisas que fazia, como se Deus não soubesse de tudo que acontece.
O publicano, ao contrário, foi humilde e sincero. Reconheceu, diante de Deus, que era um pecador e pediu perdão de suas faltas e culpas. Por isso, foi ouvido por Deus, que Lhe deu novas forças espiri­tuais.
Que você, filhinho, nunca proceda como o fari­seu da Parábola. Nunca se considere superior aos seus companheiros. Não se julgue melhor que seus irmãozinhos, nem mais inteligente que seus colegas. Nunca pense que você é mais puro ou mais digno que seus companheiros da Escola de Evangelho. Nunca fale de suas vitórias, nem de valores que você julgue possuir: o fariseu é que fez isso.
Não pense também nas boas coisas que você já realizou. Pense no bem que você ainda pode e deve fazer. Para que você nunca se orgulhe de nada que sabe ou possui, olhe o exemplo dos Grandes Missio­nários de Deus que passaram pelo mundo. Veja como a sua vida é pobrezinha em comparação com a deles. Não fique desanimado com isso. Você deve imitá-los, mas não se considere justo nem perfeito ainda.
Convém, que você, diante de Deus, com a humil­dade do publicano, conte ao Pai do Céu, com toda a sinceridade, suas faltas, seus defeitos e seus pecados. Faça tudo isso em oração. Honestamente e sincera-mente. E Deus olhará para você com o mesmo amor com que abençoou o publicano. Dará a você novas forças, novos pensamentos, novas bênçãos. E você há de ser uma criança realmente bondosa, sincera, humilde, obediente — uma alma verdadeiramente cristã!
(*) Dízimo — quer dizer “a décima parte”. Era a contri­buição da décima parte das colheitas ou rendimentos, que os judeus pagavam.
(Lucas, capítulo 18º, versículos 9 a 14)

Um dia, dois homens subiram as escadarias do Templo de Salomão para fazer suas preces.
Um deles era um fariseu e outro era um publi­cano.
Antes de contar a história desses dois homens, explicaremos alguma coisa a você.
Os fariseus eram homens religiosos, que viviam no tempo de Jesus. Eram muito orguLhosos e se con­sideravam perfeitos por cumprirem as determinações da sua religião. Gostavam de discutir sobre assuntos espirituais. Consideravam suas interpretações como as únicas certas. Eram vaidosos pela antigüidade de sua seita religiosa. Tratavam os partidários das outras crenças com ódio e desprezo. Achavam que “religião” era somente a prática de cerimônias nas suas igrejas (que eram chamadas sinagogas; templo só havia um, o de Salomão, em Jerusalém). Eram, quase sempre, cheios de vícios e erros, mas, fingiam por palavras e atitudes que eram corretos e santos.
Os publicanos eram os cobradores de impostos. No tempo de Jesus, a Palestina pertencia ao Império Romano. Por isso, os judeus pagavam impostos ao Imperador. Os pubLicanos eram, em geral, judeus que exerciam essa profissão: cobravam impostos de seus compatriotas em favor do Império de Roma. Aproveitavam-se, muitas vezes, da sua função para impor multas desonestas, roubando o povo. Por isso, eram geralmente odiados e tidos como ladrões.

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Voltemos, agora, à nossa história.
Um fariseu e um publicano subiram ao Templo para orar.
O fariseu fazia sua oração, dizendo:
— Ó meu Deus, eu Te agradeço muito, porque não sou semelhante aos outros homens, que são la­drões e injustos. Agradeço-te porque não sou como este publicano indigno que está ali adiante... Ó Se­nhor, todas as segundas e quintas-feiras eu jejuo, recordando a subida de Moisés ao Monte Sinai e sua descida com as Tábulas da Lei. Dou o dizimo(*) de tudo quanto ganho nos meus negócios...
O publicano estava a alguma distância do fari­seu. Não tinha coragem nem de levantar os olhos ao Céu, pois estava profundamente arrependido dos fur­tos que cometia ao cobrar os impostos. Também ora­va, mas, sua prece era muito diferente da oração do fariseu orgulhoso.
Dizia o publicano na sua prece: — Ó Deus, tem misericórdia de mim, que sou um miserável pecador!


Que foi que aconteceu depois dessas duas ora­ções?
Preste atenção, filhinho: Deus ouve todas as pre­ces que nós Lhe fazemos. Mas, nem a todas Ele responde. A prece do, fariseu era uma declaração de orgulho; nem merecia ser chamada prece. Deus não atende aos orgulhosos.
A oração do publicano é o grito de uma alma arrependida de seus pecados. E é justamente isso que Deus deseja: que nós reconheçamos nossos erros e nos emendemos, buscando o caminho do bem. Por isso (é Jesus quem diz no Evangelho), Deus atendeu à oração do publicano e o justificou, isto é, deu-lhe novas forças para que ele se corrigisse e caminhasse honestamente na vida.
Encerrando a Parábola, disse Jesus: “Todo a­quele que se exalta (isto é, que se torna orgulhoso) será humilhado; mas, o que se humilha, será exal­tado”.

*

Entendeu bem, meu filho, o significado espiri­tual da Parábola do Fariseu e do Publicano?
O fariseu não teve sua oração atendida por Deus por causa do orgulho e dureza de coração. Em lugar de suplicar as benções de Deus para sua alma, ele, cheio de orgulho, desprezou os outros, considerando-se muito digno. Demonstrou ignorar a Sabedoria de Deus, pois apresentou ao Pai Celestial uma lista das coisas que fazia, como se Deus não soubesse de tudo que acontece.
O publicano, ao contrário, foi humilde e sincero. Reconheceu, diante de Deus, que era um pecador e pediu perdão de suas faltas e culpas. Por isso, foi ouvido por Deus, que Lhe deu novas forças espiri­tuais.
Que você, filhinho, nunca proceda como o fari­seu da Parábola. Nunca se considere superior aos seus companheiros. Não se julgue melhor que seus irmãozinhos, nem mais inteligente que seus colegas. Nunca pense que você é mais puro ou mais digno que seus companheiros da Escola de Evangelho. Nunca fale de suas vitórias, nem de valores que você julgue possuir: o fariseu é que fez isso.
Não pense também nas boas coisas que você já realizou. Pense no bem que você ainda pode e deve fazer. Para que você nunca se orgulhe de nada que sabe ou possui, olhe o exemplo dos Grandes Missio­nários de Deus que passaram pelo mundo. Veja como a sua vida é pobrezinha em comparação com a deles. Não fique desanimado com isso. Você deve imitá-los, mas não se considere justo nem perfeito ainda.
Convém, que você, diante de Deus, com a humil­dade do publicano, conte ao Pai do Céu, com toda a sinceridade, suas faltas, seus defeitos e seus pecados. Faça tudo isso em oração. Honestamente e sincera-mente. E Deus olhará para você com o mesmo amor com que abençoou o publicano. Dará a você novas forças, novos pensamentos, novas bênçãos. E você há de ser uma criança realmente bondosa, sincera, humilde, obediente — uma alma verdadeiramente cristã!

(*) Dízimo — quer dizer “a décima parte”. Era a contri­buição da décima parte das colheitas ou rendimentos, que os judeus pagavam.

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